Entre direitos e redução de custos trabalhistas: a reforma trabalhista justificada pelos representantes empresariais

Autores

  • Vinicius Foletto Bevilaqua Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236672537538

Palavras-chave:

Teoria das justificações, Esfera legislativa, Reforma trabalhista, Representantes do setor empresarial, Relações trabalhistas

Resumo

O objetivo do artigo é analisar as justificações dos representantes do setor empresarial brasileiro lançadas à reforma trabalhista de 2017. Para analisar as justificações, o recorte do artigo direciona-se para a esfera legislativa brasileira, especificamente concentrando-se nas audiências públicas realizadas na Câmara dos Deputados. A partir do referencial teórico da teoria das justificações de Boltanski, Chiapello e Thévenot, problematiza-se quais as citésmobilizadas pelos representantes do setor empresarial nos momentos críticos da esfera legislativa com relação à reforma trabalhista? Para a finalidade dessa proposta, a pesquisa se desenvolve com base na análise de documentos, a partir das notas taquigráficas das audiências públicas desdobradas na Câmara dos Deputados. Os registros de uma audiência pública foram analisados. O método de análise é a análise de discurso. Como resultados, identificaram-se que as justificações produzidas pelos representantes do setor empresarial gravitam em torno de discursos políticos como a redução do custo trabalhista, a “flexibilização” de contratos trabalhistas, a autonomia privada coletiva e o afastamento do Estado do processo de negociação coletiva. Conclusivamente, aponta-se que os discursos políticos dos representantes do setor empresarial perpassam, principalmente, a cité mercantil e, secundariamente, a cité industrial, evidenciando que as justificações mobilizadas mascaram interesses particulares dos representantes do setor empresarial.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALMEIDA, M. Análise de dados na pesquisa qualitativa: Desafios ao pensamento criativo. Arxius de Ciêncies Socials, vol. s/i, nº 31, pp. 143-153, 2014.

ANNER, M. Meeting the challenges of industrial restructuring: labor reform and enforcement in Latin America. Latin American Politics and Society, vol. 50, nº 2, pp. 33-65, 2008.

ANTUNES, P.; CARVALHOS, P. A trajetória do sindicalismo: uma análise da história, conceitos e perspectivas sindicais. Campinas: Editora Alínea, 2008.

ARMELINO, M. El proceso político de la reforma laboral em la administración pública argentina (1989-1999). Trabajo y Sociedad, vol. s/i, nº 24, pp. 29-52, 2015.

BOLTANSKI, L.; CHIAPELLO, È. O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

BOLTANSKI, L.; THEVENOT, L. On justification: economies of worth. Princeton: Princeton University Press, 2006.

BURGESS, K. Global pressures, national policies, and labor rights in Latin America. Studies in Comparative International Developent, vol. 45, nº 2, pp. 198-224, 2010.

CARDOSO, A.; LAGE, T. Desenho legal e desempenho real: Brasil. In: BENSUSÁN, G. Instituições trabalhistas na América Latina: desenho legal e desempenho real. Rio de Janeiro: Revan, 2006, pp. 161-224.

CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: Vozes, 1998.

CASTRO, Nadya. A máquina e o equilibrista. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.

CHIAPELLO, È. Reconciling the two principal meanings of the notion of ideology: the example of the concept of the ‘Spirit of Capitalism’. European Journal of Social Theory, vol. 6, nº 2, pp. 155-171, 2003.

COOK, M. Labor reform and dual transitions in Brazil and the Southern Cone. Latin American Politics and Society, vol. 44, nº 1, pp. 1-34, 2002.

COOK, M. Toward flexible industrial relations? Neo-liberalism, democracy, and labor reform in Latin America. Industrial Relations, vol. 37, nº 3, pp. 311-336, 1998.

DINIZ, S. Interações entre os Poderes Executivo e Legislativo no processo decisório: avaliando sucesso e fracasso presidencial. Dados – Revista de Ciências Sociais, vol. 48, nº 1, p. 333-369, 2005.

GALVÃO, A. Neoliberalismo e reforma trabalhista no Brasil. 2003. 406 p. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.

GIBBONS, S. La experiencia neoliberal. Privatización de servicios públicos y reforma laboral en perspectiva neoinstitucionalista, 1989-1996. Temasy debates, vol. 30, nº 19, pp. 87-107, 2015.

GOLDÍN, A. Reforma y contrarreforma laboral em Argentina, crónica simple de um processo pendular. Derecho PUCP, vol. s/i, nº 68, pp. 63-92, 2012.

HAAGH, L. The Emperor’s new clothes: labor reform and social democratization in Chile. Studies in Comparative International Development, vol. 37, nº 1, pp. 86-115, 2002.

IBGE. In: https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/trabalho/17270-pnad-continua.html?=&t=series-historicas, acesso em 26 de junho de 2018.

KAPLAN, D. Job creation and labor reform in Latin America. Journal of Comparative Economics, vol. 37, nº 1, pp. 91-105, 2009.

LOVE, J. Ideias e ideologias econômicas na América Latina, c. 1930-1990. In: BETHELL, L. História da América Latina: América Latina Colonial, vol. 8. São Paulo: EDUSP; Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2011, pp. 161-242.

MARX, K. As lutas de classes na França de 1848 a 1850. São Paulo: Boitempo, 2012.

MAYER, J. The limits of labor legislation reforms: rigidity, growth, and employment in Brazil (1995-2010). Journal of Politics in Latin America, vol. 8, nº 1, pp. 95-127, 2016.

MORRIS, R. Labor reform in the australian merchant marine: na analysis of recente progress. Transportation Journal, vol. 33, nº 44, pp. 43-50, 1994.

MOYA, M. Executivo versus Legislativo: os vetos presidenciais no Brasil (1988-2000). 2005. 170 p. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, Universidade de São Paulo, São Paulo.

OJEDA, A.; GUTIÉRREZ, M. La reforma del mercado de trabajo en España durante la crisis financieira internacional. Derecho PUCP, vol. s/i, nº 68, pp. 93-129, 2012.

ROXBOROUGH, I. A classe trabalhadora urbana e o movimento trabalhista na América Latina após 1930. In: BETHELL, L. História da América Latina: América Latina Colonial, vol. 8. São Paulo: EDUSP, Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2011, pp. 275-353.

PESSANHA, E. ARTUR, K. Direitos trabalhistas e organização dos trabalhadores num contexto de mudanças no mundo do trabalho: efeitos sobre os trabalhadores da saúde. Ciência & Saúde Coletiva, vol. 18, nº 6, pp. 1569-1580, 2013.

PINTO, C. Elementos para uma análise de discurso político. Barbarói (online), vol. s/i, nº 24, pp. 78-109, 2006.

SANTOS, B.; FERREIRA, B. Cidadão. In: JÚNIOR, J. Léxico da história dos conceitos políticos do Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014, pp. 41-58.

SEMPERE, A. Legislación de emergencia y reforma laboral en España (2011-2012). Derecho PUCP, vol. s/i, nº 68, p. 157-192, 2012.

TAYLOR, M. Labor reform and the contradictions of ‘growth with equity’ in postdictatorship Chile. Latin American Perspectives, vol. 31, nº 4, pp. 76-93, 2004.

TOSTES, M.; VILLAVICENCIO, A. Flexibilización del Drecho del Trabajo y sus implicancias sobre las relaciones laborales en el Perú. Derecho PUCP, vol. s/i, nº 68, pp. 355-382, 2012.

WANDERLEY, L. A questão social no contexto da globalização: o caso latino-americano e o caribenho. In: BELFIORE-WANDERLEY, M.; BÓGUS, L.; YAZBEK, M. Desigualdade e a questão social. São Paulo: EDUC, 2013, pp. 61-172

Downloads

Publicado

2019-03-30

Como Citar

Bevilaqua, V. F. (2019). Entre direitos e redução de custos trabalhistas: a reforma trabalhista justificada pelos representantes empresariais. Século XXI – Revista De Ciências Sociais, 8(3), 1051–1084. https://doi.org/10.5902/2236672537538