“Com açúcar e com afeto”: o trabalho invisibilizado das mulheres costureiras.
DOI:
https://doi.org/10.5902/2236672536061Palavras-chave:
Costureiras, saberes e fazeres femininos, ofícios e profissões, care, afeto.Resumo
Diferentes saberes e fazeres como a cura, o partejar, o cozinhar, o bordar e a costura foram reservados às mulheres nos espaços subalternos. Apesar de ter se tornado sinônimo de isolamento feminino, o espaço doméstico foi ao longo dos anos organizado e governado pelas próprias mulheres. Tornando-se, desta forma, um lócus de conhecimento, mesmo que não evidente. Este artigo versa, especificamente, sobre o saber fazer da costura e os aspectos que o fazem invisibilizados no mundo do trabalho. Para tanto, abordamos o processo de regulamentação da profissão de costureira em um diálogo com as narrativas das interlocutoras e as teorias desenvolvidas no âmbito sócio-antropológico dos ofícios e profissões. Dentre os aspectos que sujeitam tal saber fazer ao âmbito informal, observamos que a tarefa intermitente de cuidar é um importante ponto de partida para compreender este universo. Discutimos, igualmente, a forma como os saberes e fazeres, o cuidado, o afeto e as emoções confundem-se com o papel das mulheres no mundo.
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