Contribuição dos poleiros artificiais na dispersão de sementes e sua aplicação na restauração florestal
DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509814590Palavras-chave:
chuva de sementes, zoocoria, anemocoria, sucessão, regeneração florestal.Resumo
http://dx.doi.org/10.5902/1980509814590
O uso de poleiros artificiais é uma técnica eficiente para a restauração florestal. Os objetivos desse trabalho foram: (1) avaliar o efeito da presença de poleiros artificiais no número de sementes florestais depositadas em coletores; (2) identificar as síndromes de dispersão das sementes, e (3) analisar o efeito da distância da borda da floresta no aporte de sementes. As atividades de campo foram realizadas no município de Iguaba Grande, Rio de Janeiro, Brasil. Foram instalados 70 coletores de sementes (com 0,50 m de diâmetro) distribuídos em transectos distantes paralelamente 5, 15 e 35 m da borda da floresta em área de pasto abandonado e em um transecto de 10 m no interior da floresta. Cada transecto fora do fragmento recebeu dez coletores, instalados sob poleiros artificiais, e dez coletores, instalados sem poleiro. No interior do fragmento foram instalados dez coletores, sem presença de poleiro artificial. Durante três semanas de amostragem foram coletadas 418 sementes, sendo 242 zoocóricas (57,9%) e 176 anemocóricas (42,1%). A média de sementes com presença de poleiro artificial foi de 7,4 (± 3,9) sementes/m2/mês, enquanto na ausência de poleiro artificial, a média foi de foi de 1,7 (± 1,8) sementes/m2/mês, considerando simultaneamente sementes anemocóricas e zoocóricas. Diferentes distâncias da borda da floresta, até 35 m, não influenciaram no aporte de sementes zoocóricas e anemocóricas. A presença de poleiros artificiais levou a um aporte 118 vezes maior de sementes zoocóricas quando comparada aos coletores sem poleiros. Poleiros artificiais podem funcionar como estrutura catalisadora da restauração florestal, com significativo incremento no aporte de sementes zoocóricas.
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