Fitossociologia de um brejo de altitude no semiárido brasileiro: variação das espécies dominantes ao longo do gradiente altitudinal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509821231

Palavras-chave:

Floresta montana, Serra dos Cavalos, Nível altitudinal, Comunidade arbórea

Resumo

Neste estudo, objetivou-se caracterizar a composição e estrutura da comunidade arbórea da Serra dos Cavalos, em Pernambuco, buscando inferir sobre a influência do gradiente altitudinal na variação das espécies de maior Valor de Importância (VI). Para isto, foi realizado um estudo fitossociológico em que foram mensurados todos os indivíduos vivos com circunferência a altura do peito (CAP) > 15 cm. Foram avaliados os descritores fitossociológicos clássicos em três diferentes níveis altitudinais (base, nível intermediário e topo). Foram registrados 1.500 indivíduos ao longo de toda a serra, distribuídos em 56 espécies e 29 famílias. O primeiro nível altitudinal (N1) apresentou 44 espécies, no nível intermediário (N2) foram encontradas 37 espécies e, no terceiro nível (N3), 41 espécies. A diferença na composição das espécies ao longo da altitude foi pequena. Os valores de densidade diferiram entre os níveis, com maior densidade no N2, possivelmente devido a frequentes perturbações antrópicas. Entre as dez espécies de maior valor de importância (VI) para cada nível altitudinal, Byrsonima sericea DC., Eriotheca crenulaticalyx A. Robyns, Tapirira guianensis Aubl. e Ocotea glomerata (Ness) Mez são espécies comuns para as três altitudes, porém, alternam a posição do VI ao longo da serra. A variação dos descritores fitossociológicos entre os níveis pode ser consequência da variação da importância destas espécies, resultado das modificações ambientais características de cada nível de elevação. O sucesso em explorar os recursos por parte dessas espécies em todos os níveis contribuiu para a alta similaridade florística em todo o gradiente, além de definir a estrutura dessa floresta de brejo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Thallyta Guimarães Araujo, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, PB

Bióloga, MSc., Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Estadual da Paraíba.

Augusto Barbosa de Queiroz, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, PB

Doutorando em Ecologia do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da Universidade Federal do Ceará.

Sérgio de Faria Lopes, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, PB

Biólogo, Dr., Professor do Departamento de Biologia, Universidade Estadual da Paraíba.

Referências

AGÊNCIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS (PE). Diagnóstico para recuperação do Parque Ecológico João Vasconcelos-Sobrinho. Recife, 1994. (Série Biblioteca do Meio Ambiente, 1).

ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP III. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, London, v. 161, n. 2, p. 105-121, 2009.

ANDRADE, L. A. et al. Análise florística e estrutural de matas ciliares de ocorrentes em brejo de altitude, no município de Areia, Paraíba. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, Recife, v. 1, p. 31-40, 2006.

BOEGER, M. R. et al. Variações morfo-anatômicas dos folíolos de Tapirira guianensis Aubl. em relação a diferentes estratos da floresta. Biotemas, Florianópolis, v. 11, n. 2, p. 27-38, 1998.

BOTREL, R. T. et al. Influência do solo e topografia sobre as variações da composição florística e estrutura da comunidade arbóreo-arbustiva de uma floresta estacional semidecidual em Ingaí, MG. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 195-213, 2002.

BRAGA, A. J. T.; LIMA, E. E.; MARTINS, S. V. Influência dos fatores edáficos na variação florística de Floresta Estacional Semidecidual, em Viçosa, MG. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 39, n. 4, p.623-633, 2015.

CARVALHO, D. A. et al. Variações florísticas e estruturais do componente arbóreo de uma Floresta Ombrófila Alto-Montana às margens do rio Grande, Bocaina de Minas, MG, Brasil. Acta Botânica Brasilica, Belo Horizonte, v. 19, n. 1, p. 91-109, 2005.

CAVALCANTI, D. R.; TABARELLI, M. Distribuição das plantas amazônico-nordestinas no centro de endemismo Pernambuco: brejos de altitude vs. florestas de terras baixas. In: PÔRTO, K. C.; CABRAL, J. J. P.; TABARELLI, M. (Ed.). Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba: história natural, ecologia e conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004. p. 285-296.

CESTARO, L. A.; SOARES, J. J. Variações florística e estrutural e relações fitogeográficas de um fragmento de floresta decídua no Rio Grande do Norte, Brasil. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 18, n. 2, p. 203-218, 2004.

CORAIOLA, M.; NETTO, S. P. Análise da estrutura dimensional de uma floresta estacional semidecidual localizada no município de Cássia-MG: estrutura volumétrica. Revista Acadêmica: Ciência Animal, Curitiba, v. 1, n. 4, p. 11-24, 2017.

COTTAM, G.; CURTIS, J. T. The use of distance measures in phytosociological sampling. Ecology, Washington, v. 37, n. 45, p. 1-460, 1956.

DUQUE, A. et al. Distance Decay of tree species similarity in protected areas on terra firme forests in Colombian Amazonia. Biotropica, Gainesville, v. 10, p. 1-9, 2009.

DURIGAN, G. et al. Estrutura e diversidade do componente arbóreo da floresta na Estação Ecológica dos Caetetus, Gália, SP. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 23, n. 4, p. 371-383, 2000.

ESPÍRITO-SANTO, F. D. B. et al. Variáveis ambientais e a distribuição de espécies arbóreas em um remanescente de floresta estacional semidecídua montana no campus da Universidade Federal de Lavras, MG. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 16, n. 3, p. 331-356, 2002.

FARIAS, S. G. G. et al. Physiognomy and vegetation structure in different environments of "caatinga" in" Serra Talhada" Pernambuco State, Brazil/Fisionomia e estrutura de vegetação de caatinga em diferentes ambientes em Serra Talhada--Pernambuco. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 26, n. 2, p. 435-449, 2016.

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Mapa de remanescentes da Floresta Atlântica nordestina. In: SOCIEDADE NORDESTINA DE ECOLOGIA, CONSERVATION INTERNATIONAL; FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS (Ed.). Workshop Prioridades para a Conservação da Floresta Atlântica do Nordeste. Recife, 1993.

GENTRY, A. H. Changes in plant community diversity and floristic composition on environmental and geographical gradients. Annals of Missouri Botanical Garden, Missouri, v. 75, p. 1-34, 1988.

GOMES, J. A. M. A., BERNACCI, L. C.; JOLY, C. A. Floristic and structural differences, between two altitudinal quotas, of the Submontane Atlantic Rainforest within the Serra do Mar State Park, municipality of Ubatuba/SP, Brazil. Biota Neotropica, Campinas, v. 1, n. 2, p. 123-137, 2011.

HAMMER, O.; HARPER, D. T. A.; RYAN, P. D. PAST: Paleontological Statistics software package for education and data analysis. Paleontologia Electronica, California, v. 4, n. 1, p. 9, 2001.

HOMEIER, J. et al. Tree Diversity, Forest Structure and Productivity along Altitudinal and Topographical Gradients in a Species‐Rich Ecuadorian Montane Rain Forest. Biotropica, Gainesville, v. 42, n. 2, p. 140-148, 2010.

IBGE. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro, 2012. (Manuais Técnicos em Geociências, 1).

IVANAUSKAS, N. M.; MONTEIRO, R.; RODRIGUES, R. R. Similaridade florística entre áreas de Floresta Atlântica no Estado de São Paulo. Brazilian Journal of Ecology, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 71-81, 2000.

KELLMAN, M. Geographic patterning in tropical weed communities and early secondary successions. Biotropica, Gainesville, p. 34-39, 1980.

KRAFT, N. J. B. et al. Disentangling the drivers of β diversity along latitudinal and elevational gradients. Science, Washington, v. 333, n. 6050, p. 1755-1758, 2011.

LOPES, S. F. et al. Historical review of studies in seasonal semideciduous forests in Brazil: a perspective for conservation. Brazilian Geographical Journal: Geosciences and Humanities Research Medium, Uberlândia, v. 2, p. 21-40, 2012.

LOPES, S. F.; RAMOS, M. B.; ALMEIDA G. R. The Role of Mountains as Refugia for Biodiversity in Brazilian Caatinga: Conservationist Implications. Tropical Conservation Science, San Andrés, v. 10, p. 1-12, 2017.

MEIRELES, L. D.; SHEPHERD, G. J.; KINOSHITA, L. S. Variações na composição e na estrutura fitossociológica de uma floresta ombrófila densa alto-montana na Serra da Mantiqueira, Monte Verde, MG. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 31, n. 4, p. 559-574, 2008.

MONTEIRO, E. A.; FISCH, S. T. V. Estrutura e padrão espacial das populações de Bactris setosa Mart. e B. hatschbachii Noblick ex A. Hend (Arecaceae) em um gradiente altitudinal, Ubatuba (SP). Biota Neotropica, Campinas, v. 5, n. 2, p. 1-7, 2005.

MORELLATO, L. P. C. The Brazilian Atlantic Forest. Biotropica, Gainesville, v. 32, n. 4b, p. 786-792, 2000.

NASCIMENTO, L. M.; RODAL, M. J. N. Fisionomia e estrutura de uma floresta estacional montana do maciço da Borborema, Pernambuco – Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 27-39, 2008.

OLIVEIRA, A. A.; MORI, S. A. A. central Amazonian terra firme Forest. I: high tree species richness on poor soils. Biodiversity and Conservation, Holanda, v. 8, n. 9, p. 1219-1244, 1999.

OLIVEIRA, F. X.; ANDRADE, L. A.; FELIX, L. P. Comparações florísticas e estruturais entre comunidades de floresta ombrófila aberta com diferentes idades, no município de Areia, PB, Brasil. Acta Botânica Brasilica, Belo Horizonte, v. 20, n. 4, p. 861-873, 2006.

OLIVEIRA, P. T. B. et al. Florística e fitossociologia de quatro remanescentes vegetacionais em áreas de serra no cariri paraibano. Revista Caatinga, Mossoró, v. 22, p. 169-178, 2009.

OLIVEIRA FILHO, A. T. et al. Estrutura fitossociológica e variáveis ambientais em um trecho da mata ciliar do córrego dos Vilas Boas, Reserva Biológica do Poço Bonito, Lavras (MG). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 17, p. 67-85, 1999.

OLIVEIRA FILHO, A. T.; RATTER, J. A. A study of the origin of central Brazilian forests by the analysis of plant species distribution patterns. Edinburgh Journal of Botany, Cambridge, v. 52, n. 2, p. 141-194, 1995.

OLIVEIRA FILHO, A. T.; RATTER, J. A. Padrões florísticos das matas ciliares da região do cerrado e a evolução das paisagens do Brasil Central durante o Quaternário Tardio. In: MATAS ciliares: conservação e recuperação. São Paulo: EDUSP, 2000. v. 2. p. 73-89.

PEEL, M. C.; FINLAYSON, B. L.; MCMAHON, T. A. Updated world map of the Köppen-Geiger climate classification. Hidrology and Earth System Sciences Discussions, Munique, v. 4, p. 439-473, 2007.

PINTO, M. S. C.; SAMPAIO, E. V. S. B.; NASCIMENTO, L. M. Florística e estrutura da vegetação de um brejo de altitude em Pesqueira, PE, Brasil. Revista Nordetina de Biologia, João Pessoa, v. 21, n. 1, p. 47-79, 2012.

PROCTOR, J. et al. Ecological studies on Gunung Silam, a small ultrabasic mountain in Sabah, Malaysia. Journal of Ecology, London, v. 76, n. 2, p. 320-340, 1988.

SHEPHERD, G. J. Fitopac. File Version 2.1.2.85. Campinas: Unicamp, 2010.

SILVA, W. G. et al. Relief influence on tree species richness in secondary forest fragments of Atlantic Forest, SE, Brazil. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 22 n. 2. p. 289-298, 2008.

SILVA, F. K. G. et al. Patterns of species richness and conservation in the Caatinga along elevational gradients in a semiarid ecosystem. Journal of Arid Environments, New York, v. 110, p. 47-52, 2014.

SILVA, M. A. M. et al. Does the plant economics spectrum change with secondary succession in the forest? Trees, Germany, v. 29, n. 5, p. 1521-1531, 2015.

TAVARES, M. C. G. et al. Fitossociologia do componente arbóreo de um trecho de floresta ombrófila montana do Parque Ecológico João Vasconcelos Sobrinho, Caruaru, Pernambuco. Naturalia, São Paulo, v. 25, p. 243-270, 2000.

TUOMISTO, H.; RUOLOLAINEN, K.; YLI-HALLA, M. Dispersal, environment, and floristic variation of western Amazonian forests. Science, Washington, v. 299, p. 241-244, 2003.

URBANETZ, C. et al. Composição e distribuição de espécies arbóreas em gradiente altitudinal, Morraria do Urucum, BRASIL. Oecologia Australis, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 859-877,2013.

VASCONCELOS SOBRINHO, J. Os brejos de altitude e as matas serranas. In: PERNAMBUCO. As regiões naturais do Nordeste, o meio e a civilização. Recife: Conselho de Desenvolvimento de Pernambuco, 1970. p. 79-86.

WEBB, C. O.; PEART, D. R. Habitat associations of trees and seedlings in a Bornean rain forest. Journal of Ecology, London, v. 88, n. 3, p. 464-478, 2000.

WHITTAKER, R. J.; WILLIS, K. J.; FIELD, R. Scale and species richness: towards a general, hierarchical theory of species diversity. Journal of Biogeography, Malden, v. 28, n. 4, p. 453-470, 2001.

ZHAO, C. M. et al. Altitudinal pattern of plant species diversity in Shennongjia Mountains, Central China. Journal of Integrative Plant Biology, Malden, v. 47, p. 1431-1449, 2005.

Downloads

Publicado

30-06-2019

Como Citar

Araujo, T. G., Queiroz, A. B. de, & Lopes, S. de F. (2019). Fitossociologia de um brejo de altitude no semiárido brasileiro: variação das espécies dominantes ao longo do gradiente altitudinal. Ciência Florestal, 29(2), 779–794. https://doi.org/10.5902/1980509821231

Edição

Seção

Artigos