Palavra pintada: o texto não-verbal e sua discursividade estética
DOI:
https://doi.org/10.5902/198373482164Palavras-chave:
Análise do Discurso, Discursividades não-verbais, Interdiscursividade, PolicromiaResumo
Objetivamos desenvolver neste trabalho perspectivas voltadas ao estudo da imagem (obra de arte) em sua materialidade e respectiva linguagem não-verbal, no âmbito da Análise do Discurso de linha francesa. O referencial teórico norteador deste estudo está nas obras de Michel Pêcheux e Mikhail Bakhtin em razão de suas ricas contribuições ao tema abordado e da possibilidade de diálogo entre suas obras. Esta trajetória teóricometodológica nos permite trabalhar com as noções de polifonia, interdiscurso, polissemia e policromia. Ao depararmos com uma imagem e, principalmente, se esta for uma obra de arte, tentaremos “ler” suas cores e traços e depreender deles o sentido. Estaremos buscando uma interpretação, uma apreensão de uma significação para tal imagem. Cada olhar pode trabalhar de forma idiossincrática, portanto diferenciada, ao visualizar palavras e imagens. Todos os elementos que fazem parte da semiose discursiva evidenciados por Van Gogh têm uma recorrência comum: o antagonismo. As cores vibrantes e linhas escuras, céu escuro e paisagem ensolarada (noite ou dia?). A igreja vista do alto ou de frente? Simetria e assimetria fundamentam a tensão do sujeito-esteta frente a sua vida, a si mesmo. Esses paradoxos motivam uma representação perturbadora, onde emoção e razão se confrontam numa relação de ambigüidade, incertezas. Caminho para onde?
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