“Homens cinzentos”: Lendo os contos de Tadeusz Borowski a partir de Primo Levi
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X90205Palavras-chave:
Borowski, Levi, Testemunho, Literatura, CinzentoResumo
O presente artigo promove uma apresentação dos contos do escritor polonês Tadeusz Borowski. Ele era parte da geração nascida nos anos 1920, conhecida como Colombo, formada num espírito humanista que emulava, esperançosamente, uma Polônia que tinha recém reconquistado sua independência. Esse idealismo se choca com a Era dos Campos. Borowski foi um sobrevivente de Auschwitz e seus contos estão inscritos nesse abismo. Neles, o escritor cria um jogo de embaralhamento que mistura suas experiências e as vozes em primeira pessoa dos narradores. Para lê-los, valemo-nos de Primo Levi, também um sobrevivente. Em Os afogados e os sobreviventes, o escritor vê três espécies de testemunhas do Lager: a testemunha “anômala” (os sobreviventes), as testemunhas integrais (da impossibilidade completa) e o historiador-testemunha (os prisioneiros políticos). Tadeusz é um representante dos últimos. Além disso, Levi propõe um lugar de indistinção e destruição do humano, a “zona cinzenta”, onde grassam os homens dos contos.
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