O conceito freudiano de pulsão e o estatuto epistemológico da psicanálise: o olhar de Heidegger e de Ricoeur
DOI:
https://doi.org/10.5902/2179378647903Palavras-chave:
Ciência Natural, Hermenêutica, PulsãoResumo
Com esse artigo pretendemos examinar duas posições distintas em relação ao conceito metapsicológico de pulsão e à identidade epistemológica da psicanálise. Ao investigar as bases ontológicas da metapsicologia, o filósofo Martin Heidegger encaixa a psicanálise freudiana no rol das ciências da natureza. Para Heidegger, ao usar o conceito de pulsão para descrever as nossas urgências e ímpetos, Freud estaria usando um constructo teórico carregado de uma objetividade não-humana. Ricoeur, por sua vez, advoga que o conceito de pulsão teria o poder de sintetizar os elementos de força e de sentido presentes na teoria freudiana. Apesar de funcionar como uma força que faz o aparelho psíquico trabalhar, essa força pulsional nunca seria “nua”, desprovida de uma representação psíquica que lhe conferiria sentido. Por isso, o conceito de pulsão afinaria a psicanálise com a hermenêutica. Nosso objetivo consiste em analisar os fundamentos que guiam tais posições.
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