A monocultura da mente e o etnocídio na Bacia do Xingu: pela defesa de uma ecologia de saberes

Autores

  • Guilherme Pittaluga Hoffmeister
  • Júlia de David Chelotti
  • Luiz Ernani Bonesso de Araujo

DOI:

https://doi.org/10.5902/2357797533301

Palavras-chave:

cosmopolitismo insurgente, ecologia de saberes, etnocício, hermenêutica diatópica, monocultura da mente.

Resumo

O atual quadro da modernidade, marcado pela globalização, impõe inúmeros desafios à garantia e efetivação de direitos em várias esferas. O presente trabalho objetiva demonstrar que nesse contexto impera uma forma específica de racionalidade que tem como reflexo o extermínio de outras formas de saber e, em última medida, o massacre de etnias inteiras. Como exemplo, utiliza-se o caso do etnocídio decorrente da construção da usina de Belo Monte, na região da bacia do rio Xingu, no norte do Brasil. Desde uma abordagem complexa, o artigo também visa a refletir acerca dos limites e das possibilidades para a superação dessa racionalidade definida enquanto monocultura do pensamento por um novo paradigma. A aposta é na ideia de hermenêutica diatópica como uma forma de cosmopolitismo insurgente, e enquanto possibilitadora de uma ecologia de saberes. A partir disso, busca-se avaliar em que medida este poderia ser um caminho para a consolidação de um estado democrático de direito capaz de proteger efetivamente os direitos de populações em posição de vulnerabilidade, como, por exemplo, os segmentos indígenas.

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Publicado

2018-08-25

Como Citar

Hoffmeister, G. P., Chelotti, J. de D., & de Araujo, L. E. B. (2018). A monocultura da mente e o etnocídio na Bacia do Xingu: pela defesa de uma ecologia de saberes. Revista InterAção, 9(1), 71–97. https://doi.org/10.5902/2357797533301

Edição

Seção

Artigos