Revolta nas aldeias: o conto popular francês como forma de resistência
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X67788Palavras-chave:
Conto popular, Literatura de resistência, Literatura oralResumo
O artigo analisa e discute o conto popular francês enquanto instrumento de representação literária e de conscientização crítica das camadas sociais populares. Enquanto forma literária cuja origem remete à tradição das formas breves, o conto francês é um objeto muito importante para pensarmos a cultura popular no início da modernidade na Europa. Tais narrativas evidenciam a consciência do povo do campo acerca da dura realidade que os cercava e forneciam estratégias resistir a ela. Em um período em que a fome e a doença assolavam o continente, as histórias que os camponeses contavam serviam não apenas de divertimento, mas levantavam questões latentes à vida nos feudos, as quais, no decorrer do tempo, auxiliariam a formar o espírito crítico dessas populações. Para os franceses, os contos informavam sobre o mundo e forneciam meios para enfrentá-lo. No presente artigo, objetiva-se realizar esta discussão a partir da teorização realizada por Darnton (2014) sobre as histórias que os camponeses contam, tendo em perspectiva o conceito de resistência inerente à narrativa apresentado por Bosi (1996) e a produção de Burke (2010) acerca da descoberta do povo e da cultura oral. Para tanto, serão analisados os contos O pequeno polegar (PERRAULT, 2010), Jean de l’ours (anônimo) e L’enfant perdu (DELAURE, 1956).
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Referências
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TATAR, Maria. Contos de Fadas. Trad. Ma Luíza Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
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- 2022-01-13 (2)
- 2021-12-29 (1)
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