Agências e associações nas redes de agroecologia: práticas e dinâmicas de interação na serra gaúcha e na zona da mata mineira

Auteurs

  • Flávia Charão-Marques Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS
  • Claudia Job Schmitt Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Rio de Janeiro, RJ
  • Daniela Oliveira Prefeitura Municipal de Antonio Prado, RS

DOI :

https://doi.org/10.5902/2236672528128

Mots-clés :

Redes, Agroecologia, Agência, Serra Gaúcha, Zona da Mata

Résumé

O artigo busca explorar, desde uma perspectiva etnográfica, as múltiplas associações que se estabelecem entre práticas, agentes e materialidades na interação com “ideias agroecológicas”, em redes territorialmente referenciadas de promoção da agroecologia, com atuação na Serra Gaúcha e na Zona da Mata Mineira. As “ideias agroecológicas” emergem não como um referencial normativo dotado de coesão, mas como um catalisador de uma multiplicidade de agenciamentos e dinâmicas de interação, aumentando a densidade das redes e gerando efeitos de escala. As reflexões aqui apresentadas são resultado de um esforço relativamente longo e intenso de investigação, em que foram utilizadas diferentes estratégias de pesquisa incluindo observação participante, pesquisa documental e geração de dados relacionais. Observa-se que passadas mais de duas décadas desde a estruturação das primeiras iniciativas locais nos contextos territoriais estudados, é possível identificar importantes mudanças nas redes de associações estabelecidas na Serra Gaúcha e na Zona da Mata de Minas Gerais, com o engajamento de novos atores e intensificação das conexões estabelecidas entre diferentes domínios de rede, emprestando tons diferenciados às interações que se estabelecem no entorno da “agroecologia”. 

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Publiée

2017-07-14

Comment citer

Charão-Marques, F., Schmitt, C. J., & Oliveira, D. (2017). Agências e associações nas redes de agroecologia: práticas e dinâmicas de interação na serra gaúcha e na zona da mata mineira. Século XXI: Revue Des Sciences Sociales, 7(1), 15–42. https://doi.org/10.5902/2236672528128