O livro didático na sociedade capitalista, sua relação com o racismo e a lei 10.639/2003

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2179219487497

Palavras-chave:

Livro Didático, Sociedade Capitalista, Racismo, Lei 10.639/03

Resumo

O livro didático atende a necessidades educacionais, mas também visa ao lucro na sociedade capitalista. Por meio dele, a indústria cultural influencia conteúdos, formatos, distribuição e modela relações sociais, econômicas e educacionais. Sob a ótica marxista, esse trabalho examina algumas representações visuais, oferece uma compreensão sobre as narrativas afeitas à afrodescendência e aborda o fenômeno do racismo, considerado intrínseco ao sistema capitalista. O objetivo é analisar o livro didático como artefato cultural, social, econômico e educacional, à luz da Lei 10.639/03 e de suas contradições. Miranda (2021) e Munakata (2016) embasam a nossa análise.

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Biografia do Autor

Lucecleia Francisco da Silva, Universidade Federal do Espírito Santo

outoranda em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), na linha de pesquisa Educação e Linguagens. Mestra em Educação pela mesma instituição e linha (2017). Possui especialização em Educação e Direitos Humanos (2023) e em Ensino e Interdisciplinaridade História e Literatura: Texto e Contexto, com ênfase na História das Representações Políticas, Culturais e Ideológicas (2013), também pela Ufes. É licenciada em Pedagogia (2005), com habilitação para o Magistério das Séries Iniciais do Ensino Fundamental, Educação Especial e Gestão Escolar. Integra o grupo de pesquisa Literatura e Educação (Ufes) e o Grupo de Estudos em História e Literatura (GEHISLIT/PUC Minas). Atua como Professora de Assessoramento Pedagógico e docente nas Séries Iniciais na Prefeitura Municipal da Serra (ES). Tem experiência na área da Educação, com ênfase em prática de ensino, literatura, formação de leitores e inclusão escolar. Atua na formação inicial e continuada de professores, especialmente na área da alfabetização. Entre 2013 e 2018, foi Formadora Municipal do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Seus estudos recentes concentram-se no pensamento antirracista de perspectiva marxista e na representação dos negros em livros didáticos.

Maria Amélia Dalvi , Universidade Federal do Espírito Santo

Licenciada e mestra em Letras, doutora em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) (2001-2010). Especialista em Psicologia e Desenvolvimento Infantil pela FMU (2020-2021). Realizou estágio pós-doutoral em Letras junto à Universidade Federal de Goiás, com períodos na Universidade de Coimbra e na Purdue University (2015-2016); e junto à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2022-2023). Foi professora da educação básica (2003-2009), nas redes pública e privada. Trabalha no magistério superior da Universidade Federal do Espírito Santo (2010 ao presente), em cursos de graduação, mestrado e doutorado em Educação e em Letras, havendo contribuído, ainda, com a Licenciatura Intercultural Indígena (2018-2019). Foi eleita para mandatos como coordenadora do PPG Letras da Ufes (2013, 2017, 2023, 2024). Coordena o Fórum dos Coordenadores de Programas de Pós-Graduação em Linguística e Literatura do Sudeste (2024). Compôs instâncias como colegiados de curso (Letras e Pedagogia), núcleo docente estruturante, conselho departamental e conselhos superiores (CEPE e CONSUNI), além de ter representado a Ufes junto ao Conselho Municipal de Cultura de Vitória e ao Comitê Estadual de Educação em Direitos Humanos do Espírito Santo. Fundou e coordena o grupo de pesquisa Literatura e Educação (www.literaturaeeducacao.ufes.br) (2011 ao presente). Integra, na Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e Linguística (Anpoll), o GT Literatura e Ensino (2016 ao presente), tendo atuado, antes, no GT Leitura e Literatura Infantil e Juvenil (2012-2016). Na Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) integra o GT Trabalho e Educação (2019 ao presente). É membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alfabetização, Leitura e Escrita (Nepales) (2009 ao presente) e do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Literatura do Espírito Santo (Neples) (2005 ao presente), produzindo estudos sobre educação literária e sobre obras, autores e sistemas literários no estado do Espírito Santo. Como escritora, recebeu o selo "Altamente Recomendável" concedido pela Fundação Nacional do Livro Intantil e Juvenil (FNLIJ), por No cangote do Saci: lendas do Brasil. As palavras-chave de sua produção são: Educação Literária; Ensino de Literatura; Leitura; Leitura literária; Livro Didático; Literatura. Alguns de seus artigos, capítulos e ensaios podem ser baixados em: https://ufes.academia.edu/MariaAméliaDalvi. E-mails: maria.dalvi@ufes.br e dalvimariaamelia@gmail.com. 

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Publicado

2025-02-28

Como Citar

Francisco da Silva, L., & Dalvi , M. A. (2025). O livro didático na sociedade capitalista, sua relação com o racismo e a lei 10.639/2003. Fragmentum, (64), 103–121. https://doi.org/10.5902/2179219487497