Livre, nasce o livro: reflexões sobre a ficcionalidade da memória da barbárie a partir de Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, de Gonçalo M. Tavares
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X42362Palavras-chave:
Literatura, Barbárie, Memória, Gonçalo M. TavaresResumo
O presente artigo tem o objetivo de articular argumentação teórica sobre memória e ficção a partir de elementos comumente elencados no pós-guerra. O escopo teórico, em linhas gerais, parte da conceituação de catástrofe, para Walter Benjamin; da aporia fundamental sobre a feitura de poesia após Auschwitz, de Theodor Adorno; e da potência do ineditismo como forma de resistência, por Hannah Arendt. Para fim de comprovação da articulação teórica, reconhece-se a memória da barbárie como potência ética e estética nos dias contemporâneos, o que pode ser verificado pelo exemplo literário nesse artigo elegido: o romance Uma menina está perdida no seu século à procura do pai (2015), do autor português Gonçalo M. Tavares.
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