ESTOQUE DE CARBONO DE LATOSSOLOS EM SISTEMAS DE MANEJO NATURAL E ALTERADO

Autores

  • Ludmila de Freitas
  • Ivanildo Amorim de Oliveira
  • José Carlos Casagrande
  • Laércio Santos Silva
  • Milton César Costa Campos

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509831575

Palavras-chave:

cultivo de cana-de-açúcar, quantificação de carbono, reflorestamento, vegetação nativa.

Resumo

A conversão da condição natural do solo para a agricultura, em destaque para a monocultura de cana-de-açúcar impõe alterações nos atributos do solo. O objetivo do trabalho foi avaliar a variação do estoque de carbono de Latossolos com mata nativa, cana-de-açúcar e área reflorestada adjacentes, no município de Guariba - SP. Em cada área, foram coletadas, aleatoriamente, quatro amostras (compostas por quinze pontos), nas camadas de 0,0-0,10 e de 0,10-0,20 m. Foram avaliados os atributos densidade do solo, porosidade total, granulometria, teor de matéria orgânica, carbono orgânico total e estoque de carbono total no solo, de cada amostra nas duas profundidades estudadas. Os dados foram submetidos à análise de variância, correlação linear e análises multivariadas. Os resultados indicam que os teores de carbono são maiores nas camadas superficiais nas três áreas, decrescendo em profundidade. O solo da área de mata nativa apresenta o maior estoque de carbono, com 20,65 Mg ha-1, seguido pelo reflorestamento e cultivo de cana-de-açúcar, com 15,93 e 13,71 Mg ha-1, respectivamente, na profundidade de 0,0-0,10 m e 17,71 Mg ha-1, seguido pelo reflorestamento e cultivo de cana-de-açúcar, com 14,86 e 12,06 Mg ha-1, respectivamente, na profundidade de 0,10-0,20 m. Foi possível verificar tendo como referência a mata nativa, a perda de carbono no solo, sendo a área reflorestada e cultivada com cana-de-açúcar, na ordem de 22,9 e 33,6 %, na profundidade de 0,0-0,10 m e de 31,9 e 16,1 % nas áreas reflorestada e cultivada com cana-de-açúcar na profundidade de 0,10-0,20 m, respectivamente. Assim, conclui-se que intervenção humana através de práticas agropecuárias reduz o estoque de carbono no solo a patamares inferiores ao encontrado em condições de mata nativa.

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Biografia do Autor

Ludmila de Freitas

Engenheiro Florestal e Licenciado, Mestre e Doutor em Ciêcias Florestais pela Universidade Federal de Santa Maria, Editor Gerente do periódico Ciencia Florestal/CCR/UFSM, servidor publico federal da Universidade Federal de Santa Maria desde 1985.

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Publicado

02-04-2018

Como Citar

Freitas, L. de, Oliveira, I. A. de, Casagrande, J. C., Silva, L. S., & Costa Campos, M. C. (2018). ESTOQUE DE CARBONO DE LATOSSOLOS EM SISTEMAS DE MANEJO NATURAL E ALTERADO. Ciência Florestal, 28(1), 228–239. https://doi.org/10.5902/1980509831575

Edição

Seção

Artigos