Capacidade de retenção de água do dossel vegetativo: comparação entre Mata Atlântica e plantação florestal de eucalipto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509816862

Palavras-chave:

Uso do solo, Interceptação, Impacto

Resumo

A Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, reduzida atualmente a menos de 8% de sua cobertura original, necessita de atenção especial para sua melhor conservação. O objetivo do estudo foi comparar a capacidade de retenção de água do dossel vegetativo em uma microbacia coberta por Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica), situada no Parque Estadual da Serra do Mar e outra com cobertura de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis em área próxima ao Parque. O monitoramento foi realizado nos anos de 2008 e 2009 através de pluviômetros e a retenção de água do dossel florestal foi avaliada a partir de regressões lineares entre a precipitação (PR) e a precipitação interna (TR). Os resultados mostraram que com exceção da interceptação na época “seca” que apresentou os menores coeficientes de determinação (R2), sendo de 77% no eucalipto e 82% na Mata Atlântica, as variáveis apresentaram bom ajuste com a precipitação incidente com coeficientes maiores de 90%. A microbacia de Mata Atlântica obteve maior capacidade de retenção de água das copas em relação ao eucalipto, em todo o período de estudo foi observado que precipitações inferiores a 5 mm na Mata Atlântica e 0,78 mm no Eucalipto são totalmente interceptadas pelo dossel florestal e o período úmido apresentou a maior capacidade de retenção de água, provavelmente pela maior regeneração vegetal nesta época, já que no período seco a queda das folhas pode diminuir a retenção.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Juliano Daniel Groppo, Universidade Vale do Rio Doce, Governador Valadares, MG

Engenheiro Ambiental, Dr., Professor da Universidade Vale do Rio Doce.

Luiz Felippe Salemi, Universidade de Brasília, Planaltina, DF

Gestor Ambiental, Dr., Professor da Universidade de Brasília.

Jorge Marcos Moraes, Escola de Engenharia de Piracicaba, Piracicaba, SP

Engenheiro Mecânico, Dr., Professor da Escola de Engenharia de Piracicaba.

Rodrigo Trevisan, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP

Engenheiro Ambiental, MSc., Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo.

Gustavo Bicci Seghesi, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP

Engenheiro Ambiental, MSc., Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo.

Luiz Antônio Martinelli, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP

Engenheiro Agrônomo, Dr., Centro de Energia Nuclear na Agricultura.

Referências

ALVES, L. F. et al. Forest structure and live above ground biomass variation along an elevation gradient of tropical Atlantic moist forest (Brazil). Forest Ecology and Management, Amsterdam,

v. 260, n. 6, p. 679-91, jul. 2010.

ANIDO, N. M. R. Caracterização hidrológica de uma microbacia experimental visando identificar indicadores de monitoramento ambiental. 2002. 69 f. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002.

ARCOVA, F. C. S.; CICCO, V.; ROCHA, P. A. B. Precipitação efetiva e interceptação das chuvas por floresta de Mata Atlântica em uma microbacia experimental em Cunha – São Paulo. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 27, p. 257-262, mar./abr. 2003.

ARCOVA, F. C. S.; LIMA, W. P.; CICCO, V. Balanço hídrico de duas microbacias hidrográficas no Laboratório de Hidrologia Florestal Walter Emmerich, São Paulo. Revista Instituto Florestal, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 39-51, 1998.

ASTON, A. R. Rainfall interception by eight small trees. Journal Hydrology, Amsterdam, v. 42, n. 3/4, p. 383-396, jul. 1979.

AVILA, L. F. et al. Participação da precipitação pluvial em um microbacia hidrográfica ocupada por mata atlântica na Serra da Mantiqueira. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 24, n. 3, p. 583-595, jul./set. 2014.

BRAUMAN, K. A.; FREYBERG, D. L.; DAILY, G. C. Forest structure influences on rainfall partitioning and cloud interception: a comparison of native forest sites in Kona, Hawai’i. Agricultural and Forest Meteorology, New Yorke, v. 150, n. 2, p. 265-275, fev. 2010.

BRUIJNZEEL, L. A. Hydrology of moist tropical forests and effects of conversion: a state of knowledge review. Paris: UNESCO; IHP, 1990. 224 p.

BRUIJNZEEL, L. A.; HAMILTON, L. S. Decision time for cloud forests. Paris: UNESCO; IHP, 2000.

CHANEY, W. R. Sources of water. In: KOSLOWSKI, T. T. (Ed.). Water deficits and plant growth. VI. Woody plant communities. New York: Academic Press, 1981. p. 1-47.

CUARTAS, L. A. et al. Interception water-partitioning dynamics for a pristine rainforest in Central Amazonia: marked differences between normal and dry years. Agricultural and Forest Meteorology, Amsterdam, v. 145, n. 1/2, p. 69-83, jul. 2007.

DE SCHRIJVER, A. et al. The effect of forest type on throughfall deposition and seepage flux: a review. Oecologia, Heidelberg, v. 153, n. 3, p. 663-674, set. 2007.

FREITAS, J. P. O. et al. Distribuição da água de chuva em Mata Atlântica. Revista Ambiente & Água, Taubaté, v. 8, n. 2, p. 100-108, abr. 2013.

FRANKEN, W. et al. Estudo da interceptação da água de chuva em cobertura florestal amazônica do tipo terra firme. Acta Amazônica, Manaus, v. 12, n. 2, p. 327-331, abr./jun. 1992.

GERMER, S. et al. Influence of land-use change on near-surface hydrological processes: Undisturbed forest to pasture. Journal of Hydrology, Amsterdam, v. 380, n. 3/4, p. 473-480, jan. 2010.

GROPPO, J. D. Caracterização hidrológica e dinâmica do nitrogênio em uma microbacia com cobertura florestal (Mata Atlântica), no Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Santa Virgínia.

81 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2010.

JORDAN, C. F. The nutrient balance of amazonian rain forest. Ecology, Brooklyn, v. 63, n. 3, p. 647-654, 1982.

KEIM, R. F.; SKAUGSET, A. E.; WEILER, M. Temporal persistence of spatial patterns in throughfall. Journal of Hydrology, Amsterdam, v. 314, n. 1-4, p. 263-274, nov. 2005.

LACLAU, J. P. et al. Nutrient cycling in a clonal stand of Eucalyptus and adjacent savanna ecosystem in congo.1 Chemical composition rainfall, throughfall and stemflow solutions. Forest Ecology and Management, Oxford, v. 176, n. 1/3, p. 527-577, mar. 2003.

LEOPOLDO, P. R.; FRANKEN, W. K.; VILA NOVA, N. A. Real evapotranspiration and transpiration through a tropical rain forest in central Amazônia as estimated by the water balance method. Forest Ecology and Management, Amsterdam, v. 73, n. 1/3, p. 185-195, may 1995.

LEVIA JUNIOR, D. F.; FORST, E. E. A review and evaluation of stemflow literature in the hydrologic and biogeochemical cycles of forested and agricultural ecosystems. Journal of Hydrology, Amsterdam, v. 274, n. 1/4, p. 1-29, abr. 2003.

LIMA, W. P. Impacto ambiental do eucalipto. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 1996. 301 p.

LIMA, W. P. Interceptação da chuva por povoamentos de eucaliptos e de pinheiros. Revista IPEF, Piracicaba, v. 13, p. 75-90, 1976.

LIMA, W. P.; NICOLIELO, N. Precipitação efetiva e a interceptação em florestas de Pinheiros tropicais e em uma reserva de Cerradão. Revista IPEF, Piracicaba, n. 24, p. 43-46, 1983.

MORAES, J. M. et al. Water storage and runoff processes in plinthic soils under forest and pasture in Eastern Amazonia. Hydrological Processes, Chichester, v. 20, n. 12, p. 2509-2526, jul. 2006.

MOURA, A. E. S. S. et al. Interceptação das chuvas em um fragmento de floresta da Mata Atlântica na Bacia do Prata, Recife, PE. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 33 n. 3, p. 461-469, maio/jun. 2009.

OLIVEIRA JÚNIOR, J. C.; DIAS, H. C. T. Precipitação efetiva em fragmento secundário da mata atlântica. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 29, n. 1, p. 9-15, jan./fev. 2005.

STADTMULLER, T. Cloud forests in the humid tropics: a bibliographic review. Tokyo: The United Nations University, 1987. 81 p.

STAELENS, J. et al. Rainfall partitioning into throughfall, stemflow, and interception within a single beech (Fagus sylvatica L.) canopy: influence of foliation, rain event characteristics, and meteorology. Hydrological Processes, New York, v. 22, n. 1, p. 33-45, maio 2008.

TABARELLI, M.; MANTOVANI, W. A regeneração de uma floresta tropical montana após corte e queima (São Paulo - Brasil). Revista Brasileira de Biologia, São Carlos, v. 59, n. 2, p. 239-250, 1999.

TREVISAN, R. et al. Dinâmica da água em uma microbacia florestal de eucalipto localizada na Serra do Mar no Vale do Paraíba do Sul. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre,

v. 17, n. 4, p. 207-216, out./dez. 2012.

TUCCI, C. E. M.; CLARKE, R. T. Impacto das mudanças da cobertura vegetal no escoamento: revisão. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 135-152, jan./jul. 1997.

VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 1991.

ZIMMERMANN, B.; ELSENBEER, H.; MORAES, J. M. The influence of land-use changes on soil hydraulic properties: implications for runoff generation. Forest Ecology and Management, Amsterdam, v. 222, n. 1-3, p. 29-38, fev. 2006.

Downloads

Publicado

04-04-2019

Como Citar

Groppo, J. D., Salemi, L. F., Moraes, J. M., Trevisan, R., Seghesi, G. B., & Martinelli, L. A. (2019). Capacidade de retenção de água do dossel vegetativo: comparação entre Mata Atlântica e plantação florestal de eucalipto. Ciência Florestal, 29(1), 96–104. https://doi.org/10.5902/1980509816862

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)