Infâncias clandestinas: memórias de filhos e filhas da militância em um curta brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1679849X90652

Palavras-chave:

Audiovisual, Documentário, Ditadura militar, Memória

Resumo

Neste breve ensaio, realizo uma análise fílmica do curta 15 filhos, dirigido por Marta Nehring e Maria Oliveira e lançado em 1996. Trabalho com a hipótese de que, ao revisar um passado recente, filhos e filhas de militantes que lutaram contra a ditadura brasileira fazem uma elaboração que expõe as tensões e os paradoxos de um trabalho de memória coletivo, politizando o mundo dos afetos enquanto expõe suas lembranças pessoais na cena política. A metodologia adotada priorizou o exame dos materiais visuais e sonoros do curta, aproximando as escolhas estéticas a questões éticas e políticas. Ao concluir, aponto que o documentário oferece caminhos para refletir tanto sobre os processos de construção subjetiva a partir do material artístico, como sobre as lutas e disputas atuais em torno do passado.

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Biografia do Autor

Danielle Tega, Universidade Federal de Goiás

Doutorado em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (2015) com doutorado sanduíche na Universidade de Buenos Aires. Professora na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS-UFG) e no Programa de Pós-graduação em Sociologia da mesma instituição (PPGS-UFG). Pesquisadora associada ao Centro Latino-Americano de Estudos em Cultura (CLAEC). Integrante do Grupo Temático Estado Laico (SBPC) e do Grupo de Trabalho Feminismos, Resistencias y Emancipación (CLACSO).

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Publicado

2025-12-17

Como Citar

Tega, D. (2025). Infâncias clandestinas: memórias de filhos e filhas da militância em um curta brasileiro. Literatura E Autoritarismo, (44), e90652. https://doi.org/10.5902/1679849X90652