Renovação política geracional
a dinâmica do poder em Campina Grande
DOI:
https://doi.org/10.5902/2236672590508Palavras-chave:
Sucessão hereditária, renovação política geracional, herança políticaResumo
Nas democracias contemporâneas, em que o sistema político é caracterizado pela competitividade, a transmissão hereditária do poder é um fenômeno paradoxal. Primeiro, porque fica subentendido que as democracias se caracterizam pela rotatividade, alternativa e oxigenação do poder; segundo, que essa oxigenação não deveria ocorrer por meio de processos de renovação na linhagem familiar, através de renovação política geracional, porque induz ao processo de oligarquização política. A renovação política geracional, ao tempo que não oxigena o poder, alimenta a formação de dinastias políticas familiares, potencializando modelos democráticos oligárquicos. É este fenômeno político que se constata neste estudo de caso. Mesmo não havendo transmissão hereditária legal, famílias políticas ocupam posições em diversas instâncias e por várias gerações, em estados e municípios, o que potencializa à construção e reprodução de linhagens familiares, por meio de ações reticulares, muitas delas perfazendo décadas na ocupação de cargos políticos eletivos, como nos casos em questão. Este trabalho objetiva entender como se constrói o processo de sucessão geracional e a transmissão hereditária do poder em um município de médio porte – Campina Grande – na Paraíba. Para tanto, utilizou-se pesquisa bibliográfica pertinente ao tema, além de dados biográficos e genealógicos, encontrados no CPDOC da FGF e em sites diversos.
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