Belazarte e Ellis, seu criado pessoal: representação da relação entre classes em meio à modernização conservadora paulistana no conto “Túmulo, túmulo, túmulo”, de Mário de Andrade
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X69669Palavras-chave:
Literatura, Mário de Andrade, Periferia, São Paulo, AmbivalênciaResumo
A representação da periferia de São Paulo nos anos 1920 e, sobretudo, das relações entre as classes sociais na incipiente metrópole é um aspecto central de Os contos de Belazarte, de Mário de Andrade. Nas narrativas, encontra-se a mesma fatalidade dos contos de fada, mas pelo avesso: ao invés de destinados à felicidade, à recompensa e ao restabelecimento da ordem e da justiça, em Belazarte as personagens estão como que fadadas à infelicidade, ao sofrimento e à injustiça. Vista a partir da periferia de São Paulo, a compensação moral desaparece e nenhum conforto é oferecido àquele que sofre. O narrador aponta a injustiça, reconhece-a, incomoda-se com ela, mas, ao mesmo tempo, culpa as personagens, expressando uma consciência problemática e contraditória que oscila entre reconhecer as personagens como vítimas, culpadas ou o que seja. O resultado dessa oscilação é um discurso constitutivamente ambivalente e irônico, às vezes sádico, que se compadece no mesmo movimento em que vê o sofrimento como inexorável, senão como merecido.
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Referências
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