Resistência feminina no conto “A Mãe de um Rio”, de Agustina Bessa-Luís: reflexões sobre memória, ancestralidade e mito
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X88026Palavras-chave:
A Mãe de um rio, Agustina Bessa-Luís, Ancestralidade e memória, Resistência das existências, Resistência como desvioResumo
Este artigo analisa elementos ligados à memória, à ancestralidade e ao mito, presentes no conto A Mãe de Um Rio, enquanto mecanismos de resistências ante a hegemonia de uma ancestralidade mítica masculina, fundada e mantida a partir do monopólio e do controle da memória. À luz desse pressuposto, pensaremos esta categoria a partir do conceito de memória de enquadramento, postulado por Michael Pollak (1989) em seu artigo Memória, Esquecimento e Silêncio, a qual é organizada por dispositivos de controle, objetivando a produção e a manutenção de uma memória coletiva. Sob esse viés, nossa análise gira em torno das estratégias de resistências imanentes ao fazer artístico - problematizadas por Alfredo Bosi (1996), e subsidiadas teoricamente por Walter Benjamin (1987). No que tange ao caráter ético e ao ofício do(a) escritor(a), outra referência fundamental para nossa análise está na correlação entre os conceitos de resistência das existências e resistência como desvio, desenvolvidos, respectivamente, por Augusto Sarmento-Pantoja (2022) e Tânia Sarmento-Pantoja (2022). As análises apontam para a existência de um conjunto de estratégias de resistências no conto, as quais, a partir das ações das personagens, questionam os valores hegemônicos masculinos, destinados a subalternizar às existências femininas.
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