Semeadura direta de espécies florestais para restauração ecológica na transição Pampa – Mata Atlântica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509868327

Palavras-chave:

Transição ecotonal, Desenvolvimento inicial, Clima temperado

Resumo

As regiões de transição ecotonal são negligenciadas em estudos florísticos e de restauração ecológica, apesar da vasta ocorrência e relevância socioeconômica. O presente estudo avaliou a emergência e o desenvolvimento inicial de espécies florestais da transição ecotonal entre Pampa e Mata Atlântica, em semeadura direta, usando adubação-verde na entrelinha (Canavalia ensiformis). Testamos dezesseis espécies e avaliamos os índices de emergência, sobrevivência e a altura de plântulas, mensalmente, por doze meses. Seis espécies emergiram e se estabeleceram, apresentando valores médios de emergência de 7%, índice de sobrevivência de 73% e altura de 20 cm.  Espécies de sementes maiores tiveram maiores índices de emergência. Todas as leguminosas do estudo emergiram (Enterolobium contortisiliquum, Parapiptadenia rigida, Bauhinia forficata e Mimosa bimucronata). A pitangueira (Eugenia uniflora) foi a única espécie de semente recalcitrante a apresentar emergência. A cobertura do feijão-de-porco proporcionou maior estabelecimento para Annona sylvatica e Enterolobium contortisiliquum, com significância estatística pelo teste de Wilcoxon. Para futuros estudos sobre semeadura direta, recomendamos aprofundamento na qualidade e tamanho das sementes florestais, nas respostas em clima temperado, na época de semeadura, densidade e profundidade ideais. Para a cobertura verde recomendamos maior densidade de semeadura e consórcio com outras espécies, inclusive herbáceas e arbustivas nativas.

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Biografia do Autor

Matheus Degrandi Gazzola, Universidade Federal de Santa Maria

Possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Santa Maria. É mestrando no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola (PPGEA) da UFSM, e integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas (NEPRADE). Tem experiência em identificação de espécies florestais e em implantações e planejamentos de Sistemas Agroflorestais e outras formas de restauração ecológica. 

Ana Paula Moreira Rovedder, Universidade Federal de Santa Maria

Engenheira florestal, Dra. em Ciência do Solo, Prof. Associada da Universidade Federal de Santa Maria pelo Departamento de Ciências Florestais. Orientadora de mestrado e doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal e pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, supervisora de pós-doutorado. Bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora do CNPq. Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas (NEPRADE). É uma das fundadoras da Rede Sul de Restauração Ecológica e integra sua gestão atual.. É integrante da Coalizão pelo Pampa, assessora técnica do Programa de Ações Territoriais para conservação de espécies ameaçadas de extinção Campanha Sul e Serra do Sudeste, colaboradora do Observatório da Restauração e do Reflorestamento (Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura) e representante brasileira no Capítulo Íbero-Americano e Caribenho (SER-IAC) da Society for Ecological Restoration (SER). Em 2021 recebeu o Prêmio O Futuro da Terra na categoria Preservação Ambiental, concedido pela FAPERGS/Jornal do Comércio. Desenvolve pesquisa e extensão em restauração ecológica, restauração produtiva, relação solo-floresta e invasão biológica nos biomas Pampa e Mata Atlântica. 

Jhonitan Matiello, Universidade Federal de Santa Maria

Técnico em Agropecuária pelo IFRS - Campus Sertão e Engenheiro Florestal pela Universidade Federal de Santa Maria e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal. Faz parte do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas (NEPRADE/UFSM) desde 2015. Integra o projeto "Espécies nativas para usos paisagísticos: descobrindo e validando o potencial da flora do Bioma Pampa". Possui interesse de atuação em áreas de Paisagismo, usos múltiplos sustentáveis da flora nativa e restauração ecológica.

Ricardo Bergamo Schenato, Universidade Federal de Santa Maria

Graduou-se em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), possui mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo (2009) dessa mesma instituição e doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Foi professor da Unipampa - Campus Alegrete entre 2010 e 2013 e atualmente é professor no Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa Maria, atuando nas áreas de Pedometria, Morfologia, Gênese e Classificação de solos, Relação solo-vegetação, Modelagem Ambiental e Sistemas Agroflorestais

Jessica Puhl Croda, Universidade Federal de Santa Maria

Graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Santa Maria, campus Frederico Westphalen, RS, com período de Mobilidade Acadêmica Nacional na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, RJ (2016). Mestrado em Engenharia Agrícola (PPGEA/UFSM) na área de concentração de Engenharia Agroambiental (2018). Doutorado em andamento em Engenharia Florestal (PPGEF/UFSM) (2019). Residência Agroflorestal pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR) campus Rolim de Moura, RO (2018). Docente voluntária na Escola Família Agrícola Jean Pierre Mingan (Acrelândia, AC, 2017). Possui experiência trabalhando com Sistemas Agroflorestais, com destaque para a região sudeste pela Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ, 2016), na Amazônia pelo Projeto RECA (Porto Velho, RO, 2018) e na região Sul pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas (NEPRADE/UFSM, 2017). Realiza pesquisas e extensão em SAF voltados para a Agricultura Familiar e a Agroecologia, além de estudos em Restauração Ecológica e Recuperação de Áreas Degradadas. Atua no Programa Conexus Bioma Pampa, desenvolvendo pesquisa de forma participativa com os Assentamentos da Reforma Agrária, com enfoque na abordagem Nexus (FAO) e nos quintais agroflorestais. Compõe o Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente da regional metropolitana do MST/MG e o Coletivo Agroecologia Paraopeba.

Betina Camargo, Universidade Federal de Santa Maria

Engenheira Florestal pela Universidade Federal de Santa Maria (2017), mestre em Engenharia Florestal pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola UFSM (2020). Atualmente é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola da UFSM, onde desenvolve pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas, com ênfase no desenvolvimento de estratégias para controle da espécie invasora Eragrostis plana Nees. Colaboradora no Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas (NEPRADE) da UFSM. Possui experiência na área de restauração ecológica, indicadores para monitoramento de áreas em restauração e sistemas agroflorestais biodiversos, no sul do Brasil

Bruna Balestrin Piaia, Universidade Federal de Santa Maria

Possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Santa Maria (2012), mestrado (2015) e doutorado (2021) em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Realizou pós-doutorado em Engenharia Agrícola na UFSM. Atualmente é diretora técnica na B&A Ambiental Company. Tem experiência na área de Recursos Florestais, restauração ecológica e recuperação de áreas degradadas.

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Publicado

13-09-2023

Como Citar

Gazzola, M. D., Rovedder, A. P. M., Matiello, J., Schenato, R. B., Croda, J. P., Camargo, B., & Piaia, B. B. (2023). Semeadura direta de espécies florestais para restauração ecológica na transição Pampa – Mata Atlântica. Ciência Florestal, 33(3), e68327. https://doi.org/10.5902/1980509868327

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