Estrutura, composição florística e relações ambientais da regeneração natural em uma floresta estacional semidecidual
DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509848183Palavras-chave:
Recrutamento vegetal, Variáveis ambientais, Áreas privadas protegidas, Floresta AtlânticaResumo
O objetivo deste estudo foi descrever a florística e estrutura da regeneração natural do estrato arbustivo-arbóreo em um fragmento florestal no sul do estado do Espírito Santo, bem como verificar a interação da vegetação com algumas variáveis ambientais selecionadas. Foi desenvolvido na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Cafundó, em doze subparcelas de 1 x 20 m, onde foram delimitadas três classes de tamanho - classe 1 (plantas entre 0,1 e 1 m de altura), classe 2 (1,1 e 3 m de altura) e classe 3 (altura maior que 3 m e menor que 5 cm DAP). A RPPN possui uma área de 517 ha, onde 358 ha foram utilizados para alocação das unidades experimentais. Os indivíduos foram classificados quanto ao grupo ecológico e síndrome de dispersão. Foi calculado o índice de diversidade, equabilidade, densidade e frequência das espécies e a similaridade de Sorensen entre o estrato regenerante e adulto. A interação do estrato regenerante com variáveis ambientais foi realizada através da Análise de Correspondência Canônica. Foram amostrados 678 indivíduos, distribuídos em 73 espécies/morfoespécies, sendo Actinostemon klotzschii e Goniorrhachis marginata as mais abundantes. A similaridade entre regeneração e estrato arbóreo foi 29%. O grupo ecológico e a dispersão predominante, respectivamente, foram secundária tardia e zoocoria. A diversidade de Shannon (H’) foi 3,13 e equabilidade de 0,72. As espécies Goniorrhachis marginata, Actinostemon klotzschii e Psychotria carthagenensis tiveram correlação com carbono (C), fósforo (P), declividade e cobertura de dossel. Concluiu-se que a regeneração natural na área estudada possui elevada riqueza e densidade de indivíduos quando comparado a estudos desenvolvidos na mesma fitofisionomia. As variáveis ambientais estudadas parecem ter pouca influência na distribuição das espécies da regeneração natural, uma vez que apenas o carbono, o fósforo, a declividade e a cobertura do dossel explicaram parte da distribuição das espécies no fragmento.
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