Efeito do fogo na abundância e diversidade fúngica no solo do Cerrado
DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509854717Palavras-chave:
Microbiota fúngica, Queima prescrita, Savana brasileiraResumo
A realização de queimas prescritas, com diferentes objetivos de gestão e manejo, vem sendo aplicada mais frequentemente em áreas protegidas. Com o intuito de compreender o efeito do fogo, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a abundância e a diversidade dos microrganismos fúngicos em resposta ao uso do fogo e incêndios florestais. As amostras de solo anterior e após a queimada foram coletadas, sendo os fungos isolados pelo método de plaqueamento, posteriormente quantificados por meio da contagem das unidades formadoras de colônia (UFC g-1) e identificados ao nível de gênero. A média de UFC g-1 não apresentou diferença significativa entre os regimes de fogo avaliados, no entanto houve diferença significativa (p<0,05) para diversidade, tendo os dois anos de incêndios ocasionado menor diversidade de gênero. Os gêneros Aspergillus e Penicillium estiveram presentes em todas as áreas amostradas, com maiores valores de UFC g-1,enquanto os gêneros Mucor e Rhizopus apresentaram os menores valores. A média de unidade formadora de colônia (UFC g-1) e diversidade antes e após a queima prescrita diferiram estatisticamente (p<0,05), sendo que a média de UFC g-1 teve redução e a diversidade apresentou aumento após a passagem do fogo em todas as áreas avaliadas. A maior redução da média de UFC g-1 ocorreu para o mês de julho. Os valores de coeficientes de correlação de Pearson obtidos demonstraram correlação negativa significativa entre a média de UFC g-1, a diversidade e a temperatura (r=0,70; r=-0,98 e p<0,05). A variável diversidade apresentou correlação negativa com a temperatura, precipitação e umidade relativa do ar (r=-0,56; r=-0,86; r=-0,86 e p<0,05), indicando que houve influência direta destas variáveis na abundância e diversidade dos fungos do solo. Os parâmetros do solo (alumínio, acidez trocável, capacidade de troca de cátions, cálcio, magnésio, cálcio e magnésio, fósforo, pH, saturação por base e de alumínio) possuem relação direta com os fungos do solo.
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