Padrões fitogeográficos e de diversidade de epífitas vasculares em florestas altomontanas do sul do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509875155

Palavras-chave:

Dissimilaridade florística, Diversidade beta, Flora não-arbórea, Floresta Atlântica, Serra do Mar

Resumo

Visando verificar a suscetibilidade das comunidades a alterações ambientais analisamos a distribuição biogeográfica e a diversidade beta (diversidade-β) de epífitas vasculares de Florestas Altomontanas do Sul e Sudeste do Brasil. Foram analisados levantamentos publicados até fevereiro de 2023, além de quatro levantamentos realizados pelos autores. A relação florística entre os estudos foi avaliada pela Análise de Escalonamento Multidimensional Não Métrico (NMDS), baseada na distância de Jaccard, a diferença entre os grupos foi avaliada por meio de uma Análise de Similaridades (ANOSIN). Foram testadas as correlações da riqueza com variáveis climáticas do WorldClim. Foi também analisada a correlação entre a similaridade de Jaccard e a Distância Geográfica (Mantel) entre a riqueza das áreas com parâmetros fitogeográficos. Para a análise de diversidade, foram utilizadas a dissimilaridade de Sorensen, a dissimilaridade total e a dissimilaridade de Simpson. As florestas se reuniram em dois grupos: Ombrófilas Densas do Paraná e Ombrófilas Densas de Santa Catarina; as Ombrófilas Mistas apareceram disjuntas. Foi registrada forte correlação da riqueza com a precipitação e sazonalidade. A análise de diversidade-β indicou que a substituição é o principal fator para a diversidade total. As florestas altomontanas possuem flora característica e diferenciada em relação às florestas montanas. Apesar disso, foram observadas comunidades distintas e espécies exclusivas em cada montanha, o que reforça a importância da preservação de localidades em diferentes serras e regiões.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vanessa Ariati, Floresce Consultoria Ambiental

Possui Bacharel em Biologia (PUC-PR 2011), Licenciatura em Biologia (Claretiano Centro Universitário 2018) e mestrado em Ecologia e Conservação (UFPR 2014). Atualmente é bióloga na empresa Floresce Consultoria Ambiental e tem atuado nos seguintes temas: monitoramentos ecológicos; avaliação de impactos, programas ambientais; florística e fitossociologia; inventário florestal; ecologia de comunidades vegetais; identificação botânica.

Eduardo Damasceno Lozano, Cia Ambiental

Doutor em Botânica pela Universidade de São Paulo - USP (2023), com foco da pesquisa em sistemática do complexo Xyris teres (Xyridaceae). Mestre em Botânica pela Universidade Federal do Paraná - UFPR (2015), onde trabalhou com a flora de Xyridaceae do Paraná. É bacharel em Biologia pela PUC-PR (2011) e graduado em Formação Pedagógica de Docentes em Biologia pelo Centro Universitário Claretiano - CEUCLAR (2015). Tem experiência nas áreas de botânica e ecologia vegetal, com ênfase em estudos sobre a flora e estrutura de comunidades vegetais, atuando principalmente nos seguintes temas: manejo de herbário, resgate de flora, fitossociologia, flora do Paraná, estudos envolvendo herbáceas de subosque e vegetação campestre, bem como taxonomia de plantas vasculares. Atualmente desenvolve estudos com a flora herbácea de sub-bosque da Mata Atlântica meridional, bem como a sistemática de Xyridaceae, participando da elaboração da família na Flora do Brasil 2020. 

Rodrigo de Andrade Kersten, Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, PR, Brazil

Biologist, Doctor in Forestry Engineer (UFPR), Professor

Referências

ALVES, F. E.; MENINI-NETO, L. Vascular epiphytes in a forest fragment of Serra da Mantiqueira and floristic relationships with Atlantic high altitude areas in Minas Gerais. Brazilian Journal of Botany, v. 37, n. 2, p. 187-196, 2014. DOI: https://doi.org/10.1007/s40415-014-0053-6

ANTONELLI, A.; KISSLING, W. D.; FLANTUA, S. G.; BERMÚDEZ, M. A.; MULCH, A.; MUELLNER-RIEHL, A. N.; KREFT, H.; LINDER, H. P.; BADGLEY, C.; FJELDSÅ, J. Geological and climatic influences on mountain biodiversity. Nature Geoscience, v. 11, n. 10, p. 718-725, 2018. DOI: https://doi.org/10.1038/s41561-018-0236-z

BASELGA, A. Partitioning the turnover and nestedness components of beta diversity. Global Ecology and Biogeography, v. 19, n. 1, p. 134-143, 2010. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1466-8238.2009.00490.x

BASELGA, A.; ORME, C. Betapart: an R package for the study of beta diversity. Methods Ecol Evol 3: 808–812: secondary title, 2012. DOI: https://doi.org/10.1111/j.2041-210X.2012.00224.x

BIANCHI, J. S.; MICHELON, C.; KERSTEN, R. A. Epífitas vasculares de uma área de ecótono entre as Florestas Ombrófilas Densa e Mista, no Parque Estadual do Marumbi, PR. Estudos de Biologia: ambiente e diversidade, v. 34, n., p. 37-44, 2012. DOI: https://doi.org/10.7213/estud.biol.6121

BIZARRO, O. M. R.; BLUM, C. T. Florística e estrutura do componente epifítico vascular de um remanescente de Floresta Ombrófila Mista em Curitiba, Paraná. Ciência Florestal, v. 32, n. 3, p. 1710-1732, 2022. DOI: https://doi.org/10.5902/1980509865828

BONNET, A.; CAGLIONI, E.; SCHMITT, J.; CADORIN, T.; GASPER, A. de; ANDRADE, S. de; GROSH, B.; CRISTOFOLINI, C.; OLIVEIRA, C. de; LINGNER, D. Epífitos Vasculares da Floresta Ombrófila Densa de Santa Catarina. In: VIBRANS, A.; BONNET, A. et al (Ed.). Inventário florístico floretal de Santa Santa Catarina. Blumenau: Edfurb, 2013. v. 5, p. 23-67.

BURNS, K. Meta-community structure of vascular epiphytes in a temperate rainforest. Botany, v. 86, n. 11, p. 1252-1259, 2008. DOI: https://doi.org/10.1139/B08-084

CARVALHO, G. Flora: Tools for Interacting with the Brazilian Flora 2020: secondary title. Rio de Janeiro, Rj. Cran-R project, 2020. Available in: https://CRAN.R-project.org/package=flora.

DING, Y.; LIU, G.; ZANG, R.; ZHANG, J.; LU, X.; HUANG, J. Distribution of vascular epiphytes along a tropical elevational gradient: disentangling abiotic and biotic determinants. Scientific Reports, v. 6, n. 1, p. 1-11, 2016. DOI: https://doi.org/10.1038/srep19706

FALKENBERG, D. B. Matinhas nebulares e vegetação rupícola dos Aparados da Serra Geral (SC/RS), sul do Brasil. (Tese). Instituto de Biologia, Universidade Estatual de Campinas, Campina, 2003.

FALKENBERG, D. B.; VOLTOLINI, J. C. The Montane Cloud Forest in Southern Brazil. In: HAMILTON, L. S., JUVIK, J. O. et al (Ed.). Tropical Montane Cloud Forests: Springer US, 1995. v.110, p.138-149. (Ecological Studies) DOI: https://doi.org/10.1007/978-1-4612-2500-3_8

FLORA E FUNGA DO BRASIL. Flora e Funga do Brasil: secondary title. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2024. 2023.

FOSTER, P. The potential negative impacts of global climate change on tropical montane cloud forests. Earth-Science Reviews, v. 55, n. 1, p. 73-106, 2001. DOI: https://doi.org/10.1016/S0012-8252(01)00056-3

FURTADO, S. G.; MENINI-NETO, L. Diversity of vascular epiphytes in two high altitude biotopes of the Brazilian Atlantic Forest. Brazilian Journal of Botany, p. 1-16, 2015. DOI: https://doi.org/10.1007/s40415-015-0138-x

FURTADO, S. G.; MENINI NETO, L. Vascular epiphytic flora of a high montane environment of Brazilian Atlantic Forest: composition and floristic relationships with other ombrophilous forests. Acta Botanica Brasilica, v. 30, n. 3, p. 422-436, 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-33062016abb0090

FURTADO, S. G.; MENINI NETO, L. Diversity high up: a cloud forest of the Serra da Mantiqueira as a vascular epiphyte hotspot. Rodriguésia, v. 69, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/2175-7860201869201

HARGIS, H.; GOTSCH, S. G.; PORADA, P.; MOORE, G. W.; FERGUSON, B.; VAN STAN, J. T. Arboreal Epiphytes in the Soil-Atmosphere Interface: How Often Are the Biggest “Buckets” in the Canopy Empty? Geosciences, v. 9, n. 8, p. 342, 2019. DOI: https://doi.org/10.3390/geosciences9080342

HIGUCHI, P.; SILVA, A. C. da; ALMEIDA, J. A. de; BORTOLUZZI, R. L. da C.; MANTOVANI, A.; FERREIRA, T. de S.; SOUZA, S. T. de; GOMES, J. P.; SILVA, K. M da. Florística e estrutura do componente arbóreo e análise ambiental de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Alto-Montana no município de Painel, SC. Ciência Florestal, v. 23, n. 1, p., 2013. DOI: https://doi.org/10.5902/198050988449

KERSTEN, R. A. Epífitas vasculares - Histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea, v. 37, n. 1, p. 9-38, 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/S2236-89062010000100001

KERSTEN, R. A.; KUNIYOSHI, Y. S.; RODERJAN, C. V. Epífitas vasculares em duas formações ribeirinhas adjacentes na bacia do rio Iguaçú – Terceiro Planalto Paranaense. Iheringia, Série Botânica, v. 64, n. 1, p. 33-43, 2009.

KOEHLER, A.; GALVÃO, F.; LONGHI JONAS, S. Floresta Ombrófila Densa Altomontana: aspectos florísticos e estruturais de diferentes trechos na Serra do Mar, PR. Ciência Florestal, v. 12, n. 2, p., 2002. DOI: https://doi.org/10.5902/198050981678

KRAFT, N. J.; COMITA, L. S.; CHASE, J. M.; SANDERS, N. J.; SWENSON, N. G.; CRIST, T. O.; STEGEN, J. C.; VELLEND, M.; BOYLE, B.; ANDERSON, M. J. Disentangling the drivers of β diversity along latitudinal and elevational gradients. Science, v. 333, n. 6050, p. 1755-1758, 2011. DOI: https://doi.org/10.1126/science.1208584

KRÖMER, T.; KESSLER, M.; ROBBERT GRADSTEIN, S.; ACEBEY, A. Diversity patterns of vascular epiphytes along an elevational gradient in the Andes. Journal of Biogeography, v. 32, n. 10, p. 1799-1809, 2005. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1365-2699.2005.01318.x

KÜPER, W.; KREFT, H.; NIEDER, J.; KÖSTER, N.; BARTHLOTT, W. Large-scale diversity patterns of vascular epiphytes in Neotropical montane rain forests. Journal of Biogeography, v. 31, n. 9, p. 1477-1487, 2004. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1365-2699.2004.01093.x

MARTINELLI, G. Mountain biodiversity in Brazil. Brazilian Journal of Botany, v. 30, n. 4, p. 587-597, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-84042007000400005

MENINI-NETO, L.; FORZZA, R. C.; ZAPPI, D. Angiosperm epiphytes as conservation indicators in forest fragments: A case study from southeastern Minas Gerais, Brazil. Biodiversity and Conservation, v. 18, n. 14, p. 3785-3807, 2009. DOI: https://doi.org/10.1007/s10531-009-9679-2

MOLINA-VENEGAS, R.; FISCHER, M.; HEMP, A. Plant evolutionary assembly along elevational belts at Mt. Kilimanjaro: Using phylogenetics to asses biodiversity threats under climate change. Environmental and Experimental Botany, v. 170, p. 103853, 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.envexpbot.2019.103853

O'DONNEL, M. S.; IGNIZIO, D. A. Bioclimatic predictors for supporting ecological applications in the conterminous United States: secondary title: US Geological Survey, 2012. DOI: https://doi.org/10.3133/ds691

OKSANEN, J.; BLANCHET, F.; KINDT, R.; LEGENDRE, P.; MINCHIN, P.; O’HARA, R.; SIMPSON, G.; SOLYMOS, P.; HENRY, M.; STEVENS, H. Vegan: community ecology package. R Package version 2.4-1, v. 280, 2016. Available in: https://www.CRAN.R-project.org/package= vegan.

PETEAN, M. Florística e estrutura dos epífitos vasculares em uma área de Floresta Ombrófila Densa Altomontana no Parque Estadual do Pico do Marumbi, Morretes, Paraná, Brasil. (Dissertação). Botânica, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2003.

QUARESMA, A.; ZARTMAN, C. E.; PIEDADE, M. T. F.; WITTMANN, F.; JARDIM, M. A. G.; IRUME, M. V.; BENAVIDES, A. M.; FREITAS, L.; TOLEDO, J. J.; BOELTER, C. R. et al. The Amazon Epiphyte Network: A First Glimpse Into Continental-Scale Patterns of Amazonian Vascular Epiphyte Assemblages. Frontiers in Forests and Global Change, v. 5, p., 2022. DOI: https://doi.org/10.3389/ffgc.2022.828759

RAMOS, F. N.; MORTARA, S. R.; MONALISA-FRANCISCO, N.; ELIAS, J. P. C.; NETO, L. M.; FREITAS, L.; KERSTEN, R.; AMORIM, A. M.; MATOS, F. B.; NUNES-FREITAS, A. F. et al. ATLANTIC EPIPHYTES: a data set of vascular and non-vascular epiphyte plants and lichens from the Atlantic Forest. Ecology, v. 100, n. 2, p. e02541, 2019.

THORNTHWAITE, C. W. An Approach toward a Rational Classification of Climate. Geographical Review, v. 38, n. 1, p. 55-94, 1948. DOI: https://doi.org/10.2307/210739

WAECHTER, J. L. Epiphytic orchids in eastern subtropical South America. In: Proceedings of the 15th World Orchid Conference. Rio de Janeiro, 1996. p. 332-341.

WREGE, M. S.; FRITZSONS, E.; SOARES, M. T. S.; BOGNOLA, I. A.; SOUSA, V. A. de; SOUSA, L. P. de; GOMES, J. B. V.; DE AGUIAR, A. V.; GOMES, G. C.; MATOS, M. Distribuição natural e habitat da araucária frente às mudanças climáticas globais. Pesquisa Florestal Brasileira, v. 37, n. 91, p. 331-346, 2017. DOI: https://doi.org/10.4336/2017.pfb.37.91.1413

WREGE, M. S.; STEINMETZ, S.; REISSER JUNIOR, C.; DE ALMEIDA, I. R.; MARCOS SILVEIRA WREGE, C.; SILVIO STEINMETZ, C.; CARLOS REISSER JUNIOR, C.; IVAN RODRIGUES DE ALMEIDA, C. Atlas climático da região sul do Brasil: estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Pelotas: Embrapa Clima Temperado; Colombo: Embrapa Florestas, 2012.

ZOTZ, G. Plants on plants - The biology of vascular epiphytes. Switzerland: Springer International Publishing, 2016 (Fascinating Life Sciences). DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-319-39237-0

Downloads

Publicado

23-05-2025

Como Citar

Ariati, V., Lozano, E. D., & Kersten, R. de A. (2025). Padrões fitogeográficos e de diversidade de epífitas vasculares em florestas altomontanas do sul do Brasil. Ciência Florestal, 35, e75155. https://doi.org/10.5902/1980509875155