A construção do “eu” professora de Libras

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2447115163201

Palavras-chave:

Ensino de Libras. Difusão de Libras. Conhecimentos sobre a Comunidade Surda. Extensão.

Resumo

A descoberta de uma identidade profissional é uma experiência muito singular na vida de qualquer pessoa. Por vezes, é um processo que se inicia despretensioso, vai se fortalecendo com alguns episódios e culmina com uma constatação marcante. Assim se deu a construção da identidade “professora de Libras” na autora do presente relato. Seu ingresso em um projeto de extensão focado na difusão de Libras e a experiência de lecionar esta língua para duas turmas de alunos iniciantes definiram a certeza da identificação com esta atividade. E mais ainda: a convicção de como Língua Brasileira de Sinais precisa ser mais amplamente divulgada.

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Biografia do Autor

Geisiele Cavalcante de Sousa, Universidade Federal do Ceará - UFC

Discente do Curso de Letras-Libras na Universidade Federal do Ceará. Discente do Curso de Letras-Libras na Universidade Federal do Ceará e bolsista, desde 2020, do Projeto de Extensão Clube de Libras UFC, no qual desenvolve pesquisas relacionadas à Libras e lidera clubes de aprendizado da Língua Brasileira de Sinais.

Marilene Calderaro da Silva Munguba, Universidade Federal do Ceará - UFC

Graduada em Terapia Ocupacional (1981) e Fisioterapia (1979), ambos pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR. Especialista em Psicomotricidade (1992) e em Nutrição e Dietoterapia (1998). Especialista em Docência de Libras e Proficiente na Libras pela Universidade Tuiuti do Paraná (2012). Mestre em Educação Especial pela Universidade Estadual do Ceará - UECE (2002). Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN (2008). Estágio de Pós-Doutorado no Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos / METUIA, na área de Terapia Ocupacional Social (2012-2013). Professora Adjunta A/DE da Universidade Federal do Ceará - UFC, lotada no Centro de Humanidades, no Departamento de Letras Libras e Estudos Surdos - DELLES (2018). Líder do Grupo de Pesquisa Educação para as diferenças e os estudos surdos na perspectiva interdisciplinar - EDESPI / UFC e Coordenadora do Grupo de Estudos Educação para as diferenças e os estudos surdos na perspectiva interdisciplinar - EDESPI / UFC. Trajetória profissional com ênfase nos temas: Estudos Surdos, Educação - Especial e Inclusiva, Desenvolvimento de Jogos Educacionais Digitais e Analógicos, Videogame, Saúde Coletiva, Terapia Ocupacional Social, Aprendizagem, Formação Docente voltada para a Inclusão Educacional.

Keren Rachel Santos Clark, Universidade Federal do Ceará - UFC

Administradora, Especialista em Gestão Universitária (UFC) e Mestre em Administração e Controladoria (UFC), com experiência em soluções on-line para gestão de processos. No âmbito do Programa Núcleo Rondon na UFC, tem se dedicado em palestrar para adolescentes e jovens sobre formação pessoal e planejamento de carreira. É também Coordenadora do Projeto de Extensão Clube de Libras UFC, o qual visa difundir o conhecimento e a prática da Língua Brasileira de Sinais (Libras); e gestora voluntária dos sites Fala Sapiens (falasapiens.com) e Find Sapiens (findsapiens.com), os quais abordam temáticas variadas de amplo interesse.

Referências

“O trabalho mais difícil é descobrir sua verdadeira paixão. Depois, deixará de ser trabalho.” Rodrigo Chung, em Tua Carreira (2020)

Segundo o censo de 2013 (IBGE, 2015), no Brasil, cerca de 2,2 milhões de pessoas (1,1% da população) possuíam deficiência auditiva.

“...o Bilinguismo visa à exposição da criança surda à língua de sinais o mais precocemente possível, pois esta aquisição propiciará ao surdo um desenvolvimento rico e pleno de linguagem e, consequentemente um desenvolvimento integral.” (Lacerda & Mantelatto, 2000. p. 21-41.)

“A língua de sinais é uma das principais marcas da identidade de um povo surdo, pois é uma das peculiaridades da cultura surda, é uma forma de comunicação que capta as experiências visuais do sujeito surdo, e que vai levar o surdo a transmitir e proporcionar a aquisição de conhecimento universal.” (Strobel, 2008. P. 53.)

Sacks (2010) defende que os surdos têm mais facilidade e maior precisão em se comunicar pela língua de sinais porque é por esse meio que o cérebro deles se adapta, e se são forçados a falar nunca conseguirão uma linguagem eficiente, tornando-os assim duplamente deficientes. Sem linguagem não somos seres humanos completos e, por isso, é inútil ir contra a natureza, sendo melhor aceita-la. Quando os surdos são obrigados a falar, algo que não lhes é natural, não exposto suficientemente à linguagem na qual melhor se manifestariam, eles terminam condenados ao isolamento e à incapacidade de formar sua identidade cultural (SACKS, 2010).

Um psiquiatra surdo norueguês Terje Basilier, citado por Brito (1993), diz a seguinte frase: [...] quando eu aceito a língua de outra pessoa, eu aceitei a pessoa [...]. Quando eu rejeito a língua, eu rejeitei a pessoa, porque a língua é parte de nós mesmos [...] Quando eu aceito a língua de sinais, eu aceito o surdo, e é importante ter sempre em mente que o surdo tem o direito de ser surdo. (FERREIRA BRITO, 1993 apud WITKOSKI,2009).

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SACKS, O. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

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TUA CARREIRA. 73 frases de trabalho para as mais diversas ocasiões. Atualizado em 8 abr. 2020. Disponível em: <https://www.tuacarreira.com/frases-de-trabalho/>. Acesso em: 22 nov. 2020.

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Publicado

2021-06-23 — Atualizado em 2022-02-23

Versões

Como Citar

Sousa, G. C. de, Munguba, M. C. da S., & Clark, K. R. S. (2022). A construção do “eu” professora de Libras. Experiência. Revista Científica De Extensão, 7(1), 90–99. https://doi.org/10.5902/2447115163201 (Original work published 23º de junho de 2021)

Edição

Seção

Relatos de experiência