Contaminação do mundo da vida: que filosofia surge de um espirro?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2179378643943

Palavras-chave:

Neoliberalismo, Diagnóstico de tempo, Crise, Legitimação

Resumo

Que tipo de reflexão a filosofia pode fazer sobre uma pandemia? Em virtude do caráter singular da COVID-19, proponho uma leitura em termos de uma análise funcionalista das crises. Para chegar nisso, faço primeiro uma avaliação mais ampla do que há de comum ao nosso tempo, apresentando-o nos termos de um processo de consolidação e expansão do neoliberalismo como uma “gramática normativa central” para a organização e reprodução dos sistemas de reprodução social e agindo de forma colonizadora sobre os processos de reprodução simbólica da sociedade.  A apresentação do neoliberalismo pretende enfatizar que, antes da pandemia, já vivíamos em crise e que, por isso, seria preciso uma descrição primeira desse “estado de coisas”. Depois, faço uma análise do caráter funcional das sociedades do capitalismo tardio para concluir apontando as perspectivas de aprendizado que a situação de crise permite e como o neoliberalismo impõe uma gramática que contamina esse potencial.

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Biografia do Autor

Eduardo de Borba, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC

Doutorando no programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, com financiamento de pesquisa da CAPES

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Publicado

2020-07-09

Como Citar

Borba, E. de. (2020). Contaminação do mundo da vida: que filosofia surge de um espirro?. Voluntas: Revista Internacional De Filosofia, 11, e37. https://doi.org/10.5902/2179378643943

Edição

Seção

Ed. Especial: Pandemia e Filosofia (Publicação Contínua)