Afrodiáspora digital: xenorracismo algorítmico na visibilidade de migrantes africanos(as)

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.5902/2357797591374

Mots-clés :

Estudos interculturais, Visibilidade digital, Xenorracismo algorítmico

Résumé

O objetivo deste estudo é compreender as dinâmicas de xenorracismo nas plataformas digitais, com ênfase nas vivências e percepções de migrantes africanos(as) que atuam como criadores(as) de conteúdo, explorando a mediação algorítmica na visibilidade digital. A pesquisa, de abordagem qualitativa e exploratório-descritiva, utilizou a técnica de inserção de campo snowball, contando com seis migrantes de diferentes nacionalidades de países africanos e residentes no Brasil. A análise das entrevistas, fundamentada na Análise Crítica do Discurso, ilustrou três principais formas de mediação do xenorracismo algorítmico: silenciamento e marginalização digital, enviesamento na categorização da escrita e enviesamento estético. Os resultados apontam que conteúdos sobre racismo e identidade africana recebem menor engajamento, que termos como “racismo” e “xenofobia” são frequentemente classificados como discurso de ódio e que padrões eurocêntricos são reforçados por meio de filtros e mecanismos de recomendação. Nesse sentido, os algoritmos das plataformas digitais operam sob lógicas de um novo colonialismo digital, que não apenas enviesam, como também mediam diferentes categorias identitárias, impactando diretamente a experiência digital de migrantes negros(as). Assim, esta pesquisa visa contribuir, a partir do entendimento acerca das discriminações algorítmicas, para a discussão de propostas como novas regulações em termos de governança e direitos no campo digital, ressaltando a necessidade de maior transparência nos sistemas de recomendação e de iniciativas que promovam uma internet mais justa e equitativa.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Bibliographies de l'auteur

Brunno Ewerton, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Doutorando, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Júlia Lyra, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco; Doutoranda, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Mohammed ElHajji, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Professor, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Catalina Revollo Pardo, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutora em Psicossociologia e Ecologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Professora, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Références

APPADURAI, A. Modernity at large: Cultural dimensions of globalization. Minnesota: University of Minnesota Press, 1996.

ÁVILA, O. Webdiáspora e a Decisão de Migrar: Relatos Haitianos no Brasil. Espaço Aberto, v. 9, n. 1, p. 43-59, 2019. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7879930. Acesso em: 13 jul. 2023.

ÁVILA, O. Autoapresentação, performatividade e testemunho na internet: A webdiáspora deslocada para a visibilidade do self migrante. Tese (Doutorado em Comunicação e Cultura) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022. Disponível em: http://www.pos.eco.ufrj.br/site/teses_dissertacoes_interna.php?tease=23. Acesso em: 23 jun. 2022.

BRASIL. Senado Federal.PL 2338/2023. Brasília, DF: Senado Federal, 2023. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/157233. Acesso em: 21 abr. 2023.

BURRELL, J. How the Machine ‘Thinks’: Understanding Opacity in Machine Learning Algorithms. Big Data & Society, v. 3, n. 1, p. 1-12, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1177/2053951715622512. Acesso em: 10 jul. 2024.

COGO, D. Internet e redes migratórias transnacionais: narrativas da diáspora sobre o Brasil como país de imigração. Novos Olhares, v. 4, n. 1, p. 91-104, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2238-7714.no.2015.102224. Acesso em: 13 jul. 2023.

COGO, D. Communication, migrant activism and counter-hegemonic narratives of Haitian diaspora in Brazil. Journal of Alternative & Community Media, v. 4, n. 3, p. 71-85, 2019. DOI: https://doi.org/10.1386/joacm_00059_1. Acesso em: 17 fev. 2024.

CHADE, Jamil. ONU: imigrante vive xenofobia no Brasil e desmonta mito de país acolhedor. UOL, 28 jun. 2022 [04h00]. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/colunas/jamilchade/2022/06/28/onu-estrangeiro-vive-xenofobia-no-brasil-e-desmonta-mito-de-paisacolhedor.htm-media/. Acesso em: 16 ago. 2023.

CHOQUEI. Vinícius Júnior continua sendo alvo de ataques r4c1st4as. Choquei, São Paulo, 2020. Instagram: @choquei. Disponível em: https://www.instagram.com/p/CisDcVPuVmj/?igshid=YmMyMTA2M2Y%3D. Acesso em: 21 abr. 2023.

CRENSHAW, K. Race, gender, and sexual harassment. s. Cal. l. Rev. Hein Online, v. 65, p. 1467, 1991. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/LandingPage?handle=hein.journals/scal65&div=70&id=&page=. Acesso em: 15 mar. 2024. Acesso em: 16.feb.2024.

ÉBANO. Não importa a classe social, o quão influente se é. Revista Ébano. São Paulo, 14 set., 2022. Instagram: @ revistaebanobrasil. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Cifrov1A-li/?igshid=YmMyMTA2M2Y%3D. Acesso em: 21 abr. 2023.

ELHAJJI, M.; ESCUDERO, C. Webdiáspora: migrações, TICs e memória coletiva. Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 334-363, set./dez. 2016.

ELHAJJI, M. O Intercultural Migrante: Teorias & Análises. Porto Alegre: Editora Fi. Disponível em: https://doi.org/10.22350/9786559176830. Acesso em: 20 out. 2023.

EWERTON, B.; LIMA, C. Racismo Algorítmico: Vivências e Percepções de Influenciadores (as) Digitais Negros (as). Revista África e Africanidades, v. 2, n. 48, p. 1-18, 2023. Disponível em: https://africaeafricanidades.com.br/documentos/ARTLIV03_ed.47-48.pdf. Acesso em: 30 ago. 2024.

EWERTON, B.; VILLALÓN, C.; ELHAJJI, M. Diáspora nas plataformas digitais no Brasil: pesquisas sobre TIC's e migrações. Lumina, v. 18, n. 1, p. 128-145, 2024a. Disponível em: https://doi.org/10.34019/1981-4070.2024.v18.42910. Acesso em: 30 ago. 2024.

FAIRCLOUGH, N. Critical discourse analysis: The critical study of language. London: Routledge, 2013.

FAUSTINO, D.; LIPPOLD, W. Colonialismo digital: por uma crítica hacker-fanoniana. São Paulo: Boitempo Editorial, 2023.

FAUSTINO, M.; OLIVEIRA, M. Xeno-racismo ou xenofobia racializada? Problematizando a hospitalidade seletiva aos estrangeiros no Brasil. REMHU: revista interdisciplinar da mobilidade humana, v. 29, p. 193-210, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-85852503880006312. Acesso em: 20 out. 2023.

FANON, F. Black skin, white masks. New York: Grove Press, 1967.

GIL, A. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. Barueri: Editora Atlas SA, 2008.

GIL, P.; PIZZINATO, A. Análise psicossocial do processo migratório de haitianos (as) ao Brasil: uma perspectiva interseccional de raça-etnia, gênero e idade. REMHU: Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, v. 31, p. 165-183, 2023.Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1980-85852503880006811. Acesso em: 30 ago. 2023.

GÓES, J. Du Bois and Brazil: Reflections on Black Transnationalism and African Diaspora. Du Bois Review: Social Science Research on Race, v. 19, n. 2, p. 293-308, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1017/S1742058X2100045X. Acesso em: 23 mar. 2025.

G1. Moïse Kabagambe: O que se sabe sobre a morte do congolês no Rio. G1: Rio de Janeiro, 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2022/01/31/moise-kabamgabe-o-que-se-sabe-sobre-a-morte-do-congoles-no-rio.ghtml. Aceso em: 10 out. 2024.

HALL, S. Identidade cultural e diáspora. Comunicação & Cultura, n. 1, v. 34, p. 21-35, 2006. Disponível em: journals.ucp.pt. Acesso em: 30 ago. 2023.

HARAWAY, D. A Cyborg Manifesto: Science, Technology, and Socialist-Feminism in the Late Twentieth Century. In: Simians, Cyborgs, and Women: The Reinvention of Nature. New York: Routledge, 1991. p. 149-181.

HOOKS, B. Where We Stand: Class Matters. New York: Routledge, 2000.

KAUFMAN, D.; SANTAELLA, L. The role of artificial intelligence algorithms in the social web/O papel dos algoritmos de inteligência artificial nas redes sociais/El papel de los algoritmos de inteligencia artificial em las redes sociales. Revista Famecos-Midia, Cultura e Tecnologia, v. 27, n. 2, p. 12-25, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.15448/1980-3729.2020.1.34074. Acesso em: 21 abr. 2023.

LATOUR, B. On actor-network theory: A few clarifications. Paris: Soziale welt, p. 369-381, 1996.

LYRA, J. Ser migrante, tornar-se influencer: visibilidade, inspiração e estratégias de pertencimento da migração venezuelana no Brasil. Dissertação (Mestrado em Comunicação) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2023. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49580. Acesso em 27 ago. 2023.

MEJÍAS, U.; COULDRY, N. Colonialismo de dados: repensando la relación de los datos masivos con el sujeto contemporáneo. Virtualis, v. 10, n. 18, p. 78-97, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.2123/virtualis.v10i18.289. Acesso em: 20 abr. 2023.

OBSERVATÓRIO DAS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS (OBMigra). Relatório Anual de Migrações Internacionais 2022: Perfil dos migrantes no Brasil e inserção socioeconômica. Ministério da Justiça e Segurança Pública, Brasília, 2022. Disponível em: http://obmigra.mj.gov.br. Acesso em: 07 out. 2024.

NOBLE, S. Algorithms of Oppression: How Search Engines Reinforce Racism. New York: NYU Press, 2018.

NASCIMENTO, A. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Editora Perspectiva SA, 2016.

O'NEIL, C. Weapons of Math Destruction: How Big Data Increases Inequality and Threatens Democracy. London: Crown Publishing Group, 2016.

PARKER, C.; SCOTT, S.; GEDDES, A. Snowball sampling. SAGE research methods foundations, 2019.

PINHEIRO, A. Como a internet reproduz machismo e racismo – e às vezes você nem percebe. Revista Cláudia. São Paulo, 22 jun., 2021. Reportagem site. Disponível em: https://claudia.abril.com.br/sua-vida/algoritmo-machismo-racismo. Acesso em: 20 abr. 2023.

PONZANESI, S. Digital diasporas: Postcoloniality, media and affect. Interventions, v. 22, n. 8, p. 977-993, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1080/1369801X.2020.1718537. Acesso em: 07 set. 2023.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales - CLACSO, 2000. Disponível em: https://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_Quijano.pdf. Acesso em: 04 dez. 2024.

SANZ, B. Além da denúncia de uso de dados pelas empresas, o reconhecimento facial não é isento de erros e de preconceitos contra minorias. Record R7. São Paulo, 19 jul., 2019. Reportagem site. Disponível em: https://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/o-racismo-por-tras-dos-filtros-do-faceapp-e-de-outras-tecnologias-19072019. Acesso em: 20 abr. 2023.

SIVANANDAN, A. Race, class and the state: the black experience in Britain: For Wesley Dick—poet and prisoner in some answer to his questions. Race & Class, v. 17, n. 4, p. 347-368, 1976. Disponível em: https://doi.org/10.1177/030639687601700401. Acesso em: 20 out. 2023.

SILVA, T. Racismo Algorítmico em Plataformas Digitais: Microagressões e Discriminação em Código. In: Comunidades, Algoritmos e Ativismos Digitais: Olhares Afrodiaspóricos, v. 3, n. 3, p. 121-135, 2020. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile. Acesso em: 20 abr. 2023.

SILVA, T. Racismo algorítmico: inteligência artificial e discriminação nas redes digitais. São Paulo: Edições Sesc SP, 2022.

SEYFERTH, G. Colonização, imigração e a questão racial no Brasil. Revista USP, n. 53, p. 117-149, 2002. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/article/download/33192/35930. Acesso em: 20 out. 2023.

SODRÉ, M. A sociedade incivil: mídia, iliberalismo e finanças. Petrópolis: Vozes, 2021.

ZUBOFF, S. The age of surveillance capitalism. In: Social Theory Re-Wired. Abingdon: Routledge, 2023.

Téléchargements

Publiée

2025-11-24

Comment citer

Ewerton, B., Lyra, J., ElHajji, M., & Pardo, C. R. (2025). Afrodiáspora digital: xenorracismo algorítmico na visibilidade de migrantes africanos(as). InterAção, 16(5), e91374. https://doi.org/10.5902/2357797591374