A construção do “eu” professora de Libras
DOI:
https://doi.org/10.5902/2447115163201Keywords:
Ensino de Libras. Difusão de Libras. Conhecimentos sobre a Comunidade Surda. Extensão.Abstract
A descoberta de uma identidade profissional é uma experiência muito singular na vida de qualquer pessoa. Por vezes, é um processo que se inicia despretensioso, vai se fortalecendo com alguns episódios e culmina com uma constatação marcante. Assim se deu a construção da identidade “professora de Libras” na autora do presente relato. Seu ingresso em um projeto de extensão focado na difusão de Libras e a experiência de lecionar esta língua para duas turmas de alunos iniciantes definiram a certeza da identificação com esta atividade. E mais ainda: a convicção de como Língua Brasileira de Sinais precisa ser mais amplamente divulgada.
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“O trabalho mais difícil é descobrir sua verdadeira paixão. Depois, deixará de ser trabalho.” Rodrigo Chung, em Tua Carreira (2020)
Segundo o censo de 2013 (IBGE, 2015), no Brasil, cerca de 2,2 milhões de pessoas (1,1% da população) possuíam deficiência auditiva.
“...o Bilinguismo visa à exposição da criança surda à língua de sinais o mais precocemente possível, pois esta aquisição propiciará ao surdo um desenvolvimento rico e pleno de linguagem e, consequentemente um desenvolvimento integral.” (Lacerda & Mantelatto, 2000. p. 21-41.)
“A língua de sinais é uma das principais marcas da identidade de um povo surdo, pois é uma das peculiaridades da cultura surda, é uma forma de comunicação que capta as experiências visuais do sujeito surdo, e que vai levar o surdo a transmitir e proporcionar a aquisição de conhecimento universal.” (Strobel, 2008. P. 53.)
Sacks (2010) defende que os surdos têm mais facilidade e maior precisão em se comunicar pela língua de sinais porque é por esse meio que o cérebro deles se adapta, e se são forçados a falar nunca conseguirão uma linguagem eficiente, tornando-os assim duplamente deficientes. Sem linguagem não somos seres humanos completos e, por isso, é inútil ir contra a natureza, sendo melhor aceita-la. Quando os surdos são obrigados a falar, algo que não lhes é natural, não exposto suficientemente à linguagem na qual melhor se manifestariam, eles terminam condenados ao isolamento e à incapacidade de formar sua identidade cultural (SACKS, 2010).
Um psiquiatra surdo norueguês Terje Basilier, citado por Brito (1993), diz a seguinte frase: [...] quando eu aceito a língua de outra pessoa, eu aceitei a pessoa [...]. Quando eu rejeito a língua, eu rejeitei a pessoa, porque a língua é parte de nós mesmos [...] Quando eu aceito a língua de sinais, eu aceito o surdo, e é importante ter sempre em mente que o surdo tem o direito de ser surdo. (FERREIRA BRITO, 1993 apud WITKOSKI,2009).
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