Silêncio, destruição, criação

A propósito de 'Infinito silêncio', de Ferreira Gullar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1679849X72374

Palavras-chave:

Ferreira Gullar, Subjetividade, História, Crítica imanente

Resumo

No poema “Infinito silêncio”, de Ferreira Gullar, a política está ausente: não é tema, nem há a ela nenhuma alusão ostensiva. O poema é um mergulho do poeta em sua subjetividade, da qual emerge, como imagem fundamental, o vazio absoluto anterior à organização da elementar matéria. Mergulho que se desdobra num duplo reconhecimento: por um lado, o apagamento de certas possibilidades históricas, o aniquilamento de algumas esperanças; e, por outro, a percepção de que a vitória não foi absoluta ou definitiva. Lido de uma perspectiva adorniana, o relativo abandono do engajamento político, ao invés de recuo, pode ser interpretado como um modo de reação à derrocada de boa parte das possibilidades de superação histórica com que o século XX se debateu. De forma que, ao voltar-se sobre si e sobre a mais absoluta vastidão do cosmo, “Infinito silêncio” encena uma resistência ao atual estado de coisas, expressando negativamente a ideia de harmonia e incorporando as contradições a sua própria estrutura.

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Biografia do Autor

Wilson José Flores Jr., Universidade Federal de Goiás

Doutorado em Letras (Ciência da Literatura) na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Referências

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Publicado

2012-11-15

Como Citar

Flores Jr., W. J. (2012). Silêncio, destruição, criação: A propósito de ’Infinito silêncio’, de Ferreira Gullar. Literatura E Autoritarismo, (12). https://doi.org/10.5902/1679849X72374