A aplicação de padrões coloniais pela Corte Europeia: uma análise do caso Armani da Silva Vs. Reino Unido

Autores

  • Marina de Almeida Rosa Programa de Pós Graduação em Direito - UNISINOS; Faculdade de Direito e Faculdade de Negócios (Relações Internacionais) UniRitter http://orcid.org/0000-0003-3475-6167

DOI:

https://doi.org/10.5902/2357797529745

Palavras-chave:

margem de apreciação, Direitos Humanos, colonialismo, migrantes.

Resumo

Instituída na Guerra Fria, a Corte Europeia de Direitos Humanos é o tribunal internacional voltado à proteção dos direitos humanos daqueles indivíduos que se encontram sob a jurisdição de um Estado europeu que tenha ratificado a Convenção Europeia de Direitos Humanos e reconhecido a competência do tribunal. No seio da Corte Europeia foi implementada em 1976, a doutrina da margem de interpretação, mecanismo interpretativo que confere aos Estados a discricionariedade de resolver assuntos que seriam exclusivamente de sua competência, como a segurança nacional. Desta forma, este trabalho tem por intuito examinar, através do método indutivo e do estudo de caso, em que medida a aplicação da doutrina da margem de apreciação remonta à aplicação de um pressuposto colonial. Isto porque, a doutrina da margem de apreciação é utilizada, na maioria dos casos, quando a vítima é migrante, isto é, quando se trata de um dos indivíduos subjulgados pela modernidade, e exime a responsabilidade internacional do Estado pelas violações aos direitos humano, como no caso do homicídio do brasileiro Jean Charles de Menezes (Caso Armani da Silva Vs. United Kingdom).

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Biografia do Autor

Marina de Almeida Rosa, Programa de Pós Graduação em Direito - UNISINOS; Faculdade de Direito e Faculdade de Negócios (Relações Internacionais) UniRitter

Advogada. Professora de Direito Internacional e de Regimes Internacionais nos cursos de Graduação em Direito e em Relações Internacionais do UniRitter. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) - Bolsista CAPES/PROEX. Possui Graduação em Direito pela Faculdade de Direito da Fundação Escola Superior do Ministério Público (2015) e pós-graduação em Direito Internacional Público, Privado e Direito da Integração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (2016). Desenvolve pesquisas nas áreas de Direito Internacional Público, América Latina e Third World Approaches to International Law, Sistemas Regionais de Proteção dos Direitos Humanos, com ênfase no Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos, e Migrações.

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Publicado

2018-03-25

Como Citar

de Almeida Rosa, M. (2018). A aplicação de padrões coloniais pela Corte Europeia: uma análise do caso Armani da Silva Vs. Reino Unido. Revista InterAção, 8(2), 36–61. https://doi.org/10.5902/2357797529745

Edição

Seção

Artigos