Deficiência Visual, Arte e Inclusão: reflexões sobre a programação artístico-cultural do I Congresso Internacional do Instituto Benjamin Constant (2022)
DOI:
https://doi.org/10.5902/1983734883773Palavras-chave:
Arte menor, Deficiência visual, I CONIN-IBC, Inclusão menor, MultissensorialidadeResumo
O artigo examinou a programação artístico-cultural do I Congresso Internacional do Instituto Benjamin Constant (I CONIN-IBC), realizado em novembro de 2022, cuja temática foi a deficiência visual. O objetivo foi caracterizar a referida programação, por meio de uma abordagem qualitativa, considerando suas especificidades estéticas e inclusivas, a partir de um diálogo teórico entre os Estudos Culturais e as filosofias da diferença. As divergências e aproximações entre as duas perspectivas possibilitaram uma compreensão mais abrangente das práticas envolvendo arte e inclusão, um fenômeno emergente e complexo. Do ponto de vista teórico-metodológico, também foi considerado o significado simbólico das atividades realizadas em um espaço reconhecido como lócus de produção científica sobre a temática. Os resultados mostraram que a programação artístico-cultural do evento foi inclusiva e multissensorial, configurando-se como uma experimentação deleuziana de arte menor e inclusão menor, que estimulou a produção de novos significados. As atividades propostas também questionaram a supremacia visual, convidando os participantes do congresso a desestabilizarem a hegemonia sensorial dela. Concluiu-se que a inclusão de pessoas cegas e com baixa visão nos processos de criação e fruição artístico-cultural, embora desafiadora, dispara o surgimento de outras possibilidades de arte e sociabilidade.
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