Escritas esquecidas: sobre Quatro-olhos, de Renato Pompeu, e um lembrete de Kant
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X75170Palavras-chave:
Memória, Esquecimento, Origem, Ditadura militarResumo
Os rastros da memória têm acompanhado o traço da escrita desde suas primeiras manifestações. No entanto, esse mesmo traço é carregado de uma outra força que pode fragmentá-lo, cercá-lo de lacunas ou mesmo levá-lo às margens do impossível: o esquecimento. Não se trata do lado avesso da memória, do seu oposto ou contraparte, mas de algo que, justamente por dotar a memória de vazios, torna-a possível. Na literatura, há escritas carregadas pela força da memória – como os diários, testemunhos, ficções memorialistas e relatos diversos. Cabe perguntar, por outro lado, de que forma se manifestaria uma escrita impulsionada pelo esquecimento. Uma escrita que, impedida de acessar o passado, surge das ausências, dos vazios, dos abismos da memória. Escrita que surge, portanto, da impossibilidade de lembrar. A fim de buscar uma resposta a essa questão, recorremos a duas manifestações dessas escritas do esquecimento: uma anotação que o filósofo Immanuel Kant fez para si mesmo, com o objetivo de lembrar-se de esquecer um criado estimado, e o romance Quatro-olhos, de Renato Pompeu, escrito no período mais mordaz da ditadura militar brasileira.
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Referências
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