TOLERÂNCIA DE PLÂNTULAS DE <i>Cedrela fissilis</i> VELL. A DIFERENTES AMPLITUDES E INTENSIDADES DE INUNDAÇÃO

Autores

  • Beatris Binotto
  • Ana Paula Antoniazzi
  • Graciele Marta Neumann
  • Tanise Luisa Sausen
  • Jean Carlos Budke

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509825153

Palavras-chave:

alocação de biomassa, floresta ribeirinha, mudas florestais, regime hidrológico

Resumo

A presença de água no solo, tanto em regime temporário quanto permanente, exige diferentes estratégias adaptativas das espécies vegetais que ocupam estas áreas. Neste sentido, investigamos as respostas morfológicas e de alocação de biomassa em plântulas de Cedrela fissilis Vell. (Meliaceae) submetidas a diferentes amplitudes e intensidades de inundação. Plântulas de Cedrela fissilis foram submetidas a duas intensidades de inundação (submersão ao nível de coleto e total) em três diferentes amplitudes (cinco, 15 e 20 dias) e após 30, 60 e 90 dias de recuperação da condição de inundação foram realizadas avaliações da altura da parte aérea, número de folhas, diâmetro do colo e índices de clorofila a, b e, total. Após 90 dias de recuperação, a altura total, diâmetro da raiz, comprimento da raiz, biomassa total, área foliar e o crescimento das raízes foram avaliados. Plântulas não inundadas constituíram um grupo controle. As plântulas submetidas à inundação total não sobreviveram. Por outro lado, as plântulas sob inundação parcial recuperaram a taxa de crescimento ao longo dos 90 dias de recuperação da inundação. Não foram observadas diferenças nas variáveis de crescimento e alocação de biomassa em relação às plântulas-controle. Todavia, observou-se que durante o período de recuperação, as plântulas submetidas a 20 dias de inundação parcial apresentaram maior taxa de abscisão foliar acompanhado por um aumento nos índices de clorofila a e b. Os resultados indicaram que esta espécie apresenta tolerância à intensidade de inundação parcial, devendo ser cuidadosamente selecionada quanto às áreas de plantio.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANTONIAZZI, A. P. et al. Eficiência de recipientes no desenvolvimento de mudas de Cedrela fissilis Vell. (Meliaceae). Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 11, p. 313-317, 2013.

ARRUDA, G. M. T.; CALBO, M. E. R. Efeitos da inundação no crescimento, trocas gasosas e porosidade radicular da carnaúba (Copernicia prunifera (Mill.) H. E. Moore). Acta Botanica Brasilica, Porto Alegre, v. 18, p. 219-224, 2004.

BUDKE, J. C. et al. Tree community features of two stands of riverine forest under different flooding regimes in Southern Brazil. Flora, London, v. 203, p. 162-174, 2008.

BUDKE, J. C. et al. Florestas ribeirinhas e inundações: de contínuos espaciais a gradientes temporais. In: SANTOS, J. E.; ZANIN, E. M.; MOSCHINI, L.E. (Orgs.). Faces da polissemia da paisagem: ecologia, planejamento e percepção. São Carlos: Rima, 2010. v. 3. p. 201-218.

CALBO, M. E. R. et al. Crescimento, condutância estomática, fotossíntese e porosidade do buriti sob inundação. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, Londrina, v. 10, p. 51-58, 1998.

DREYER, E. Compared sensitivity of seedlings from 3 woody species (Quercus rubra L. and Fagus silvatica L.) to waterlogging and associated root hypoxia: effects on water relations and photosynthesis. Annals of Forest Science, Paris, v. 51, p. 417-429, 1994.

DURIGAN, G.; NOGUEIRA, J. C. B. Recomposição de matas ciliares. São Paulo: Instituto Florestal, 1990.

FERREIRA, N. J. et al. Crescimento inicial de Piptadenia gonoacantha (Leguminosae, Mimosoideae) sob inundação em diferentes níveis de luminosidade. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 24, p. 561-566, 2001.

FERREIRA, T.; RASBAND, W. S. ImageJ 1.46r user guide. U. S. National Institutes of Health, Maryland: Bethesda, 2012.

FONSECA, C. E. L.; RIBEIRO, J. F. Produção de mudas e crescimento inicial de espécies arbóreas. In: RIBEIRO, J. F. (Org.). Cerrado: matas ciliares de galeria. Planaltina: Embrapa, 1998. p. 119-133.

HAMMER, O.; HARPER, D. A. T. PAST version 2.06. 2009. Disponível em: <http://folk.uio.no/ohammer/past>. Acesso em: 20 maio 2011.

JUNK, W. J. et al. The flood pulse concept in river-floodplain systems. Canadian Publication of Fisheries and Aquatic Sciences, Ottawa, v. 106, p. 110-127, 1989.

KOLB, R. M. et al. Anatomia ecológica de Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B. Sm. & Downs (Euphorbiaceae) submetida ao alagamento. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 21, n. 3, p. 305-312, 1998.

KOSLOWSKI, T. T. Physiological-ecological impacts of flooding on riparian forest ecosystems. Wetlands, New York, v. 22, p. 550-561, 2002.

LIAO, C. T ; LIN, C. H. Photosynthetic responses of grafted bitter melon seedlings to flood stress. Environmental and Experimental Botany, New York, v. 36, p. 167-172, 1996.

LOBO, P. C.; JOLY, C. A. Tolerance to hypoxia and anoxia in neotropical tree species. In: SCARANO, F. R.; FRANCO, A. C. (Eds.). Ecophysiological strategies of xerophytic and amphibious plants in the neotropics. Rio de Janeiro: UFRJ, 1998. p. 137-156. (Series Oecologia Brasiliensis, v. 4).

LOBO, P. C.; JOLY, C. A. Mecanismos de tolerância à inundação de plantas de Talauma ovata St. Hil. (Magnoliaceae), uma espécie típica de matas de brejo. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 18, p. 177-184, 1995.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008.

LYTLE, D. A. Disturbance regimes and life history evolution. American Naturalist, Chicago, v. 157, p. 525-536, 2001.

LYTLE, D. A.; POFF, N. L. Adaptation to natural flow regimes. Trends in Ecology and Evolution, Amsterdam, v. 19, p. 94-100, 2004.

MARQUES, M. C. M. et al. Aspectos do metabolismo e da morfologia de Cedrela fissilis Vell. e Anadenanthera colubrina (Vell.) Bren. submetidas a diferentes regimes hídricos. Brazilian Archives of Biology and Technology, Curitiba, v. 39, p. 385-392, 1996.

MEDRI, C. et al. Morfoanatomia de órgãos vegetativos de plantas juvenis de Aegiphila sellowiana Cham. (Lamiaceae) submetidas ao alagamento do substrato. Acta Botanica Brasilica, Porto Alegre, v. 25, p. 445-454, 2011.

MEDRI, M. E. et al. Estudos sobre a tolerância ao alagamento em espécies arbóreas nativas da bacia do rio Tibagi. In: MEDRI, M. E. et al (Eds.). A Bacia do Rio Tibagi. Londrina: Edição dos Editores, 2002. p. 133-172.

MEDRI, M. E. et al. Alterações morfoanatômicas em plantas de Lithraea molleoides (Vell.) Engl. submetidas ao alagamento. Acta Scientiarum: Biological Sciences, Maringá, v. 29, p. 15-22, 2007.

MIELKE, M. S. et al. Leaf gas exchange, chlorophyll fluorecence and growth responses of Genipa americana seedlings to soil flooding. Environmental and Experimental Botany, New York, v. 50, p. 221-231, 2003.

NEIFF, J. J. El régimen de pulsos en ríos y grandes humedales de Sudamérica. In: MALVAREZ, A.I.; KANDUS, P. (Eds.). Tópicos sobre grandes humedales sudamericanos. Montevideo: ORCYT-MAB/UNESCO, 1997. p. 99-149

NILSSON, C.; SVEDMARK, M. Basic principles and ecological consequences of changing water regimes: riparian plant communities. Environmental Management, New York, v. 30, p. 468-480, 2002.

OLIVEIRA-FILHO, A. T. et al. Floristic relationships of seasonally dry forests of eastern South America based on tree species distribution patterns. In: PENNINGTON, R. T.; LEWIS, G. P.; RATTER, J. A. (Eds.). Neotropical Savannas and Dry forests: plant diversity, biogeography and conservation. Boca Raton: CRC Press, 2006. p. 159-192.

PAROLIN, P. Senna reticulata, a pioneer tree from Amazonian várzea floodplains. The Botanical Review, New York, v. 67, p. 239-254, 2001a.

PAROLIN, P. Morphological and physiological adjustments to waterlogging and drought in seedlings of Amazonian floodplain trees. Oecologia, Berlin, v. 128, p. 326-335, 2001b.

PAROLIN, P. Submerged in darkness: adaptations to prolonged submergence by woody species of the Amazonian floodplain. Annals of Botany, London, v. 103, p. 359-376, 2009.

PEZESHKI, S. R. Differences in patterns of photosynthetic responses to hypoxia in flood-tolerant and flood-sensitive tree species. Photosynthetica, Prague, v. 28, p. 423-430, 1993.

PEZESHKI, S. R. et al. The influence of soil oxygen deficiency on alcohol dehydrogenase activity, root porosity, ethylene production and photosynthesis in Spartina patens. Environmental and Experimental Botany, New York, v. 33, p. 65-573, 1993.

PIMENTA, J. A. et al. Adaptations to flooding by tropical trees: morphological and anatomical modifications. Oecologia Brasiliensis, Rio de Janeiro, v. 4, p. 157-176, 1998.

SANTIAGO, E. F.; PAOLI, A. A. S. O aumento em superfície em Adelia membranifolia (Müll. Arg.) Pax & K. Hoffm. e Peltophorum dubium (Spreng.) Taub., em resposta ao estresse por deficiência nutricional e alagamento do substrato. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 26, n. 4, p. 503-513, 2003.

WALKER, K. F. et al. A perspective on dryland river ecosystems. Regulated Rivers: Research and Management, Inglaterra, v. 11, p. 85-104, 1995.

Downloads

Publicado

28-12-2016

Como Citar

Binotto, B., Antoniazzi, A. P., Neumann, G. M., Sausen, T. L., & Budke, J. C. (2016). TOLERÂNCIA DE PLÂNTULAS DE <i>Cedrela fissilis</i> VELL. A DIFERENTES AMPLITUDES E INTENSIDADES DE INUNDAÇÃO. Ciência Florestal, 26(4), 1339–1348. https://doi.org/10.5902/1980509825153

Edição

Seção

Nota Técnica

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)