CARACTERIZAÇÃO DE NÚCLEOS ESPONTÂNEOS DE <i>Clidemia urceolata</i> DC. EM ÁREAS PERTURBADAS DA MATA ATLÂNTICA

Autores

  • Cristiana do Couto Miranda
  • Ricardo Valcarcel
  • Pablo Hugo Alves Figueiredo
  • Felipe Araújo Mateus
  • Cristiane Roppa
  • André Felippe Nunes-Freitas

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509817477

Palavras-chave:

pastagens abandonadas, espécie facilitadora, restauração florestal.

Resumo

http://dx.doi.org/10.5902/1980509817477

A Clidemia urceolata DC. é uma espécie pioneira da família Melastomataceae, que coloniza espontaneamente pastagens abandonadas. Ela forma núcleos de tamanhos variados, onde podem ser observadas outras espécies de grupo sucessional mais avançado, podendo constituir uma espécie facilitadora. O presente estudo objetivou quantificar e caracterizar os núcleos na bacia hidrográfica do rio Barra Mansa - RJ (6.839 ha) (22o32’40’’ 22º 40’60’’S e 44o12’ 44º06’20’’W), tributário do rio Paraíba do Sul. Eles foram georreferenciados e caracterizados quanto ao porte dos indivíduos de Clidemia urceolata (baixo: H < 0,60 m; médio: 0,60 < H < 1,20 m; e alto: H ≥ 1,20 m), adensamento (esparso, médio e adensado), área do núcleo (pequeno: ≤ 500 m2; médio: 500 a 2000 m2; e grande: ≥ 2000 m2) e estágio de desenvolvimento (inicial, intermediário e avançado). Foram identificados 26 núcleos, totalizando 7,9 ha. Desses, houve predomínio de núcleos com indivíduos de porte médio (76,92%), pouco adensado (42,31%), tamanho grande (42,31%) e estágio intermediário de desenvolvimento (46,16%), evidenciando que se encontram em formação, e que a estratégia de colonização, reprodução e dispersão da Clidemia urceolata pode contribuir para dinamizar a sucessão ecológica, podendo atuar como agente espontâneo de restauração florestal das áreas perturbadas.

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Publicado

29-03-2015

Como Citar

Miranda, C. do C., Valcarcel, R., Figueiredo, P. H. A., Mateus, F. A., Roppa, C., & Nunes-Freitas, A. F. (2015). CARACTERIZAÇÃO DE NÚCLEOS ESPONTÂNEOS DE <i>Clidemia urceolata</i> DC. EM ÁREAS PERTURBADAS DA MATA ATLÂNTICA. Ciência Florestal, 25(1), 199–209. https://doi.org/10.5902/1980509817477

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