Tempos de crise e locais de catástrofe

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2179378685592

Palavras-chave:

Local de catástrofe, Tempo de crise, Gestão biopolítica da crise, Haiti

Resumo

O presente artigo tem por finalidade ensaiar uma reflexão sobre a aporia imposta pela catástrofe. Para isso, inicialmente, apresenta-se alguns dados de catástrofes a serem tomadas como exemplares: a cheia no Vale do Taquari (RS) e a seca nos rios da bacia amazônica (AM). A seguir, busca-se pensar a questão da catástrofe desde seu índice temporal, e para isso, se recorrerá a duas propostas: de Jean-Pierre Dupuy e de Alain Brossat. Intentou-se outra alternativa, ainda que não exclusiva: a de enfatizar a espacialidade da catástrofe, sem necessariamente perder de vista sua temporalidade, mas de algum modo subordinando-a àquela do espaço, do local da catástrofe, evidenciando como a catástrofe pode ser tomada como questão biopolítica. Por fim, apoiando-se nessa correlação espaço-temporal da catástrofe, e tomando por apoio o terremoto no Haiti em 2010, ensaia-se algum pensamento que busca realocar a relação entre local e global/universal e, assim, subvertendo a lógica biopolítica de sua governamentalidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcos Alexandre Gomes Nalli, Universidade estadual de campinas

Marcos Nalli possui Graduação em Filosofia - Faculdades Associadas Ipiranga (1991), Mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2000), Doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (2003), e Pós-Doutorado no Centre de Recherche Historique ? École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris ? França, com o apoio financeiro da Capes (processo 0606/07-3), na área de Epistemologia, com um projeto sobre as demarcações epistemológicas das nanotecnologias.

Referências

BECK, Ulrich. Sociedade de risco: Rumo a uma outra modernidade. Trad. de Sebastião Nascimento. São Paulo: Editora 34, 2011.

BROSSAT, Alain. L’épreuve du désastre. Le XXe siècle et les camps. Paris : Albin Michel, 1996.

BROSSAT, Alain. La démocratie immunitaire. Paris : La dispute, 2003.

BUCK-MORSS, Susan. Hegel y Haití. Trad. de Fermín Rodriguez. Buenos Aires: Norma, 2005.

CRUZEIRO DO SUL. Vale do Taquari tem a maior enchente em 64 anos. Prefeitura Municipal de Cruzeiro do Sul. in: https://cruzeiro.rs.gov.br/noticia/visualizar/id/3493/?vale-do-taquari-tem-a-maior-enchente-em-64-anos.html; acesso em 03 de outubro de 2023.

DUPUY, Jean-Pierre. Faire comme si le pire était inévitable. in : COCHET, Y., DUPUY, J.-P., GEORGE, S. LATOUCHE, S. Où va le monde ? 2012-2022 : une décennie au devant des catastrophes. Paris : Editions Mille et une nuits, 2022. (edição eletrônica).

DUPUY, Jean-Pierre. Pour un catastrophisme éclairé. Quand l’impossible est certain. Paris : Seuil, 2002.

FOUCAULT, Michel. « Omnes et singulatim »: vers une critique de la raison politique. Dits et Écrits, tome IV. Paris : Gallimard, 1994. p. 134-161.

FOUCAULT, Michel. Histoire de la sexualité, 4 : Les aveux de la chair. Paris : Gallimard, 2018.

FOUCAULT, Michel. Histoire de la sexualité, II : L’usage des plaisirs. Paris : Gallimard, 1984.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade, 2: O uso dos prazeres. Trad. de M. Th. da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1988.

FOUCAULT, Michel. Naissance de la biopolitique. Paris: Gallimard; Seuil, 2004a.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

FOUCAULT, Michel. Sécurité, territoire, population. Paris : Gallimard ; Seuil, 2004b.

FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população. Trad. de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

GUILHERME, Manuela; SOUZA, Lynn M. T. M. (eds.). Glocal languages and critical intercultural awareness: The South answers back. London: Routledge, 2019. DOI: https://doi.org/10.4324/9781351184656

HEIDEGGER, Martin. Essais et conférences. Trad. André Preau. Paris : Gallimard, 1992.

HEIDEGGER, Martin. Gesamtausgabe. I. Abteilung : Veröffentlichte Schriften 1910-1976. Band 7 : Vorträge und Aufsätze. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2000.

LAHENS, Yanick. Falhas. Trad. de Sérgio Duarte. Brasília: FUNAG, 2012.

LIVHOLTS, Mona B. The body politics of glocal social work: essays on the post-anthropocentric condition. London: Rotledge, 2023. DOI: https://doi.org/10.4324/9781003193593

MATOS, Olgária C. F. Introdução. In: HORKHEIMER, Max. Teoria Crítica: uma documentação. Vol. 1. Trad. de Hilde Cohn. São Paulo: Perspectiva; EdUSP, 1990. p. XIII-XXII.

MIGNOLO, Walter. Histórias locais / projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Ed.UFMG, 2003.

NALLI, Marcos. Uma liberdade que se governa. Dorsal. Revista de Estudios Foucaultianos, v. 1, p. 73-92, 2020. Acesso em 24/10/2023. https://doi.org/10.5281/zenodo.3901040.

RIO GRANDE DO SUL. Retomada pós-enchente no Vale do Taquari une órgãos estaduais. Governo apresenta um balanço das ações realizadas. Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Publicado em 04/10/2023. In: https://estado.rs.gov.br/retomada-pos-enchente-no-vale-do-taquari-une-orgaos-estaduais; acesso em 12/10/2023.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço. Técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2006.

SERVIÇO BRASILEIRO DE GEOLOGIA. Rio Negro, Solimões e Amazonas registram novas mínimas históricas. Serviço Brasileiro de Geologia (SBG). Publicado em 19 de outubro de 2023. In: https://www.sgb.gov.br/publique/Noticias/Rios-Negro%2C-Solimoes-e-Amazonas-registram-novas-minimas-historicas-8357.html; acesso em 22/10/2023.

SKINNER, Burrhus F. Ciência e comportamento humano. Trad. de João Carlos Todorov e Rodolfo Azzi. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

TROUILLOT, Michel-Rolph. Silenciando o passado: poder e a produção da história. Trad. de Sebastião Nascimento. Curitiba: Huya, 2016.

Downloads

Publicado

2024-04-12

Como Citar

Nalli, M. A. G. (2024). Tempos de crise e locais de catástrofe. Voluntas: Revista Internacional De Filosofia, 14(2), e85592. https://doi.org/10.5902/2179378685592

Edição

Seção

Dossiê Catástrofe