Composição química do solo em diferentes condições ambientais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509828995

Palavras-chave:

Atributos químicos, Restauração ecológica, Vegetação nativa, Sistema produtivo

Resumo

A sustentabilidade ou a degradação de um ambiente podem ser estimadas, entre outros, pela avaliação e monitoramento de atributos do solo, os quais podem evidenciar alterações relacionadas ao uso e manejo ao longo do tempo. Compreender alterações decorrentes de manejo, empregados em diferentes sistemas, pode auxiliar no entendimento dos processos que preconizam a ecologia da restauração. Assim, avaliou-se a qualidade do solo com base em seus atributos químicos em diferentes usos, sendo cinco áreas em processo de restauração ecológica (REC1 a REC5), uma área de vegetação nativa (MATA) e uma de cultivo de cana-de-açúcar (CN), todas localizadas em uma propriedade rural particular no município de Rio Brilhante, MS, Brasil, em uma área de transição entre os Biomas Cerrado-Mata Atlântica. Os atributos químicos avaliados foram: matéria orgânica (MO), pH, capacidade de trocas catiônicas (CTC), soma de bases (SB), potássio (K), fósforo (P), magnésio (Mg), cálcio (Ca), saturação por base (V%) e acidez potencial (H+Al). Os dados foram submetidos à análise multivariada, incluindo a análise de componentes principais (PCA) e análise de agrupamento. A PCA indicou que, dentre as áreas estudadas, a área em restauração ecológica 1 (REC1) apresentou relação negativa com os atributos químicos do solo (exceto com a acidez potencial na camada superficial) e demonstrou maior similaridade com a área de cultivo de cana-de-açúcar. Em contrapartida, a área em restauração ecológica 3 (REC3) apresentou a melhor qualidade química do solo e maior similaridade com área de vegetação nativa, evidenciando, dessa forma, que o desenvolvimento da cobertura vegetal e a ausência de mecanização foram importantes para promover a melhoria da qualidade do solo. Os dados obtidos sugerem que as novas formas de manejo nas áreas em restauração implicam em diferentes níveis de qualidade do sistema solo, tendendo ao aumento da estabilidade e integridade biológica, alterações estas que fazem parte dos processos ecológicos comuns a ecossistemas preservados.

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Biografia do Autor

Elaine Novak, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Glória de Dourados, MS

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2006). Especialização em Gestão Ambiental pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná/UAB/PTI (2010). Especialização em Educação Especial pela Univale (2011). Especialização em Ensino de ciências pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná/UAB/PTI. Mestrado em Recursos Naturais pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (2014). Doutorado em Recursos Naturais pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (2017).

Laércio Alves Carvalho, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Dourados, MS

Possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal da Bahia (2000), mestrado em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas) pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (2003), doutorado em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas) pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (2006) e Pós-doutorado pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2010). Atualmente é professor efetivo do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, docente permanente dos Programas de Mestrado/Doutorado em Agronomia e do Mestrado/Doutorado em Recursos Naturais da mesma Instituição. Tem experiência na área de Agronomia e Meio Ambiente, com ênfase Solos, atuando principalmente nos seguintes temas: manejo e conservação do solo em áreas de cana-de-açúcar, água no solo, geoestatística aplicada a sustentabilidade ambiental.

Etenaldo Felipe Santiago, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Dourados, MS

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP Campus de Rio Claro-SP (1993), mestrado em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal) - Departamento de Botânica (1997) e doutorado em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP Campus de Rio Claro-SP (2002). Atualmente é professor titular da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS - Dourados-MS, orientador no Mestrado e Doutorado no Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais-PGRN. Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Ecofisiologia Vegetal, atuando principalmente nos seguintes temas: respostas de plantas ao estresse, essências nativas, germinação, morfologia, e desenvolvimento inicial de sementes e plântulas, reposição de cobertura vegetal

Fabiane Silva Ferreira, Pesquisadora Autônoma, Dourados, MS

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (2013), mestrado (2016) e cursando doutorado no Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais na Universidade Estadual de Mato Grosso de Sul (UEMS). 

Marina Rodrigues Maestre, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Dourados, MS

Possui graduação em Estatística pela Universidade Estadual de Maringá (2004), mestrado em Agronomia (Estatística e Experimentação Agronômica) pela Universidade de São Paulo (2008) e doutorado em Ciências (Estatística e Experimentação Agronômica) pela Universidade de São Paulo (2014). Atualmente é professora efetiva da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

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Publicado

06-09-2021

Como Citar

Novak, E., Carvalho, L. A., Santiago, E. F., Ferreira, F. S., & Maestre, M. R. (2021). Composição química do solo em diferentes condições ambientais. Ciência Florestal, 31(3), 1063–1085. https://doi.org/10.5902/1980509828995

Edição

Seção

Artigos