Os escritos críticos e políticos em Memória por correspondência (2016), de Emma Reyes
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X63292Palavras-chave:
Processo de subjetivação, Subjetividade, Literatura menor, Poder pastoral, Instituição totalResumo
Memória por correspondência (2016), romance epistolar no qual encontram-se reunidas vinte e três cartas escritas por Emma Reyes (1919-2003), expõe uma tentativa de reconstrução e apresentação de um passado em um registro externo. Mas nos traz, antes de uma narrativa íntima, um retrato de uma sociedade colonizada católica e repartida em classes. Neste sentido, as memórias são, além de uma reconexão com seu processo de subjetivação, repletas de críticas políticas nas quais a narradora não economiza questionamentos e reflexões importantes a respeito do estado e da religião. Tal característica coloca a escrita de Reyes como Literatura Menor. O texto é de denúncia ao modelo de sociedade empregada por modelos tradicionalistas de um poder pastoral e as chamadas Instituições Totais, apresentando os detalhes das normas e das condutas disciplinares os quais foi obrigada a desempenhar durante seu crescimento e constituição de subjetividade, dentro do convento onde viveu a sua infância em sofrimento.
Downloads
Referências
ANTONELLO, D.; GONDAR, J. E quando não há fios lógicos? Cad. Psicanál. - CPRJ, Rio de Janeiro, v. 36, n. 30, p. 89-112, jan./jun. 2014.
ASSMANN, A. Espaços da recordação: formas e transformações da memória cultural. Trad. de Paulo Soethe (Coord.) Campinas: Editora da Unicamp, 2011.
BATALHA, M. C. O que é uma literatura menor? What is minor literature? Revista Cerrados, vol. 22, n. 35, p. 113-134, 2014.
BENELLI, S. J. Vigiar e punir no manicômio, na prisão e no seminário católico. Revista de Psicologia da UNESP, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 51-68, 2002.
BRITES, I. A centralidade de Vigiar e Punir. História da violência nas prisões, na obra de Michel Foucault. Revista Lusófona de Educação, Lisboa, v. 10, n. 10, p. 167-184, 2007.
CANDIOTTO, C. Disciplina e segurança em Michel Foucault: a normalização e a regulação da delinquência. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, vol. 24, n. spe., p. 18-24, 2012.
COSTA, L. B. 58 combates para uma política do texto. São Paulo: Lumme Editor, 2017.
DELEUZE, G. GUATTARI, F. Kafka - Para uma literatura menor. 1. ed. São Paulo: Autêntica Editora, 2003.
FREITAS, A. P. SILVEIRA, C.R. MASCIA, M. A. A. O “ser consigo” ao toque do clarim: educação, processos de subjetivação através das “escritas de si”. Revista Eletrônica de Educação. São Carlos, v. 11, n. 2, p. 578-593, 2017.
FOSTER, Hal. O retorno do real. Trad. Celia Euvaldo. São Paulo: Cosac-Naify, 2014.
GAGNEBIN, J. M. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006.
HENNIGEN, I.; GUARESCHI, N. M. F. A subjetivação na perspectiva dos estudos culturais e foucaultianos. Psicologia da Educação, São Paulo, s/v, n. 23, p. 57-74, dez. 2006.
IONTA, M. Escrita de si como prática de uma literatura menor: cartas de Anita Malfatti a Mário de Andrade. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 19, n. 1, p. 91-101, janeiro-abril/2011.
PRETES, E.; VIANNA, T. Do pastorado ao governo (bio)político dos homens: notas sobre uma genealogia da governamentabilidade. Revista Epos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, jan-jun 2014.
RANCIÉRE, J. Políticas da escrita/ Jacques Ranciére. Trad. Raquel Ramalhete [et al]. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.
REYES, E. Memória por correspondência. Trad. Hildegard Feist. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
TEDESCO, S. As práticas do dizer e os processos de subjetivação. Revista Interação em Psicologia, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p. 357-362, 2006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E EXCLUSIVIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original e não foi submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou na íntegra. Declaro, ainda, que após publicado pela Literatura e Autoritarismo, ele jamais será submetido a outro periódico. Também tenho ciência que a submissão dos originais à Literatura e Autoritarismo implica transferência dos direitos autorais da publicação digital. A não observância desse compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorais (nº 9610, de 19/02/98).