Às margens da reflexão ensaística, o “sujeito insular” que tenta manter-se à tona entre as cicatrizes da História
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X61914Palavras-chave:
Alteridade, Paisagem, Literatura comparada.Resumo
Este trabalho aborda a construção da alteridade por intermédio da paisagem em obras ligadas ao deslocamento geográfico em percursos permeados por contextos de violência e autoritarismo no final do século XX, produzidas por Claudio Magris: Danúbio e Microcosmos. Apoiando-se em estudiosos da literatura de viagem (Monga e Ette), bem como em teóricos como Collot e Jullien, para quem a paisagem é mediadora da diversidade e tradutora da subjetividade, as obras de Magris mostram a imagem de um homem fragmentado ante os revezes da História, e cuja saída corresponde a uma busca pela “dessubjetivação”. Longe de ser um gênero menor, a literatura de viagem mostra-se fundamental para os estudos literários atuais, onde a ação de repensar o si mesmo e saber conviver são recursos capazes de transformar efetivamente um mundo cada vez mais transnacional, onde, como adverte Kristeva, é imperioso que cada indivíduo reconheça o “estrangeiro” que habita em si mesmo.
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