Branquitude na docência em arte: decolonialidade e antirracismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1983734888289

Palavras-chave:

Branquitude, Docência, Ensino de Artes Visuais, Formação docente, Decolonialidade

Resumo

Este artigo defende a necessidade da discussão sobre branquitude para a formação docente em Arte a partir de uma perspectiva decolonial, premissa que parte dos desdobramentos de uma investigação e de experiências com estudantes de estágio de Licenciatura em Artes Visuais. Para tal defesa, a branquitude é considerada de forma múltipla a partir de Cardoso (2010) e analisada enquanto obediência colonial na docência em Artes Visuais, a partir dos pactos narcísicos da branquitude (Bento, 2022) e do discurso essencialista de lugar de fala (Ribeiro, 2017), que, repetidas vezes, sustentam o silêncio branco de professores e professoras. Junto a discussões de Quijano (2005) e Walsh (2008; 2009), são estabelecidas relações entre docência e decolonialidade, a fim de construir-se um olhar que desconfia da pálida história das artes visuais no Brasil (Santos, 2019). Apresentam-se práticas docentes e artísticas que impulsionam o debate sobre letramento racial, autodeclaração étnico-racial e branquitude. Junto a bell hooks (2020; 2021), e deslocando-se a branquitude como dimensão de análise para a pesquisa em educação, traçam-se caminhos para encarar o conflito racial na docência em Artes Visuais. Na contramão das demandas que reforçam a ideia de superioridade racial, afirma-se que a formação docente inicial é um espaço para exercício da desobediência ao padrão de poder hegemônico e colonial, abrindo caminhos para, assim, nomear a branquitude na docência e inventarem-se modos outros de ser docente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lobna Essabaa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Licenciada em Artes Visuais (UFRGS) e Mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação (UFRGS). Bolsista de Apoio Técnico a Pesquisa (CNPq).  Pesquisadora vinculada ao ARTEVERSA - Grupo de estudo e pesquisa em arte e docência (UFRGS/CNPq).

Luciana Gruppelli Loponte, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutora em Educação, professora titular da Faculdade da Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, líder do ARTEVERSA - Grupo de estudo e pesquisa em arte e docência.

Referências

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

ALVES, Luciana. Significados de ser branco: a brancura no corpo e para além dele. 2010. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

BENTO, Cida. Pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

BOTELHO, Maurilio Lima. Colonialidade e forma da subjetividade moderna: a violência da identificação cultural na América Latina. Rio de Janeiro: Espaço e Cultura, UERJ, 2013.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.

CARDOSO, Lourenço. Branquitude acrítica e crítica: a supremacia racial e o branco anti-racista. Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud, v. 8, n. 1, p. 607-630, jan. / jun. 2010.

ESSABAA, Lobna. Arte, docência e práticas desobedientes em educação: exercícios decoloniais no estágio de licenciatura em Artes Visuais. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2024.

HOOKS, bell. Ensinando comunidade: uma pedagogia da esperança. São Paulo: Elefante, 2021.

HOOKS, bell. Ensinando pensamento crítico: sabedoria prática. São Paulo: Elefante, 2020.

MOMBAÇA, Jota. Não vão nos matar agora. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2021.

MOURA, Eduardo Junio Santos. Des/obediência na de/colonialidade da formação docente em arte na América Latina (Brasil/Colômbia). Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.

NASCIMENTO, Tatiana. A branquitude é um lugar de fala. In: MEDIUM. [S. l.], 21 set. 2019. Disponível em: https://tatiananascivento.medium.com/. Acesso em: 04 dez 2023.

O'GORMAN, Edmundo. A invenção da América. São Paulo: Editora Unesp, 1992.

PEREIRA, Marcos Villela; LOPONTE, Luciana Gruppelli. Formação da sensibilidade na educação básica: gênese e definição das seis dimensões da experiência estética na Base Nacional Comum Curricular Brasileira. In: SILVA, Fabiany de Cássia Tavares; XAVIER FILHA, Constantina (orgs.). Conhecimentos em disputa na Base Nacional Comum Curricular. Campo Grande: Oeste, 2019.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.

RIBEIRO, Djamila. O que é: lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017.

SANTOS, Renata Aparecida Felinto dos. A pálida História das Artes Visuais no Brasil: onde estamos negras e negros? Revista GEARTE, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 341-368, maio/ago. 2019.

SCHUCMAN, Lia Vainer. Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquíssimo”: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. 2012. Tese (Doutorado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

SUZUKI, Clarissa. Retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro: de-colonialidade no ensino das artes visuais. In: 27º. ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS (ANPAP) – PRÁTICAS E CONFRONTAÇÕES, 2019, São Paulo. Anais [...], São Paulo: UNESP, Instituto de Artes, 2019. p. 3131-3143. Disponível em: http://anpap.org.br/anais/2018/. Acesso em: 12 jul. 2024.

WALSH, Catherine. Interculturalidad, pluri nacionalidad y decolonialidad: las insurgencias político-epistémicas de refundar el Estado. Interculturalidad, estado, sociedad: luchas (de)coloniales de nuestra época, n. 9, p. 131-152, 2008.

WALSH, Catherine. Interculturalidade crítica y educación intercultural. In: SEMINARIO “INTERCULTURALIDAD Y EDUCACIÓN INTERCULTURAL”. La Paz, Instituto Internacional de Integración del Convenio Andrés Bello, 2009.

Downloads

Publicado

2024-08-28

Como Citar

Essabaa, L., & Loponte, L. G. (2024). Branquitude na docência em arte: decolonialidade e antirracismo. Revista Digital Do LAV, 17(1), e10/1–20. https://doi.org/10.5902/1983734888289

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)