O prefácio de Gota d’água: as bases de um projeto cultural de interface entre intelectuais e artistas na ditadura militar brasileira

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5902/1679849X75175

Palabras clave:

Gota D’Água, História intelectual, Arte engajada, Ditadura militar, Prefácio

Resumen

Sob a forma de um ensaio sobre a realidade brasileira de 1975, quando foi escrito, o prefácio do livro Gota D’Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, apresenta-se como um manifesto-projeto que anuncia o que começava a se articular como uma ação coletiva de artistas e intelectuais. O presente artigo analisa os sentidos desse ensaio, em duas direções. Em primeiro lugar, analisa-se a autoria mesma do texto, inclusive no que se refere à autorepresentação dos autores. Além disso, examinam-se as justificativas e as bases teóricopolíticas do projeto teatral ao qual o texto se refere, bem como os argumentos que apresenta para criticar a realidade social vigente naquele momento. A análise dos elementos que compõem este manifesto-projeto permitem identificar o espaço de experiência e o horizonte de expectativas não apenas dos autores de Gota D’Água, como do campo artístico-intelectual brasileiro, que começavam a se (re)articular no contexto da abertura política, visando a construir ações de resistência à ditadura e um novo projeto cultural para o Brasil.

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Biografía del autor/a

Miriam Hermeto, Universidade Federal de Minas Gerais

Bolsista de Pós-Doutorado da FAPEMIG no Programa de Pós-Graduação em História com Doutorado em História pela mesma instituição

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Entrevista concedida a Miriam Hermeto.

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Depoimento escrito:

FARIA, Antônio Augusto Moreira de. Depoimento escrito concedido a Miriam

Hermeto em 22 out. 2010.

Publicado

2012-05-17

Cómo citar

Hermeto, M. (2012). O prefácio de Gota d’água: as bases de um projeto cultural de interface entre intelectuais e artistas na ditadura militar brasileira. Literatura E Autoritarismo, (7), 81–102. https://doi.org/10.5902/1679849X75175