Ficção brasileira censurada nos anos 70
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X75396Palabras clave:
Literatura brasileira, Censura, Ignacio de Loyola Brandão, Érico VeríssimoResumen
A censura intensificou-se no Brasil particularmente entre 1969 e 1978, período de vigência do AI-5. Enquanto a imprensa periódica era submetida à censura prévia, os livros eram alcançados pela censura com base em denúncias e podiam ser condenados, pela aposição de rótulos como “subversivos” ou “atentatórios à moral e aos bons costumes”. Após a condenação, podiam ser vetados para comercialização, apreendidos ou destruídos. A ausência de critérios por parte dos censores acarretou intranqüilidade, desorientação e até autocensura por parte dos escritores. Não faltou, entretanto, quem se expusesse, empregando expressões transgressoras, trazendo à tona a violência e a deterioração das relações humanas e sociais. Uma maneira de contornar o problema, conforme já observaram historiadores e críticos, consistiu na criação de narradores irônicos, responsáveis por textos satíricos ou alegóricos. Dentre esses, destaca-se Zero, de Ignacio de Loyola Brandão, ou “Rebelião dos mortos”, premiado conto de Luiz Fernando Emediato. A ênfase ideológica presente nessas narrativas fatalmente atrairia as denúncias que resultaram, de fato, em sua proibição. Por outro lado, a publicação de Incidente em Antares (1973), de Érico Veríssimo, demonstra que a narrativa alegórica podia alcançar o grande público sem sofrer nenhum cerceamento por parte da censura, possivelmente graças ao renome do autor. Levando em conta que em tais obras sobressaem componentes temáticos relacionados à denúncia e contestação, o presente estudo discute os recursos estilísticos a que os escritores recorreram para distanciar-se da camada denotativa e do mero realismo descritivo ou panfletário, ampliando consideravelmente o leque de leituras para esses textos.
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