“Com açúcar e com afeto”: o trabalho invisibilizado das mulheres costureiras.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236672536061

Palavras-chave:

Costureiras, saberes e fazeres femininos, ofícios e profissões, care, afeto.

Resumo

Diferentes saberes e fazeres como a cura, o partejar, o cozinhar, o bordar e a costura foram reservados às mulheres nos espaços subalternos. Apesar de ter se tornado sinônimo de isolamento feminino, o espaço doméstico foi ao longo dos anos organizado e governado pelas próprias mulheres. Tornando-se, desta forma, um lócus de conhecimento, mesmo que não evidente. Este artigo versa, especificamente, sobre o saber fazer da costura e os aspectos que o fazem invisibilizados no mundo do trabalho. Para tanto, abordamos o processo de regulamentação da profissão de costureira em um diálogo com as narrativas das interlocutoras e as teorias desenvolvidas no âmbito sócio-antropológico dos ofícios e profissões. Dentre os aspectos que sujeitam tal saber fazer ao âmbito informal, observamos que a tarefa intermitente de cuidar é um importante ponto de partida para compreender este universo. Discutimos, igualmente, a forma como os saberes e fazeres, o cuidado, o afeto e as emoções confundem-se com o papel das mulheres no mundo. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Karen Ambrozi Käercher, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Doutoranda em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 

Monalisa Dias de Siqueira, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Pós-Doutoranda, bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (PNPD/CAPES) junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Referências

ABREU, A. R. P. O avesso da moda: trabalho a domicílio na indústria de confecção. São Paulo: Editora Hucitec, 1985.

BARBER, E. W. Women's Work: The First 20,000 Years Women, Cloth, and Society in Early Times. New York: WW Norton & Company, 1995.

BECKER, H. S. Segredos e truques da pesquisa. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

BERNARDINO-COSTA, J. Migração, trabalho doméstico e afeto. Cad. Pagu, nº. 39, pp. 447 - 459, 2012. Disponível em: <https://bit.ly/30LG7Sf > Acesso em: 20 jan. 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332012000200016.

COLEN, S. Like a mother to them: stratified reproduction and West Indian childcare workers and employers in New York. In: GINSBURG, F. D.; RAPP, R. (Org.). Conceiving the new world order: the global politics of reproduction. Berkeley: University of California Press, 1995.

DUBAR, C. A construção de si pela atividade de trabalho: a socialização profissional. Cad. de Pesquisa. São Paulo, Vol. 42, nº. 146, pp. 351-367, 2012.

FEDERICI, S. O calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.

FREIDSON, E. L. Para uma análise comparativa das profissões: a institucionalização do discurso e do conhecimento formais. Rev. Bras. Ci. Soc., São Paulo, Vol. 11, nº. 31, pp. 141-154, 1996.

HIRATA, H.; GUIMARÃES, N. A. (Orgs.). Cuidado e cuidadoras: as várias faces do trabalho do care. São Paulo: Editora Atlas, 2012.

HOCHSCHILD, A. R. La mercantilización de la vida íntima: Apuntes de la casa y el trabajo. Buenos Aires: Katz editores, 2008.

KÄERCHER, K. A. “Feito à mão e com amor”: alinhavos etnográficos acerca de saberes e fazeres de costureiras na cidade de Santa Maria/RS. 2018. 172 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Universidade Federal de Santa Maria: Santa Maria, 2018.

DINIZ, M. Os donos do saber: profissões e monopólios profissionais. Rio de Janeiro: Revan, 2001.

MOLINIER, P. Ética e Trabalho do Care. In: HIRATA, H.; GUIMARÃES, N. A. (Orgs.). Cuidado e Cuidadoras: as várias faces do trabalho do care. São Paulo: Editora Atlas, 2012. p. 29-43.

NEVES, M. A.; PEDROSA, C. M. Gênero, flexibilidade e precarização: o trabalho a domicílio na indústria de confecções. Sociedade e Estado. Brasília, Vol. 22, nº. 1, p. 11-34, 2007.

NUMMER, F. V.; FRANÇA, M. M. C. Entre ofícios e profissões: reflexões antropológicas. Belém: GAPTA/UFPA, 2015.

OLIVEIRA, L. R. C. Pesquisa em versus Pesquisas com seres humanos. In: Víctora, C.; OLIVEN, R. G.; MACIEL, M. E.; ORO, A. P. (Orgs.). Antropologia e Ética: O debate atual no Brasil. Niterói: EdUFF, 2004. pp. 33-44.

PAI, H. An ethnography of global labour migration. Feminist Review, Vol. 77, nº. 1, pp. 129-136, 2004. Disponível em: <https://bit.ly/3aToQvk> Acesso em: 20 jan. 2020. DOI: https://doi.org/10.1057/palgrave.fr.9400178.

PERROT, M. Os excluídos da história: operários, mulheres e prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

PERURENA, F. C. V. Relações entre gênero e representações holistas de saúde–doença. Porto Alegre: Revista Gaúcha de Enfermagem, Vol. 18, nº. 2, pp. 104 -112, 1997.

SAPIEZINSKAS, A. Como se constrói um artesão: negociações de significado e uma “cara nova” para as “coisas da vovó”. Porto Alegre: Horizontes antropológicos, Vol. 18, nº. 38, pp. 133-158, 2012.

SAUTCHUK, C. E.; SANTOS, V.; CORDOVA, D. Z.; STOIEV, F.; MACHADO, J. C. B. Alfaiatarias em Curitiba. Curitiba: Edição dos Autores, 2009.

SOARES, A. As emoções do care. In: HIRATA, H.; GUIMARÃES, N. A. (Orgs.). Cuidado e cuidadoras: as várias faces do trabalho do care. São Paulo: Editora Atlas, 2012. pp. 44-59.

SOLÍS, C. V. Culturas del cuidado en transición: espacios, sujetos e imaginarios en una sociedad de migración. Barcelona: Editorial UOC, 2009.

STRATHERN, M. O efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

TRONTO, J. C. Mulheres e cuidados: o que as feministas podem aprender sobre a moralidade a partir disso?. In: JAGGAR, A. M.; BORDO, S. R. (Orgs.). Gênero, corpo, conhecimento. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997. pp. 186-203.

FILMOGRAFIA

LA BELLE et La Bête. Direção de Jean Cocteau. Les Films André Paulvé, 1946. 2 DVDs. (103 min).

Downloads

Publicado

2020-07-30

Como Citar

Käercher, K. A., & de Siqueira, M. D. (2020). “Com açúcar e com afeto”: o trabalho invisibilizado das mulheres costureiras. Século XXI – Revista De Ciências Sociais, 9(3), 876–901. https://doi.org/10.5902/2236672536061