Associação micorízica em espécies arbóreas, atividade microbiana e fertilidade do solo em áreas degradadas de cerrado

Autores

  • Márcia Helena Scabora UFSM
  • Kátia Luciene Maltoni
  • Ana Maria Rodrigues Cassiolato

DOI:

https://doi.org/10.5902/198050983232

Palavras-chave:

“área de empréstimo”, C-CO2 liberado, subsolo, revegetação

Resumo

A recuperação de áreas de obras das barragens, em especial de "áreas de empréstimos", é difícil e consiste em um processo lento, visto que toda a vegetação e a camada fértil do solo foram removidas. Intervenções nessas áreas poderiam acelerar o processo de revegetação. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a associação de fungos micorrízicos arbusculares (FMA) em espécies arbóreas, atividade microbiana pela respiração basal e fertilidade em áreas degradadas de cerrado. Utilizou-se solo de duas áreas, solo de pastagem e subsolo exposto. Adubações orgânica e mineral, além da calagem, foram efetuadas nas covas, visando a um melhor crescimento inicial das mudas, assim como, 50 mL de solo de cerrado preservado como inoculante de microrganismos. Mudas de 11 espécies arbóreas foram plantadas ou seja: Anadenanthera falcata (Benth.) Speg. (angico-preto), Acacia polyphylla D.C. (monjoleiro), Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (barbatimão), Dimorphandra mollis Benth (faveiro), Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne (jatobá-de-cerrado), Dipteryx alata Vog. (baru), Machaerium acutifolium Vogel (jacarandá-do-campo), Schinus terebinthifolia Raddi (aroeira-pimenteira), Magonia pubescens St. Hil. (tingui), Lafoensia pacari St. Hil. (dedaleira) e Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. (ipê-amarelo). Doze meses após a instalação do experimento, amostras de raízes foram coletadas na camada de 0-0,10 m para as avaliações. O subsolo, em relação ao solo de pastagem, continuou pobre em matéria orgânica e com menor atividade microbiana. As maiores porcentagens de colonização micorrízica por FMA foram observados nas espécies Acacia polyphylla D.C. (monjoleiro), Magonia pubescens St. Hil. (tingui), Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne (jatobá-de-cerrado) e Schinus terebinthifolia Raddi (aroeira-pimenteira). Tais espécies podem ser indicadas para projetos de revegetação em áreas degradadas de cerrado. As plantas das duas áreas exibiam altas porcentagens de colonização micorrízica e o solo ou subsolo baixo número de esporos de fungos micorrízicos arbusculares.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALCARDE, J. C. et al. Os adubos e a eficiência das adubações. São Paulo: ANDA, 1998. 35 p. (Boletim Técnico, 3)

ANDERSON, T. H.; DOMSCH, K. H. Ratios of microbial biomass carbon to total organic carbon in arable soils. Soil Biology and Biochemistry, Elmsford, v. 21, n. 4, p. 471-479, 1982.

ASBJORNSEN, H.; MONTAGNINI, F. Vesicular-arbuscular mycorrhizal inoculum potential affects the growth of Stryphnodendron microstachyum seedlings in a Costa Rican human tropical lowland. Mycorrhiza, New York, v. 5, n. 1, p. 45-51, 1994.

BRONICK, C. J.; LAL, R. Soil structure and management: a review. Geoderma, Dodrecht, v. 124, n. 1/2, p. 3-22, 2005.

BRUNDETT, M. Mycorrhiza in natural ecosystems. Advances on Ecological Research, London, v. 21, n. 2, p. 171-313, 1991.

BRUNDETT, M. et al. Working with mycorrhizas in forestry and agriculture. Canberra: ACIAR, 1996. p. 417-427.

CAMPBELL, C. A. et al. Effect of crop rotations on microbial biomass, specific respiratory activity and mineralizable nitrogen in a Black Chernozenic soil. Canadian Journal of Soil Science, Ottawa, v. 72, n. 4, p. 417-427, Nov., 1992.

CAPRONI, A. L. et al. Ocorrência de fungos micorrízicos arbusculares em áreas revegetadas após mineração de bauxita em Porto Trombetas, Pará. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 38, n. 12, p. 1409-1418, dez. 2003.

CAPRONI, A. L. et al. Fungos micorrízicos arbusculares em estéril revegetado com Acacia mangium, após mineração de bauxita. Revista Árvore, Viçosa, n. 29, n. 3, p. 373-381, maio/jun. 2005.

CESP. Ilha Solteira: a cidade e a usina. São Paulo:CESP, 1988. 93 p.

COELHO, F. C. et al. Caracterização e incidência de fungos micorrízicos em povoamentos de Eucalyptus grandis e Eucalyptus saligna, nos municípios de Botucatu, São José dos Campos e São Miguel Arcanjo, São Paulo. Revista Árvore, Viçosa, v. 21, n. 4, p. 563-573, 1997.

CRESTANA, M. S. M. et al. Espécies arbóreas nativas do estado de São Paulo recomendadas para reflorestamentos. In:______. Florestas: sistemas de recuperação com essências nativas, produção de mudas e legislação. São Paulo: Imprensa Oficial, 2006. p. 49-84.

DEMATTÊ, J. L. I. Levantamento detalhado dos solos do “Campus experimental de Ilha Solteira”. Piracicaba: Escola Superior Agrícola Luiz de Queiros, 1980. 119 p.

DODD, J. et al. Relative effectiveness of indigenous populations of vesicular-arbuscular mycorrhizal fungi from four sites in Negev. Israel Journal of Botany, Jerusalem, v. 32, p. 10-21, 1983.

FRANCIS, R.; READ, D. J. The contributions of mycorrhizal fungi to the determination of plant community structure. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON MANAGEMENT OF MYCORRHIZAS IN AGRICULTURE, HORTICULTURE AND FORESTRY. Plant and Soil, v. 159, p. 1, 1994.

GERDEMANN, J. W.; NICOLSON, T. H. Spores of mycorrhizal Endogone species extracted from soil by wet sieving and decanting. Transaction British of the Mycological Society, Cambridge, v. 46, n. 2, p. 234-244, Jun. 1963.

GIOVANNETTI, J. W.; MOSSE, B. An evaluation of techniques for measuring vesicular arbuscular mycorrhizal infection in roots. The New Phytologist, Cambridge, v. 84, n. 3, p. 489-500, Mar. 1980.

GROSS, E. et al. Nodulação e micorrização em Anadenanthera peregrina var. falcata em solo de cerrado autoclavado e não autoclavado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 28, n. 1, p. 95-101, jan./fev. 2004

GUADARRAMA, P.; ÁLVAREZ-SÁNCHEZ, F. J. Abundance of arbuscular mycorrhizal fungi for Veracruz, Mexico. Mycorrhiza, Berlin, v. 8, n. 5, p. 267- 270, Mar.1999.

GUERRERO, E. et al. Perspectivas de manejo de la micorriza arbusculares en ecosistemas tropicales. In: GUERRERO, E. Micorrizas, recurso biológico del suelo. Bogotá: Fondo Fen Colombia, 1996. p. 181-206.

JANOS, D. P. Mycorrhizas, succession and the rehabilitation of deforested lands in the humid tropics. In: FRANKLAND, J. C. et al. (Eds.) Fungi and environmental change. Cambridge, UK, Cambridge University Press, 1996. p. 129-162. (British Mycological Society Symposium. v.20).

JASPER, D. A. et al. Soil disturbance in native ecosystems – The decline and recovery of infectivity of VA mycorrhizal fungi. In: READ, D. J. et al., eds. Mycorrhizas in ecosystems. Wallingford: CAB International, 1992. p. 151-155.

JENKINS, W. R. A rapid centrifugal-flotation technique for separating nematodes from soil. Plant Disease Reporter, St. Paul, v. 48, n. 9, p. 692, 1964.

JENKINSOM, D. S. Determination of microbial biomass carbon and nitrogen in soil. In: WILSON, J.R. ed. Advances in nitrogen cycling in agricultural ecossystems. Wallingford: CAB Institute, 1988. p. 368-386.

JESUS, R. M. Revegetação: da teoria à prática. Técnicas de implantação. In: SIMPÓSIO SUL-AMERICANO SOBRE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, 1.; SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, 2., Foz do Iguaçu, 1994. Anais... Curitiba: FUPEF, 1994. p. 123-134.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352 p.

MARTINS, A. K. E. et al. Crescimento e de parte aérea de cinco espécies de leguminosas submetidas a substrato compactado. Revista Ciência Agroambiental, Tocantins, v. 1, p. 75-81, 2006.

MERCANTE, F. M. et al. Atributos microbiológicos avaliados em cultivo de mandioca sob diferentes coberturas de solo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MANDIOCA, 11., Campo Grande, 2005. Anais... Campo Grande: Governo do Estado ; Dourado: Embrapa Agropecuária Oeste, 2005.

MELLONI, R. et al. Características biológicas de solos sob mata ciliar e campo cerrado no sul de Minas Gerais. Ciência Agrotecnia, Lavras, v. 25, n. 1, p. 7-13, 2001.

MONTAGNINI, F.; SANCHO, F. Nutrient budgets of young plantations with native trees: strategies for sustained management. In: BENTHEY, W.; GOWEN, M. (Ed.). Forest sources and wood-based biomass energy as rural development assets. New Delhi: Oxford and IBH Publishing, 1994. p. 213-233.

OLIVEIRA-FILHO, A. T. Estudos ecológicos da vegetação como subsídios para programas de revegetação com espécies nativas: uma proposta metodológica. Lavras-MG. Revista Cerne, Lavras, v. 1, v. 1, p. 64-72, 1994.

PARROTA, J. A. et al. The effect of overstory composition on understory woody regeneration and species richness on 7-year-old plantations in Costa Rica. Forest Ecology and Management, v. 99, v. 1/2, p. 21-42, Dec. 1997.

PEREIRA, J. A. A.; OLIVEIRA, C. A. Efeitos do Eucalyptus camaldulensis sobre a colonização micorrízica e a nodulação em Dimorphandra mollis e Stryphnodendron adstringens, em Brasilândia, Minas Gerais. Revista Cerne, Lavras, v. 11, n. 4, p. 409-415, nov./dez. 2005.

RAIJ, B. V.; QUAGGIO, J. A. Métodos de Análises de Solos para fins de Fertilidade. Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, 1983. 31 p. (Boletim Técnico, 81).

RAIJ, B. V. et al. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 1997. 285 p. (Boletim Técnico, 100).

RILLIG, M. C.; MUMMEY, D. L. Mycorrhizas and soil structure. New Phytologist, Sheffield, v. 171, n., p. 41-53, jul. 2006.

RODRIGUES, R. R.; GANDOLFI, S. Conceitos, tendências e ações para a recuperação de florestas ciliares. In: RODRIGUES, R. R.; LEITÃO FILHO, H. F. eds. Matas Ciliares: conservação e recuperação. São Paulo: Edusp/Fapesp, 2000. p. 233-247.

RODRIGUES, G. B. et al. Dinâmica da regeneração do subsolo de áreas degradadas dentro do bioma Cerrado. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 11, n. 1, p. 73–80, jan./fev. 2007.

SAGGIN-JUNIOR, O. J. Micorrizas arbusculares em mudas de espécies arbóreas do sudeste brasileiro. 1997. 120 f. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas)-Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1997.

SILVA, E. A. et al. Efeito da rochagem e de resíduos orgânicos sobre aspectos químicos e microbiológicos de um subsolo exposto e no crescimento de Astronium fraxinifolium Schott. Revista Árvore, Viçosa, v. 32, n. 2, p. 323-333, mar./apr. 2008.

SILVEIRA, A. P. D.; CARDOSO, E. J. B. N. Arbuscular mycorrhiza and kinetic parameters of phosphorus absorption by bean plants. Science Agricola, Piracicaba, v. 61, n. 2, p. 203-209, mar./apr. 2004.

SIQUEIRA, J. O.; SAGGIN JUNIOR, O. J. Dependency on arbuscular mycorrhizal fungi and responsiveness of some Brazilian native woody species. Mycorrhiza, Berlin, v. 11, n. 5, p. 245-255, Oct. 2001.

SOUZA, F. A.; SILVA, E. M. R. Micorrizas arbusculares na revegetação de áreas degradadas. In: SIQUEIRA, J. O. (Ed.). Avanços em fundamentos e aplicação de micorrizas. Lavras: Universidade Federal de Lavras/DCS e DCF, 1996. p. 255-290.

SOUZA, V. et al. Estudos sobre fungos micorrízicos. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 10, n. 3, p. 612–618, jul./set. 2006

THOMAZINI, L. I. Mycorrhiza in plants of the “Cerrado”. Plant and Soil, Netherlands, v. 41, n. 3, p. 707-711, Dec. 1974

ZANGARO FILHO, W. et al. Mycorrhizal dependency, inoculum potential and habitat preference of native woody species in South Brazil. Journal of Tropical Ecology, Cambridge, v. 16, n. 4, p. 603-622, Julyder 2000.

ZANGARO FILHO, W. et al. Micorriza arbuscular em espécies arbóreas nativas da bacia do rio Tibagi, Paraná. Revista Cerne, Lavras, v. 8, n. 1, p. 77-87, 2002.

Downloads

Publicado

30-06-2011

Como Citar

Scabora, M. H., Maltoni, K. L., & Cassiolato, A. M. R. (2011). Associação micorízica em espécies arbóreas, atividade microbiana e fertilidade do solo em áreas degradadas de cerrado. Ciência Florestal, 21(2), 289–301. https://doi.org/10.5902/198050983232

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)