INTER-RELAÇÃO ENTRE PAISAGEM, ORGANIZAÇÃO FLORÍSTICO-ESTRUTURAL E DEMOGRAFIA DO COMPONENTE ARBÓREO EM FLORESTA COM ARAUCÁRIA

Autores

  • Aline Pereira Cruz
  • Pedro Higuchi
  • Ana Carolina da Silva
  • Ricardo de Vargas Kilca
  • Juliana Pizutti Dallabrida
  • Karine Souza
  • Carla Luciane Lima
  • Vanessa Fátima Soboleski
  • Amanda da Silva Nunes
  • Rodineli Loebens

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509831579

Palavras-chave:

modelagem de equações estruturais, fragmentação florestal, Floresta Ombrófila Mista.

Resumo

Objetivou-se verificar as interações entre a configuração espacial da paisagem, a organização florístico-estrutural e as taxas demográficas do componente arbóreo em um sistema de fragmentos e corredores de floresta com araucária em Lages, Santa Catarina. Para isso, foi elaborado um modelo conceitual das possíveis inter-relações, que foi avaliado pela técnica de Modelagem de Equações Estruturais. No ano de 2010, foram obtidos as métricas da paisagem (área, distância do vizinho mais próximo e relação borda e o interior da floresta) e os dados do primeiro inventário florestal. Neste caso, foram alocadas parcelas permanentes em cinco fragmentos e corredor florestal, onde todos os indivíduos arbóreos com CAP (circunferência a altura do peito, medida a 1,30 do solo) igual ou superior a 15,7 cm foram identificados e mensurados. Em 2014 foi realizado o segundo inventário, com a inclusão de indivíduos recrutas, contagem de mortos e sobreviventes, e foram calculadas as taxas demográficas. Os dados foram analisados por meio da Análise de Componentes Principais (PCA), Análise de Coordenadas Principais (PCoA), Modelagem de Equações Estruturais e Modelos Lineares Generalizados (GLM). Os resultados demonstraram que a estrutura da paisagem (PCA 1) exerceu influência apenas sobre a organização florístico-estrutural do componente arbóreo, indicada pela distribuição preferencial de espécies arbóreas em função da intensidade da fragmentação. Por sua vez, as taxas demográficas (taxas de ganho e perda em área basal e de mortalidade) foram influenciadas por aspectos estruturais da vegetação (abundância e área basal). Conclui-se que existem variações florístico-estruturais associadas à configuração espacial dos fragmentos na paisagem e que as taxas demográficas apresentam relação com o estágio sucessional da floresta, sintetizado pelas variáveis estruturais de área basal e abundância.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALVARES, C. A. et al. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, Stuttgart, v. 22, n. 6, p. 711-728, 2014.

BERNACCI, L. C. et al. O efeito da fragmentação florestal na composição e riqueza de árvores na região da Reserva Morro Grande (Planalto de Ibiúna, SP). Revista do Instituto Florestal, Piracicaba, v. 18, p. 121-166, 2006.

BORCARD, D.; GILLET, F.; LEGENDRE, P. Numerical ecologywith R. New York: Springer, 2011. 306 p.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Mata Atlântica: patrimônio nacional dos brasileiros. Brasília: MMA, 2010. 408 p.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA 04/94, de 4 de maio de 1994. Diário Oficial da União, Brasília, 17 jun. 1994. Seção 1, p. 8877-8878.

CHHABRA, A., GEIST, H. Multiple impacts of land-use/cover change. In: LAMBIN, E. F.; GEIST, H. J. (Org.). Land-use and land-cover change: local processes and global impacts. New York: Springer Science & Business Media, 2006. p. 71-116.

CONDIT, R.; HUBELL, S. P.; FOSTER, R. B. Mortality rates of 205 Neotropical tree and shrub species and the impact of a severe drought. Ecological Monographs, Washington, v. 65, n. 4, p. 419-439, 1995.

FERREIRA, T. S. et al. Composição florístico-estrutural ao longo de um gradiente de borda em fragmento de Floresta Ombrófila Mista Alto-Montana em Santa Catarina. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 26, n. 1, p. 123-134, 2016.

FORMENTO, S.; SCHORN, L. A.; RAMOS, R. A. B. Dinâmica estrutural arbórea de uma Floresta Ombrófila Mista em Campo Belo do Sul. Cerne, Lavras, v. 10, n. 2, p. 196-212, 2004.

GOODALE, U. M. et al. Disturbance and tropical pioneer species: patterns of association across life history stages. Forest Ecology and Management, Amsterdam, v. 277, p. 54-66, 2012.

GRACE, J. B. et al. Guidelines for a graph-theoretic implementation of structural equation modeling. Ecosphere, Hoboken, v. 3, n. 8, p. 1-44, 2012.

HALLÉ, F.; OLDEMAN, R. A. A.; TOMLINSON, P. B. Tropical trees and forests. Berlin: Springer-Verlag, 1978. 483 p.

HIGUCHI, P. et al. Estrutura da paisagem e organização da comunidade arbórea em um sistema de fragmentos/corredores no Planalto Catarinense. Ciência Florestal, Santa Maria, no prelo.

HIGUCHI, P. et al. Influência de variáveis ambientais sobre o padrão estrutural e florístico do componente arbóreo, em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana em Lages, SC. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 22, n. 1, p. 79-90, 2012.

IBGE. Mapa de solos do Brasil. 2001. Disponível em: Acesso em: 1 out. 2015.

IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2012. 271 p.

KORNING, J.; BALSLEV, H. Growth and mortality of trees in Amazonian tropical rain forest in Ecuador. Journal of Vegetation Science, Hoboken, v. 5, n. 1, p. 77-86, 1994.

LAURANCE, W. F. et al. Rainforest fragmentation kills big trees. Nature, London, v. 404, n. 6780, p. 836-836, 2000.

LAURANCE, W. F.; VASCONCELOS, H. L. Consequências ecológicas da fragmentação florestal na Amazônia. Oecologia Brasiliensis, Rio de Janeiro, v. 13, n. 3, p. 434-451, 2009.

LEGENDRE, P.; LEGENDRE, L. F. J. Numerical Ecology. Amsterdam: Elsevier, 2012. 1006 p.

LEITE, E. C.; RODRIGUES, R. R. Análise do mosaico silvático em um fragmento de floresta tropical estacional no sudeste do Brasil. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 32, n. 3, p. 443-452, 2008.

LIEBERMAN, D. et al. Growth rates and age-size relationships of tropical wet forest trees in Costa Rica. Journal of Tropical Ecology, Cambridge, v. 1, n. 2, p. 97-109, 1985.

LONGHI, S. J. et al. Classificação e caracterização de estágios sucessionais em remanescentes de Floresta Ombrófila Mista na FLONA de São Francisco de Paula, RS, Brasil. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 16, n. 2, p. 113-125, 2006.

MCGARIGAL, K. et al. FRAGSTATS: spatial pattern analysis program for categorical maps. 2002. Disponível em: <http://www.umass.edu/landeco/research/fragstats/fragstats.html>. Acesso em: 03 maio 2015.

MACHADO, E. L. M.; OLIVEIRA FILHO, A. T. Spatial patterns of tree community dynamics are detectable in a small (4 ha) and disturbed fragment of the Brazilian Atlantic forest. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 24, n. 1, p. 250-261, 2010.

MAGNAGO, L. F. S. et al. Microclimatic conditions at forest edges have significant impacts on vegetation structure in large Atlantic forest fragments. Biodiversity and Conservation, New York, v. 24, n. 9, p. 2305-2318, 2015.

MANFREDI, S. et al. Dissimilaridade florística e espécies indicadoras de Floresta Ombrófila Mista e ecótonos no Planalto Sul Catarinense. Floresta, Curitiba, v. 45, n. 3, p. 497-506, 2015.

MARCON, A. K. et al. Variação florístico-estrutural em resposta à heterogeneidade ambiental em uma floresta nebular em Ububici, Planalto Catarinense. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 42, n. 103, p. 439-450, 2014.

METZGER, J. P. O que é ecologia de paisagens? Biota Neotropica, Campinas, v. 1, n. 1-2, p. 1-9, 2001.

METZGER, J. P. et al. Time-lag in biological responses to landscape changes in a highly dynamic Atlantic forest region. Biological Conservation, Amsterdam, v. 142, n. 6, p. 1166-1177, 2009.

MURCIA, C. Edge effects in fragmented forests: implications for conservation. Trends in Ecology and Evolution, Cambridge, v. 10, n. 2, p. 58-62, 1995.

NASCIMENTO, H. E. M.; LAURANCE, W. F. Efeitos de área e de borda sobre a estrutura florestal em fragmentos de terra-firme após 13-17 anos de isolamento. Acta Amazonica, Manaus, v. 36, n. 2, p. 183-192, 2006.

NEGRINI, M. et al. Heterogeneidade florístico-estrutural do componente arbóreo em um sistema de fragmentos florestais no Planalto Sul Catarinense. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 38, n. 5, p. 779-786, 2014.

OHMAN, K.; ERIKSSON, L. O. The core area concept in forming contiguous areas form long-term forest planning. Canadian Journal of Forest Research, Ottawa, v. 28, n. 7, p. 1032-1039, 1998.

OKSANEN, J. et al. Vegan: community ecology package. [2015]. Disponível em: <http://cran.r-project.org/package=vegan>. Acesso em: 15 set. 2015.

OLIVEIRA FILHO, A. T. et al. Dinâmica da comunidade e populações arbóreas da borda e interior de um remanescente florestal na Serra da Mantiqueira, Minas Gerais, em um intervalo de cinco anos (1999-2004). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 149-161, 2007.

ORIHUELA, R. L. L. et al. Markedly divergent tree assemblage responses to tropical forest loss and fragmentation across a strong seasonality gradient. PloSone, San Francisco, v. 10, n. 8, p. 1-19, 2015.

PANDOLFO, C. et al. Atlas climatológico do Estado de Santa Catarina. Florianópolis: Epagri, 2002. Disponível em: <http://ciram.epagri.sc.gov.br/atlas_climatologico/> Acesso em: 9 set. 2015.

PSCHEIDT, F. et al. Variações florístico-estruturais da comunidade arbórea associadas à distância da borda em um fragmento florestal no Planalto Sul-Catarinense. Floresta, Curitiba, v. 45, n. 2, p. 421-430, 2015.

R CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. [s. l.]: R Foundation for Statistical Computing, [2015]. Disponível em: <http://www.r-project.org>. Acesso em: 15 set. 2015.

ROSSEEL, Y. Lavaan: an R package for structural equation modeling. Journal of Statistical Software, Los Angeles, v. 48, n. 2, p. 1-26, 2012.

RUSSO, S. E. et al. Interspecific demographic trade‐offs and soil‐related habitat associations of tree species along resource gradients. Journal of Ecology, Hoboken v. 96, n. 1, p. 192-203, 2008.

SALAMI, B. et al. Influência de variáveis ambientais na dinâmica do componente arbóreo em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista em Lages, SC. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 42, n. 102, p. 197-207, 2014.

SATORRA, A.; BENTLER, P. M. A scaled difference chi-square test statistic for moment structure analysis. Psychometrika, New York, v. 66, n. 4, p. 507-514, 2001.

SCHAADT, S. S.; VIBRANS, A. C. O uso da terra no entorno de fragmentos florestais influencia a sua composição e estrutura. Floresta e Ambiente, Seropédica, v. 22, n. 4, p. 437-445, 2015.

SCHAAF, L. B. et al. Alteração na estrutura diamétrica de uma floresta ombrófila mista no período entre 1979 e 2000. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 30, n. 2, p. 283-295, 2006.

SHAFFER, M. L. Minimum population sizes for species conservation. Bioscience, Oxford, v. 31, n. 2, p. 131-134, 1981.

SHEIL, D.; JENNINGS, S.; SAVILL, P. Long-term permanent plot observations of vegetation dynamics in Budongo, a Ugandan rain forest. Journal of Tropical Ecology, Cambridge, v. 16, n. 6, p. 865-882, 2000.

SILVA, A. C. et al. Relações florísticas e fitossociologia de uma Floresta Ombrófila Mista Montana Secundária em Lages, Santa Catarina. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 22, n. 1, p. 193-206, 2012.

SOUZA, K. et al. Estrutura e estratégias de dispersão do componente arbóreo de uma floresta subtropical ao longo de uma topossequência no Alto-Uruguai. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 43, n. 106, p. 321-332, 2015.

STEFFEN, W. et al. The Anthropocene: conceptual and historical perspectives. Philosophical Transactions of the Royal Society of London a Mathematical, Physical and Engineering Sciences, London, v. 369, n. 1938, p. 842-867, 2011.

TABARELLI, M.; MANTOVANI, W.; PERES, C. A. Effects of habitat fragmentation on plant guild structure in the montane Atlantic forest of southeastern Brazil. Biological Conservation, Amsterdam, v. 91, n. 2-3, p. 119-127, 1999.

WANG, Y. et al. Mvabund – an R package for model‐based analysis of multivariate abundance data. Methods in Ecology and Evolution, London, v. 3, n. 3, p. 471-474, 2012.

WRIGHT, S. Correlation and causation. Journal of Agricultural Research, Washington, v. 20, n. 7, p. 557-585, 1921.

WU, J.; LOUCKS, O. L. From balance of nature to hierarchical patch dynamics: a paradigm shift in ecology. Quarterly Review of Biology, Chicago, v. 70, n. 4, p. 439-466, 1995.

YOUNG, A.; BOYLE, T.; BROWN, T. The population genetic consequences of habitat fragmentation for plants. Trends in Ecology and Evolution, Cambridge, v. 11, n. 10, p. 413-418, 1996.

Downloads

Publicado

02-04-2018

Como Citar

Cruz, A. P., Higuchi, P., Silva, A. C. da, Kilca, R. de V., Dallabrida, J. P., Souza, K., Lima, C. L., Soboleski, V. F., Nunes, A. da S., & Loebens, R. (2018). INTER-RELAÇÃO ENTRE PAISAGEM, ORGANIZAÇÃO FLORÍSTICO-ESTRUTURAL E DEMOGRAFIA DO COMPONENTE ARBÓREO EM FLORESTA COM ARAUCÁRIA. Ciência Florestal, 28(1), 67–79. https://doi.org/10.5902/1980509831579

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

<< < 1 2 3 4