A representação da Ceilândia e dos ceilandenses no cinema de Adirley Queirós

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236672536866

Palavras-chave:

Adirley Queirós, Ceilândia/DF, Ficção-científica, Cinema brasileiro, Identidade e diferença

Resumo

O trabalho analisa a obra de Adirley Queirós, diretor de cinema radicado na Ceilândia. Maior cidade-satélite de Brasília, locação e meta-texto desse conjunto de filmes, a Ceilândia surgiu de um dos processos de remoção da população pobre/não-branca do Plano Piloto para a sua periferia durante a ditadura civil-militar. Essa forma de segregação aplicada no Distrito Federal, que imbrica classe social e racialização, contradisse os princípios de horizontalidade do modernismo que inspirou o projeto de Brasília (Holston, 1993; Gouvêa, 1998), e é abordada no cinema de Queirós a partir do olhar daqueles expelidos desse projeto. O conjunto de filmes abordado transita entre regimes documentais e ficcionais, por vezes problematizando essas fronteiras; simultaneamente referindo a certa realidade social vivenciada pelos sujeitos representados e especulando acerca dos espaços, das diferenças e identidades de Brasília e Ceilândia, esporadicamente exacerbando os efeitos dessa diferenciação através de elementos de ficção-científica. Partindo do paradigma dos Estudos Culturais, o trabalho se centra na construção simbólica da Ceilândia e de seus habitantes no cinema de Queirós, considerando as dimensões formais desses filmes em seu diálogo com o contexto sócio-histórico em que se ambientam

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Biografia do Autor

Carlos Eduardo da Silva Ribeiro, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Res

Doutorando em Comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel); Bacharel em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

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Publicado

2019-10-30

Como Citar

Ribeiro, C. E. da S. (2019). A representação da Ceilândia e dos ceilandenses no cinema de Adirley Queirós. Século XXI – Revista De Ciências Sociais, 9(1), 53–92. https://doi.org/10.5902/2236672536866