Tecnopolítica e educação: roubo, vigilância e modulação
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984644471632Palavras-chave:
Tecnopolítica; Colonialismo de dados; Governamentalidade algorítmica.Resumo
Este artigo tem como objetivo geral trazer algumas questões e conceitos, que não são especificamente do campo da educação, para problematizar a presente adesão das universidades públicas brasileiras às plataformas digitais pertencentes às grandes corporações norte americanas. O artigo percorre o caminho da análise e da crítica ao funcionamento dos mecanismos de roubo de dados, vigilância e manipulação das subjetividades dos usuários das tecnologias digitais de comunicação e informação em redes cibernéticas, explicitando-os e assim conduzindo às urgentes questões referentes à possibilidade de pensamento autônomo hoje. O pensamento é entendido não apenas como ações de análise e crítica, mas também, seguindo Deleuze, concebendo-o como criação. A conclusão é a da premente necessidade de que primeiramente se reconheça o problema de captura da vida, operada pelas grandes corporações de tecnologia digital do norte global. E em consequência disso, que se sinta a exigência de movimento de criação de formas de resistência à investida de destituição da soberania das universidades públicas brasileiras sobre a criação de conhecimento ali realizada, por meio do roubo e controle dos seus dados.
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