Escrita e experiência do cárcere em Lima Barreto e Graciliano Ramos
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X74693Palavras-chave:
Lima Barreto, Graciliano Ramos, Confinamento, Testemunho, MemóriaResumo
Neste artigo, realizaremos uma confrontação entre O cemitério dos vivos, de Lima Barreto (1881-1922), e Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos (1892-1953). Segundo buscaremos mostrar, os dois títulos se conjugam e se opõem de diferentes maneiras, de modo que sua comparação se faz produtiva. Referentes a diferentes períodos da nossa história, O cemitério dos vivos e as Memórias do cárcere revelam processos de despersonalização, aniquilação e reestruturação do eu; narram o confronto dos escritores com uma determinada instituição disciplinar (prisional e manicomial); e podem ser lidos como testemunhos das experiências vividas no cárcere. Obras de grande força literária, elas resultam ainda de distintos trabalhos da memória e são atravessadas por diferentes forças críticas. Ao nos debruçarmos sobre elas, nos deteremos sobre as problemáticas acima citadas, buscando analisar o trabalho literário realizado por Lima e Graciliano para transmitir um acontecimento-limite refratário à linguagem.
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