O olhar humanizador de Clarice Lispector ante a arbitrariedade do direito de punir
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X27988Abstract
O trabalho objetiva abordar a relação política e resistente da obra de Clarice Lispector em duas de suas narrativas: Observações sobre o direito de punir (2005), e Mineirinho (1999). Objetivando uma reforma no sistema penitenciário brasileiro, Clarice escreve sobre a necessidade de um dever de punir no intuito de restituir à vida a sua normalidade. Em Mineirinho, a escritora, imersa em um sentimento de compaixão, sente a morte de um bandido assassinado com treze tiros pela polícia carioca, trazendo em si os questionamentos em relação às formas de penalização legitimadas pelo Estado. Este trabalho cerca-se da apreensão de obras cuja significação nos auxilia na compreensão da condição humana, dando-nos suporte para o aprofundamento não apenas de nossas próprias reflexões, mas também do outro. As narrativas analisadas projetam-se no recorte de um contexto social que, embora distanciados por duas décadas, aproximam-se pela mesma percepção: o sentimento de revolta ante as manifestações autoritárias do Estado, aliadas a um dever de justiça e de uma política de recuperação a partir das bases. Essa discussão ganha considerável proporção à medida que aborda os estudos memorialísticos e identitários, identificando, sob a face da mesma autora, o viés social, político e autoritário do Estado. Essas narrativas, que se propõem a um processo de intertextualidade, evocam associações que demonstram a importância dessas relações para analisar e esclarecer os diferentes olhares e os aspectos interrelacionais presentes na obra.Downloads
References
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