Paisagem e Geoconservação nos Territórios do Pampa Brasil-Uruguai – reflexões para uma política transfronteiriça
DOI:
https://doi.org/10.5902/2179460X55109Palavras-chave:
Pampa Brasil-Uruguai, Geoconservação, PaisagemResumo
A paisagem do Pampa apresenta um enorme desafio ao debate da conservação ambiental, já que os testemunhos dos processos pretéritos têm sido mantidos graças a condicionantes culturais de baixo impacto no tempo presente, sustentando uma complexidade paisagística única, decorrente desta simultaneidade do não contemporâneo. Não é por outro motivo que o Pampa brasileiro representa hoje o bioma com o mais baixo grau de proteção dentro do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, com apenas 3,3% da área total protegida (2,4% em Unidades de uso sustentável e 0,9% em Unidades de proteção integral). À luz das políticas públicas de conservação esta complexidade se amplia, na medida em que concebemos a existência de um único sistema paisagístico submetido a três diferentes marcos jurídicos dentro dos países que compartilham esta paisagem (Brasil, Uruguai e Argentina), o que abre espaço para atividades econômicas de grande escala que têm levado à rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais destes territórios. Neste sentido, discutir alternativas de conservação ligadas ao geopatrimônio do Pampa, não apenas permite pensar a conservação desta paisagem para além do biótico, como também se garante a base de sustentação e proteção de ecossistemas muito antigos e biodiversos, que dependem da garantia das estruturas geológico-geomorfológicas da paisagem para continuarem a existir.Downloads
Referências
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