RELAÇÕES SOLO–VEGETAÇÃO EM “ILHAS” FLORESTAIS E SAVANAS ADJACENTES, NO NORDESTE DE RORAIMA

Autores

  • Keily Katiany Almeida Feitosa
  • José Frutuoso do Vale Júnior
  • Carlos Ernesto Gonçalves Reynaud Schaefe
  • Maria Ivonilde Leitão de Sousa
  • Pedro Paulo Ramos Ribeiro Nascimento

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509821098

Palavras-chave:

mudanças climáticas e solos, solos da Amazônia, paleoecologia da Amazônia, ecologia de solos.

Resumo

http://dx.doi.org/10.5902/1980509821098

O estudo de solos em ilhas florestais inseridas em áreas de domínio de savanas é fundamental para compreender os processos de formação da paisagem. Este trabalho caracterizou propriedades morfológicas, físicas e químicas de solos em quatro fragmentos naturais de florestas de ocorrência no mosaico savana-floresta em Roraima, norte da Amazônia. O método consistiu em transectos atravessando as ilhas nos sentidos leste–oeste e norte–sul, onde foram abertas cinco trincheiras para a coleta de amostras e estudos de solos. Nas áreas de savana contíguas a cada ilha foram estabelecidos transectos de 100 m de comprimento e abertas cinco trincheiras equidistantes para caracterização química e física do solo comparativa. Os Latossolos foram as classes de solos predominantes nas quatro ilhas investigadas, seguida de Argissolos e Plintossolos, todos predominantemente oligotróficos (distróficos, de baixa CTC, ácidos). Condições químicas e físicas melhores foram verificadas nos solos das ilhas florestais em relação às áreas de savana circundantes, numa mesma classe de solo. Assim, embora a classe de solo não tenha variado entre diferentes fitofisionomias em um dado gradiente, características químicas e físicas específicas variaram e podem exercer influência positiva no estabelecimento de vegetação florestada. Embora florestas e savanas ocorram lado a lado, em mosaico, o clima atual com longa estação seca é concordante com a existência da savana em relevo plano e a ocorrência das ilhas florestais parece condicionada a variações físico-químicas sutis dos solos, sem necessidade de invocar uma relação com oscilações paleoclimáticas. Estudos mais aprofundados posteriores poderão testar a hipótese de contração ou expansão florestal durante o Quaternário, buscando evidências de que tais ilhas possam representar relíquias paleoclimáticas imersas em domínio savânico.

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Publicado

31-03-2016

Como Citar

Feitosa, K. K. A., Vale Júnior, J. F. do, Schaefe, C. E. G. R., Sousa, M. I. L. de, & Nascimento, P. P. R. R. (2016). RELAÇÕES SOLO–VEGETAÇÃO EM “ILHAS” FLORESTAIS E SAVANAS ADJACENTES, NO NORDESTE DE RORAIMA. Ciência Florestal, 26(1), 135–146. https://doi.org/10.5902/1980509821098

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