A influência do Banco Mundial e da OCDE na educação básica no Brasil e no ensino de geografia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236499441843

Palavras-chave:

Banco Mundial, Educação, Ensino de geografia, OCDE

Resumo

Desde a década de 1960, organizações internacionais como a ONU, UNESCO, PNUD, Banco Mundial, FMI, OCDE entre outras, passaram a adotar um discurso que relaciona a educação ao desenvolvimento socioeconômico dos países. Entre as organizações internacionais cujos interesses são estritamente econômicos, mas com atuação relevante na área da educação, destacam-se o Banco Mundial (BM) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Considerando que o Brasil apresenta problemas sociais graves, principalmente no tocante à desigualdade, este artigo tem como objetivos apontar como o Banco Mundial e a OCDE se envolveram na área de educação, ressaltar algumas de suas recomendações para o país, discutir seus objetivos e seus possíveis resultados, implicando o ensino da Geografia escolar. As questões relacionadas à participação dessas organizações nos assuntos ligados à educação são aqui analisadas à luz da Geografia Crítica, e baseiam-se em documentos e relatórios destas. Como resultado, observou-se um alinhamento do discurso de ajuste de gastos públicos do Banco Mundial com os resultados do PISA/OCDE, classificando a educação brasileira como cara e ineficiente, sugerindo redistribuições orçamentárias e ajustes curriculares. É possível verificar que algumas dessas recomendações têm sido aplicadas e impactam diretamente a Geografia escolar do país, prejudicando a formação social do estudante.

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Biografia do Autor

Fabiana Pegoraro Soares, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

Doutoranda em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

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Publicado

2020-02-28

Como Citar

Soares, F. P. (2020). A influência do Banco Mundial e da OCDE na educação básica no Brasil e no ensino de geografia. Geografia Ensino & Pesquisa, 24, e15. https://doi.org/10.5902/2236499441843