Esta é uma versão desatualizada publicada em 2017-04-10. Leia a versão mais recente.

Alonso e Quixote no paradigma da loucura: a história e a ficção

Autores

  • Elenyr Cavadas Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS
  • Aline Coelho da Silva Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS

DOI:

https://doi.org/10.5902/1679849X26588

Palavras-chave:

Cervantes, Quixote, Loucura, Coexistência

Resumo

Uma paródia às histórias cavalheirescas de sua época (séc. XVII), Don Quijote de La Mancha (1605/1615), de Cervantes, apresenta uma ruptura na representação dos livros de cavalaria. Por mais de quatro séculos, a grandiosa utopia quixotesca vem sendo analisada em suas diferentes peculiaridades. Toda essa riqueza literária possibilita, até hoje, diversas vias de análise e reflexão. Autor, obra, personagens e, principalmente, o tema “loucura” são pontos intrigantes às críticas e análises literárias, às
releituras e intertextualidades. No decorrer dos séculos, a loucura foi conceituada dentre os mais distintos aspectos, entretanto, todos eles tiveram como ponto comum a exclusão social. Visando entender o contexto sob o qual se deu a criação de Cervantes, buscou-se retomar, através dos estudos de Foucault (1997), as diferentes formas com que a sociedade, entre os séculos XV e XVII, concebia e tratava a loucura.
É em meio a esse contexto que Cervantes, no início do século XVII, escreve “Don Quixote de La Mancha”. O romance traz como tema central a loucura das utópicas aventuras de um Cavaleiro andante, herói que surgiu do imaginário literário do nobre fidalgo Alonso que, de pouco dormir e muito ler histórias de cavalaria, perdeu o juízo e personificou a Quixote. Nessa relação, os personagens se entrelaçam e se confundem. Precisar a fronteira entre Alonso e Quixote, ou até mesmo onde ambos se mesclam e interagem em cumplicidade, continua sendo uma tarefa com inúmeras possibilidades de reflexão. Com o intuito de traçar um paralelo entre ficção e realidade sobre a criação literária de Alonso e Quixote, buscou-se ainda investigar o trabalho de Huarte de San Juan, no qual Szirko (1996) afirma ser “notória a influência de Huarte na elaboração do perfil psicológico do fidalgo”. Embasada nessa contextura histórico-social, a presente pesquisa aborda as análises críticas literárias dos autores Auerbach (1946), Bloom (1994), Buxó (2008) e Unamuno (apud Harold Bloom, 1994), sobre as questões que envolvem tanto a loucura como a relação de coexistência entre esses personagens protagonistas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AUERBACH, Erich. “Mimesis”: a representação da realidade na literatura ocidental.A Dulcineia Encantada. São Paulo: Perspectiva, 2011. p. 299-320.

BLOOM, Harold. O cânone ocidental: os livros e a escola do tempo. Cervantes: O Jogo do Mundo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. (p. 128-145).

BUXÓ, José Pascual. La Soledad de Don Quijote. Revista de Estudos Cervantinos, Nº 5, Febreromarzo, 2008. Disponível em: www.estudioscervantinos.org Acesso em: 02/03/13

CERVANTES SAAVEDRA, Miguel. Don Quijote de la Mancha, Edición del IV Centenario. España: Real Academia Española, 2004.

ERASMO, Desidério. 1467-1536. Elogio da Loucura. Porto Alegre: L&PM, 2011.

FOUCAUL, Miguel. História da Loucura na Idade Clássica, 5ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1997.

HUARTE de San Juan. Examen de ingenios para las ciencias. Disponível em: Http://electroneubio.secyt.gov.ar/Juan_Huarte_de_San_Juan_Exa men_de_ingenios. htm Acesso em: 02/03/13.

Downloads

Publicado

2017-04-10

Versões

Como Citar

Cavadas, E., & Silva, A. C. da. (2017). Alonso e Quixote no paradigma da loucura: a história e a ficção. Literatura E Autoritarismo, (19). https://doi.org/10.5902/1679849X26588

Edição

Seção

Artigos