Fundamentos formativos da Base Nacional Curricular Comum (BNCC): uma análise a partir de Zygmunt Bauman
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984644434978Palabras clave:
Formação Humana, Currículo mínimo nacional, Zygmunt BaumanResumen
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, no diagnóstico do presente construído ao longo de sua obra, analisou a passagem da sociedade de produtores para um modelo de relações sociais pautada pela lógica do consumo. Em tal configuração, o consumo passa a ser o principal crivo que serve de princípio valorativo para as instituições e relações sociais de nosso tempo difundindo elementos como o individualismo, a efemeridade e o custo-benefício para diferentes campos que incluem a educação. A partir dessa premissa, o presente artigo visa discutir os fundamentos formativos presentes na Base Nacional Curricular Curricular (BNCC) para indicar de que modo tais elementos se materializam como projeto educativo no contexto brasileiro. Observou-se que o referido documento, ao pautar-se pelo conceito de competência, oferece segmento aos elementos já presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), ampliando a importância do desenvolvimento de traços individuais atrelados a exigências de um contexto de trabalho em constante modificação. Conclui-se que, nesse contexto, amplia-se a transformação do homem em mercadoria e minimiza-se o lugar do trabalho, que visto enquanto sinônimo de emprego e renda, perde seu espaço enquanto princípio educativo.
Citas
ANDRADE, Maria de Fátima Ramos de; ZECCHIN, Gabriel Bezerra. Sociedade do consumo e o papel da educação. REAe: Revista de Estudos Aplicados em Educação, São Caetano do Sul, v. 2, n. 3, p.75-87, jan./jun.2017.
BAUMAN, Zygmunt. Trabajo, Consumismo y Nuevos Pobres. Barcelona: Gedisa Editorial, 2000.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro, Zahar, 2001.
BAUMAN, Zygmunt. A Sociedade Individualizada: Vidas Contadas e Histórias Vividas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008a.
BAUMAN, Zygmunt. Vida para Consumo: A Transformação das
Pessoas em Mercadorias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008b.
BAUMAN, Zygmunt. La Sociedade Sitiada. Buenos Aires: Fondo de Cultura Economica, 2008c.
BAUMAN, Zygmunt. Mundo Consumo: Ética del Indivíduos em La Aldea Global. Buenos Aires: Paidos, 2010a.
BAUMAN, Zygmunt. Capitalismo Parasitário. Rio de Janeiro: Zahar, 2010b.
BAUMAN, Zygmunt. Isto não é um Diário. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
BAUMAN, Zygmunt. A Cultura no Mundo Líquido Moderno. Rio de Janeiro: Zahar, 2013a.
BAUMAN, Zygmunt. Sobre Educação e Juventude. Rio de Janeiro: Zahar, 2013b.
BENDASSOLLI, Pedro. O vocabulário da habilidade e da competência: algumas considerações neopragmáticas. Cadernos De Psicologia Social do Trabalho, São Paulo, v.3, p.65-76, 2001.
BENDASSOLLI, Pedro. Os Fetiches da Gestão. Aparecida: Idéias & Letras, 2009.
BRASIL. Ministério de Educação. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília, DF: 1997.
BRASIL. Resolução CNE/CP Nº 2 de 22 de dezembro de 2017. Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica. 2017a.Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79631-rcp002-17-pdf&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192
BRASIL. Lei no 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diário Oficial da União, Brasília, 2017b.
BRASIL. Base Nacional Curricular Comum: educação é a base. Disponível em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf. Acessado em 15 de agosto de 2018.
CARVALHO, Janete Magalhães; SILVA, Sandra Kretti; DELBONI, Tânia Mara Zanotti Guerra Frizzera. A base nacional comum curricular e a produção biopolítica da educação como formação de “capital humano”. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 15, n .2, p.481-503, 2017.
DELUIZ, Neide. Qualificação, competências e certificação: visão do mundo do trabalho. Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 27, n. 3, p. 13-25, 2001.
GALIAN, Cláudia Valentina Assumpção. Brazilian curriculum parameters and the development of curricular proposals in Brazil. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 44, n. 153, p. 648-669, set. 2014.
MACHADO, Lucilia Regina de Souza. O Modelo de competências e a regulamentação da base curricular nacional e a reorganização do ensino médio. Trabalho e Educação, Belo Horizonte, n. 4, p. 79-95, ago./dez.1998.
MANCEBO, Deise. Trabalho Docente: Subjetividade, Sobreimplicação e Prazer. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v.20, n.1, p.74-80, 2007.
Organização das Nações Unidas (ONU). Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 2015. Disponivel em https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2015/10/agenda2030-pt-br.pdf. Acessado em 29 de agosto de 2018.
OREIRO, José Luiz. A grande recessão brasileira: diagnóstico e uma agenda de política econômica. Estudos Avançados, São Paulo, v. 31, n. 89, p. 75-88, 2017.
PONTES, Matheus de Mesquita e. Zygmunt Bauman: sobre educação e juventude na sociedade de consumo. Revista Emblemas, Goiania, v. 11, n. 2, p.102-105, jul-dez, 2014.
PORCHEDDU, Alba. Zygmunt Bauman: entrevista sobre a educação. Desafios pedagógicos e modernidade líquida. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 39, n.137, p. 661-684, 2009.
ROLNIK, Sueli. Toxicômanos de identidade. Subjetividade em tempo de globalização. IN LINS, Daniel (org.). Cultura e subjetividade. Saberes Nômades. p.19-24. Campinas/SP: Papirus, 1997.
SILVA, Rafael Bianchi. Amizade, Diferença e Educação: reflexões a partir de Zygmunt Bauman. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 43, n. 1, p. 115-129, jan./mar. 2018.
SILVA, Rafael Bianchi; CARVALHO, Alonso Bezerra. Educação e modos de subjetivação no capitalismo contemporâneo: reflexões a partir de Zygmunt Bauman. Revista Espaço Acadêmico, Maringá, n. 146, p. 20-26, jul/2013.
VIEIRA, Jarbas Santos; FEIJÓ, José Roberto de Oliveira. A Base Nacional Comum Curricular e o conhecimento como commodity. Educação Unisinos, São Leopoldo, v. 22, n. 1, p. 35-43, jan/mar, 2018.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0)
Declaramos o artigo _______________________________ a ser submetido para avaliação o periódico Educação (UFSM) é original e inédito, assim como não foi enviado para qualquer outra publicação, como um todo ou uma fração.
Também reconhecemos que a submissão dos originais à Revista Educação (UFSM) implica na transferência de direitos autorais para publicação digital na revista. Em caso de incumprimento, o infrator receberá sanções e penalidades previstas pela Lei Brasileira de Proteção de Direitos Autorais (n. 9610, de 19/02/98).
_______________________________________________________
Nome completo do primeiro autor
CPF ________________